Nunes prevê aumento: ônibus em SP é o 9º mais caro do país; veja lista
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou que pode reajustar a tarifa de ônibus em 2025, após quatro anos sem aumento - neste intervalo, a inflação acumulada alcançou 32%. O aumento gera comparação com tarifas praticadas em levantamento que leva em conta as capitais brasileiras, em que a capital paulista aparece em 9º lugar.
O que aconteceu
Segundo Nunes, os dados de custo de diesel, mão de obra e inflação serão compilados até o fim do mês para embasar a decisão. A tarifa, congelada em R$ 4,40 desde 2020, acumula perdas diante de uma inflação de 32%. "Não chegaremos sequer a recuperar a inflação, mas o reajuste pode ser inevitável para manter o equilíbrio dos serviços e das demais áreas da gestão", destacou o prefeito
Enquanto São Paulo estuda o reajuste, o preço das passagens já apresenta variações em outras capitais brasileiras. Conforme levantamentos realizados pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e CNT (Confederação Nacional do Transporte), Curitiba, Florianópolis e Porto Velho possuem as tarifas mais elevadas do país, ambas fixadas em R$ 6. Em seguida, Boa Vista aparece com R$ 5,50, enquanto Belo Horizonte teve reajuste recente e passou a cobrar R$ 5,25.
São Paulo aparece em nono lugar no ranking de capitais com a tarifa mais alta. Já no Rio de Janeiro, a tarifa é uma das mais baixas entre as capitais pesquisadas, com R$ 4,30. Veja a lista abaixo:
- Curitiba (PR): R$ 6,00
- Florianópolis (SC): R$ 6,00
- Porto Velho (RO): R$ 6,00
- Boa Vista (RR): R$ 5,50
- Belo Horizonte (MG): R$ 5,25
- Salvador (BA): R$ 5,20
- Cuiabá (MT): R$ 4,95
- Porto Alegre (RS): R$ 4,80
- São Paulo (SP): R$ 4,40
- Rio de Janeiro (RJ): R$ 4,30
Queda na demanda pressiona sistemas de transporte. Dados da NTU mostram que a quantidade de passageiros no Brasil sofreu uma redução de 44% nos últimos 10 anos. A pandemia agravou esse cenário: em São Paulo, o total diário de usuários caiu de 9 milhões em 2019 para 7 milhões em 2024.
Além disso, a CNT destaca que os sistemas de ônibus enfrentam "sustentabilidade financeira comprometida" devido à combinação de aumento de custos com queda de receita tarifária. "O transporte público enfrenta forte pressão para cobrir custos com diesel, mão de obra e manutenção, muitas vezes sem reajustes tarifários compatíveis", avalia a confederação, em levantamento recente.
Subsídios públicos
Segundo a NTU, 30% dos custos dos sistemas de transporte no Brasil são cobertos por subsídios públicos. Especialmente em grandes centros urbanos como São Paulo e Brasília.
Segundo Nunes, o preço da passagem não é totalmente coberto pelo valor da tarifa. A Prefeitura complementa esse valor com um subsídio repassado pelo município para as empresas de ônibus.
A política de tarifa zero vem ganhando destaque em cidades menores. Atualmente, 135 municípios brasileiros adotam o modelo em algumas linhas, dias ou para públicos específicos, como estudantes e idosos. No entanto, em metrópoles como São Paulo - que tem tarifa zero aos domingos - , a implementação total esbarra no desafio financeiro. Um exemplo é a cidade cearense de Caucaia, onde a demanda por ônibus quadruplicou após a tarifa zero, exigindo aumento de frota e custos adicionais.
Em São Paulo, a tarifa zero parcial aos domingos aumentou a demanda em 30%, evidenciando a importância da gratuidade para o acesso da população mais vulnerável, segundo as entidades.
Dados da NTU mostram que a idade média da frota de ônibus no país é de 6 anos e 5 meses, a maior desde o início da série histórica em 1993. Esse envelhecimento afeta diretamente a qualidade do serviço, com impactos na eficiência e no conforto dos passageiros.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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