Acusado de extorsão: quem é delegado preso suspeito de envolvimento com PCC
O delegado Fabio Baena Martin, preso nesta terça-feira (17) durante operação da Polícia Federal e do Ministério Público paulista contra policiais suspeitos de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital), foi uma das autoridades acusadas de corrupção pelo empresário morto Vinícius Gritzbach.
O que se sabe sobre delegado
Operação que prendeu delegado e outros policiais tem como base a delação de Gritzbach. O empresário e delator do PCC foi assassinado a tiros de fuzis por dois homens, em 8 de novembro deste ano, no aeroporto internacional de Guarulhos, oito dias após ter denunciado por corrupção os policiais à Corregedoria da Polícia Civil.
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Baena atuava no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa e foi acusado de extorsão. Conforme apuração do colunista do UOL Josmar Jozino, Gritzbach delatou que, quando atuavam no DHPP, o delegado e o investigador Eduardo Lopes Monteiro exigiram dele R$ 40 milhões para tirar seu nome de um inquérito ao qual era investigado por envolvimento em um duplo assassinato.
Delegado era um dos responsáveis por investigação sobre mortes de dois integrantes do PCC. Gritzbach havia sido acusado de ser o mandante dos assassinatos de Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante até então influente na facção, e do comparsa Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, 33, motorista dele, executados a tiros em 27 de dezembro de 2021, no Tatuapé, zona leste.
Segundo delator, Baena e Monteiro chegaram a receber R$ 1 milhão em propina na ocasião. O dinheiro teria sido entregue por César Trujillo, dono de uma loja de carros no Jardim Anália Franco, zona leste. O empresário afirmou que os dois policiais foram pessoalmente ao restaurante Sonora receber o dinheiro para entregar ao delegado e ao investigador.
Gritzbach também revelou à corregedoria que após mortes de integrantes do PCC, ele foi sequestrado por membros do "tribunal do crime" da facção e levado para um cativeiro. O sequestro, segundo o empresário, também foi investigado pelo DHPP, mas o caso acabou arquivado porque pessoas ligadas à facção teriam pago R$ 10 milhões — metade ao delegado e, a outra, ao investigador — para não serem presos.
Delegado e policiais investigados tiveram prisão temporária decretada. Segundo promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), a operação desta terça, denominada Tacitus, cumpriu mandados de prisão, busca e apreensão em endereços relacionados a cinco policiais civis, incluindo Baena, e outras três pessoas, além de medidas cautelares autorizadas pela Justiça, como o bloqueio de contas e o sequestro de bens dos acusados.
O que diz a defesa do delegado
Advogados de Baena e Monteiro chamaram prisões de "arbitrariedade flagrante". Em nota, Daniel Bialski e Bruno Borragine esclarecem que "ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações".
Defesa também denuncia que delegado não teve direito a contatar advogados após a prisão. Isso, segundo eles, "somente reforça a ilegalidade denunciada". A nota da defesa diz ainda que os advogados estão "tomando todas as medidas para fazer cessar, imediatamente, a coação espúria constatada".