Justiça decide manter prisão de suspeita de envenenar bolo no RS

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou nesta segunda-feira (6) que a mulher suspeita de envenenar um bolo que matou três pessoas da mesma família em Torres (RS) continue presa.

O que aconteceu

Justiça manteve a prisão temporária dela. A validade é de 30 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período.

Suspeita passou por audiência de custódia na tarde desta segunda. Ela foi presa na noite de ontem e, após audiência, retornou ao Presídio Feminino de Torres, onde seguirá presa.

Identidade da suspeita não foi divulgada pela Polícia Civil. De acordo com reportagem do jornal gaúcho Zero Hora, a mulher é Deise Moura dos Anjos e era nora de Zeli dos Anjos, 61, que havia preparado o bolo e está internada desde o dia 24 de dezembro.

Mais cedo, a defesa da suspeita disse que se manifestará em "momento oportuno". Em nota, os advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela Souza divulgaram apenas que prestaram "atendimento em parlatório" a Deise dos Anjos e que não tiveram "acesso integral à investigação em andamento". O texto será atualizado no caso de futuras manifestações.

Divergências familiares antigas teriam motivado o crime

Família tinha convivência harmoniosa, mas com divergências causada por uma familiar, afirmou delegado. "Esta é uma investigação difícil pelo fato de a família ter, segundo os depoimentos coletados, uma convivência muito harmoniosa, (...) mas com divergências causadas basicamente por uma única pessoa", afirmou o delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, em coletiva de imprensa nesta segunda.

"Divergências teriam ocorrido há cerca de 20 anos e eram muito pequenas", seguiu o delegado. Segundo Veloso, as informações foram obtidas por meio de relatos de familiares das vítimas coletados pelos investigadores.

Detalhes do inquérito "ainda não podem ser expostos", informou chefe de Segurança Pública. "Alguns detalhes não podem ser expostos, mas temos fundadas razões que indicam que a suspeita é de fato autora do envenenamento", informou o secretário gaúcho Sandro Caron na mesma coletiva.

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    Familiares morreram, de fato, envenenadas. Foram encontradas "concentrações altíssimas de arsênio" no sangue das vítimas e no bolo consumido por elas, e "não há chances de que a causa da morte tenha sido por contaminação natural", conforme afirmou Marguet Mittmann, diretora do Instituto-Geral de Perícias.

    Relembre o caso

    Quatro mulheres e uma criança de dez anos procuraram assistência médica depois de comer um bolo. Os pacientes deram entrada na noite do dia 23 no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.

    Duas delas morreram ainda na madrugada do dia 24, e uma terceira morreu na noite do mesmo dia. Elas tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. A quarta adulta permanece na UTI e a criança está na sala vermelha —também dedicada a pacientes em estado crítico.

    As vítimas foram identificadas como Maida Berenice Flores da Silva, 58 anos, Tatiana Denize Silva dos Santos, 43 anos, e Neuza Denize Silva dos Anjos, 65. Os nomes foram confirmados ao UOL pelo delegado da Polícia Civil de Torres. Maida e Neuza eram irmãs. Tatiana era sobrinha e filha das duas, respectivamente.

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    O marido de Maida também comeu o bolo e foi ao hospital, mas já teve alta. Eles estavam reunidos para um café da tarde quando começaram a se sentir mal.

    A mulher que preparou o bolo também foi hospitalizada, mas buscas foram feitas em sua casa. Nela, investigadores encontraram vários produtos fora da data de validade.

    O ex-marido da responsável pela preparação do bolo havia morrido em setembro. Após a nova situação familiar, a polícia vai pedir a exumação do corpo para investigar as causas da morte, segundo o delegado titular de Torres, Marcos Veloso.

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