Jovem atingido por PM com tiro à queima-roupa em SP recebe alta médica
O jovem de 24 anos atingido por um policial militar com um tiro à queima-roupa após gravar uma abordagem dos agentes na madrugada do Natal na cidade de São Paulo recebeu alta médica na última sexta-feira (3). Os quatro PMs envolvidos na ocorrência seguem afastados das atividades nas ruas, informou hoje (6) a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo).
O que aconteceu
Jovem, que não teve a identidade revelada, ficou internado por nove dias. A alta médica foi confirmada hoje ao UOL pela Prefeitura de Osasco, responsável pelo Hospital Municipal Antônio Giglio, onde o rapaz recebeu atendimento médico após ser atingido nas costas.
Vítima chegou a ficar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Após ser atingido pelo policial militar, o jovem foi levado por familiares ao pronto-socorro do Jardim d'Abril, na zona oeste de São Paulo, onde recebeu os primeiros atendimentos.
Depois, o rapaz foi transferido ao Hospital Municipal Antônio Giglio. A reportagem questionou se o paciente teve alguma sequela em razão do disparo, mas a prefeitura não respondeu.
Relembre o caso
Câmeras de segurança registraram a ação. As imagens, divulgadas inicialmente pela TV Globo e obtidas pelo UOL, mostram uma viatura na rua Eusébio de Paula Marcondes, no bairro Jardim d'Abril, na zona oeste da capital paulista, no dia 25. Dois agentes descem da viatura e aparentam discutir com populares. Um dos policiais chega a atingir uma pessoa com golpes do que seria um cassetete.
Segunda viatura aparece nas imagens e a discussão aumenta. Um jovem começa a gravar a ação, quando um dos agentes, com o que aparenta ser um cassetete nas mãos, avança contra ele e tenta puxá-lo pela blusa. Então, eles saem do campo de registro da câmera. Uma mulher tenta apartar a confusão.
Outro agente vê a situação, corre e dispara contra o rapaz que gravava. Um homem aparenta pedir calma aos policiais, enquanto um deles golpeia outro com o suposto cassetete.
Populares seguram o rapaz baleado para socorrê-lo enquanto outros conversam com os policiais envolvidos na ocorrência. Nenhum momento do vídeo mostra algum dos PMs tentando ajudar no socorro. Este foi mais um episódio na escalada da violência por policiais militares no estado desde novembro.
SSP-SP informou que a polícia foi acionada para liberar uma via. Em nota, eles afirmaram que a rua havia sido bloqueada por moradores "quando houve uma confusão generalizada". O caso foi registrado no 89ºDP (Jardim Taboão).
Pasta mudou versão inicial. No dia 26, por volta das 8h (horário de Brasília), a secretaria enviou nota à reportagem afirmando que o jovem baleado "tentou tirar a arma de um policial", quando outro agente "interveio" e disparou. Pelas imagens veiculadas, não é possível verificar essa suposta tentativa de pegar o armamento. Já no início da tarde do mesmo dia, a secretaria atualizou o texto e afirmou que o "homem [baleado] agrediu um policial" e o colega "interveio", não citando a suposta tentativa do rapaz em retirar o armamento do agente.
Na ocasião, a PM afastou os quatro agentes envolvidos na ocorrência. Os nomes dos agentes afastados não foram divulgados.
Corporação também instaurou um Inquérito Policial Militar para investigar a ocorrência. O caso será apurado "rigorosamente", segundo a pasta, e as imagens registradas pelas câmeras corporais dos agentes também serão anexadas ao inquérito. "Desvios de conduta não são tolerados pela corporação e todas as medidas cabíveis serão tomadas", informou a SSP-SP.
Como os nomes dos agentes não foram divulgados pelas autoridades, a reportagem não conseguiu encontrar as defesas deles para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
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