Datena diz que desistiu de concorrer na eleição para atender pedido da Band
Do UOL, em São Paulo
11/08/2020 16h14Atualizada em 11/08/2020 16h30
O apresentador José Luiz Datena falou hoje sobre a decisão de não ser candidato nas eleições deste ano. Logo no início do programa "Brasil Urgente", da Band, o jornalista disse que quase escolheu a política, mas decidiu permanecer após um pedido da emissora. Segundo ele, a ideia para 2020 era concorrer a prefeito pelo MDB ou ser vice na campanha de Bruno Covas (PSDB).
Os rumores de que o apresentador seria candidato aumentaram na manhã de hoje, quando ele não comandou o "Manhã Bandeirantes", da rádio Bandeirantes. De acordo com a lei nacional, programas apresentados ou comentados por candidatos não podem ir ao ar a partir de hoje.
"[Eu não fiz a rádio] porque estava decidindo o que iria fazer da vida. Eu resolvi fazer o que a Band me pediu para fazer com maior prazer e carinho depois de quase 30 anos de casa, depois dessa última passagem de 20 anos, desde a equipe do Luciano do Valle. E eu tinha que escolher entre os políticos e o Jhonny Saad e a família Saad e a casa e eu escolhi a casa. Eu preferi a história da Bandeirantes", disse.
Apesar de ficar na TV, o Datena deu a entender que vai se dedicar à carreira política nas próximas eleições.
"Mas eu fiquei muito chateado, pois gostaria de entrar na política, na próxima eu vou mesmo e vou sair da Bandeirantes e vou para a política, mas aí vou ter que deixar a televisão", afirmou o apresentador. "Eu já estava decidido, já tinha conversado com o Jhonny, com o pessoal da casa. Eu já estava decidido, já estava tudo definido. Mas com essa pandemia a situação ficou pior ainda. A Bandeirantes precisa de seus apresentadores mais experientes para mesclar com essa molecada nova que está aí. Quando o Jhonny reafirmou isso, eu resolvi ficar."
No MDB, Datena é visto como uma figura mais talhada para o Senado do que para ser vice-prefeito. Ele também disse que o partido ofereceu a vaga para ele concorrer a governador, mas que realmente prefere o Senado.
"Eu tinha vontade mesmo de ir para a política, mas agora está difícil. [Ir para governador] é uma das propostas do partido, mas eu não faria isso. Acho que o senado seria melhor. É mais fácil o cara ser governador do que prefeito de São Paulo. São Paulo é uma cidade muito grande e o cara tem que ser zelador da cidade. Mas você imagine a dificuldade do prefeito que ganhar, eu acho que o Bruno vai ganhar, o prefeito que ganhar vai ter uma dificuldade enorme porque vamos estar no pós-pandemia", disse.
Alívio no PSDB
Entre os tucanos, a possibilidade de Datena ser vice era vista de maneira positiva e negativa.
Com o jornalista e sua popularidade, o PSDB acreditava que a chapa de Covas teria possibilidade de vencer o pleito já no primeiro turno, como aconteceu com Doria em 2016. O ex-prefeito foi o primeiro candidato a ter mais de 50% dos votos em um primeiro turno em uma eleição paulistana desde a redemocratização.
Mas, para o governo, Datena também era visto como um potencial "vice explosivo", que poderia renunciar ao cargo a qualquer momento. O próprio jornalista chegou a apontar essa possibilidade em entrevista à apresentadora Cátia Fonseca na rádio Bandeirantes em 1º de agosto.
"Se eu entrar na política e ver que eu não tenho condição nenhuma de realizar qualquer coisa, eu dou uma bica nos caras e saio da política", disse Datena na ocasião. "Só que eu saio atirando: 'ó, aquele cara não me deixou trabalhar', 'aquele lá é ladrão', 'aquele outro não vale nada'".
Quem será o vice de Covas?
Mesmo sem Datena, o MDB pretende continuar pleiteando a vaga. Mas, segundo fontes do PSDB, agora os partidos aliados podem indicar seus nomes. Os tucanos, porém, não descartam uma "chapa pura", com dois filiados do PSDB, assim como aconteceu em 2016 com Covas e o atual governador paulista, João Doria (PSDB).
Ontem, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Patrícia Ellen, negou que pretende ser vice na chapa de Covas.
Antes de decidir quem ocupará a posição de vice, o PSDB quer focar em fechar seu arco de alianças, que hoje já conta com oito partidos. Além do MDB, vão se coligar com os tucanos o Progressistas, o Podemos, o PSC, o Partido Liberal, o Cidadania, o Democratas e o PROS.
Outros três partidos com conversas com o PSDB são Avante, PSD e Solidariedade. Estes dois últimos, porém, devem ter, respectivamente, Andrea Matarazzo (PSD) e Marta Suplicy (Solidariedade) como adversários de Covas. E o Avante está mais perto de uma aliança com a candidatura de Márcio França (PSB).
Novo recuo de Datena
Esta não é a primeira vez que Datena muda de ideia sobre entrar na política. Nesta eleição mesmo ele já havia deixado de lado a disputa em uma primeira oportunidade.
Antes da mudança do calendário eleitoral em razão da pandemia do novo coronavírus, a data para quem pensa em ser candidato deixar a televisão e o rádio era 30 de junho. Ele apresentou seus programas nessa data.
Nas últimas duas eleições, Datena também desistiu de disputar uma cadeira no Senado e a própria Prefeitura de São Paulo.
Em 2018, ele chegou a deixar seus programas para ser pré-candidato do Democratas ao Senado, mas voltou ao rádio e à televisão dias depois.
Em 2016, Datena cogitou a possibilidade de ser prefeito pelo Progressistas, mas recuou em janeiro daquele ano usando como justifica denúncias contra o partido na Operação Lava Jato. Políticos do MDB e do Democratas também são alvo da operação.