'Eu dizia a Crivella que governo não tinha rumo', diz Clarissa Garotinho
Do UOL, no Rio
26/10/2020 16h03
Clarissa Garotinho (Pros), candidata à Prefeitura do Rio, fez duras críticas ao governo de Marcelo Crivella (Republicanos), da qual foi secretária por um ano e quatro meses. Para ela, Crivella é "um homem religioso, um homem bom", mas sem capacidade de gestão. A deputada federal disse que o prefeito não é afeito a críticas e que "gostava de ficar cercado dos puxa-sacos".
"Eu era a única secretária que nas reuniões do secretariado tinha coragem de dizer para o prefeito que o governo não tinha rumo", disse ela na primeira sabatina da série com candidatos do Rio promovida pelo UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo. Clarissa relacionou a alta rejeição ao seu nome —o segundo mais alto índice segundo o Datafolha (31% dizem que não votariam em Clarissa de jeito nenhum)— a um "preconceito causado pelo desconhecimento" após a prisão de seus pais, os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus.
"Quero ser julgada pela minha própria história, ninguém está julgado aqui os familiares dos outros candidatos", afirmou ela.
Segundo a candidata, Garotinho e Rosinha foram "muito corajosos ao enfrentar a maior máfia que comandou a política do estado do Rio de Janeiro, a máfia de Sérgio Cabral". "E [eles] sofreram as consequências. Os meus pais foram injustiçados, humilhados e espero que, algum dia, a gente tenha a oportunidade de corrigir essa história porque isso nos trouxe muito sofrimento", disse.
Sobre a baixa intenção de votos (1% segundo a última pesquisa Datafolha), Clarissa citou o cancelamento dos debates na TV em razão da pandemia do novo coronavírus e o fato de ter ficado afastada da campanha por ter contraído covid-19.
Ela disse que não se arrepende de ter sido secretária de Desenvolvimento, Emprego e Inovação de Crivella, mas definiu a gestão como "um dos piores governos da história do Rio de Janeiro".
"A partir do momento que eu percebi que eu estava num governo que o que eu dizia não era levado em consideração, um governo em que o prefeito não queria ouvir a verdade, ele gostava de ficar cercado dos puxa-sacos, então eu percebi que não tinha mais por que continuar ali."
Críticas a Eduardo Paes e Marta Rocha
Clarissa não poupou o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e Martha Rocha (PDT), também candidatos à prefeitura.
"Ninguém está questionando, por exemplo, os US$ 8 milhões depositados na conta dos pais de Eduardo Paes", disse. "Agora, eu sou réu por corrupção? Não. O Eduardo Paes é. Eu tive conta bloqueada por corrupção? Não. O Eduardo teve."
Clarissa também atacou Martha Rocha, ex-chefe de Polícia Civil durante o governo de Sérgio Cabral (MDB).
"[Martha Rocha] Tá dizendo agora que vai abrir a caixa preta, que vai enfrentar as máfias. Não enfrentou quando era chefe da Polícia Civil. Não viu que a maior máfia do estado tava ali, sendo comandada pelo chefe dela, de baixo do nariz dela, no Palácio Guanabara. As milícias cresceram 300% no governo Cabral no Rio de Janeiro."