Após derrotas, veteranos tentam "recomeço" na Câmara dos Vereadores do Rio
Nomes consagrados da política nacional tentam uma vaga na Câmara do Rio de Janeiro após derrotas nas eleições passadas. Eles falam em "recomeço" e até admitem que se trata de uma "escala" antes de tentar um retorno a Brasília.
O ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), o ex-senador Lindbergh Farias (PT) e o ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL) são os principais nomes desse cenário na capital fluminense. Experientes e com eleitores fiéis, os veteranos servem como "puxadores de votos" para suas legendas.
Cesar Maia: 'Candidatura ao Senado foi decisão do partido'
Embora se diga confortável no cargo, as movimentações políticas de Cesar Maia —que tenta a sua terceira eleição consecutiva para vereador— indicam o sonho de voos mais altos.
Ele se candidatou duas vezes ao Senado e só se manteve na Câmara por causa das derrotas em 2014 e 2018.
"A integração com a cidade me levou naturalmente a decidir ser candidato a vereador. Como já fui prefeito três vezes, isso facilitou demais o exercício de meus mandatos como vereador", diz ele.
Questionado se deixaria o posto para ocupar outra cadeira em Brasília, o pai de Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara, desconversa. "Minha candidatura ao Senado foi decisão do partido. Por mim me mantenho como vereador se o eleitor assim desejar."
O DEM —partido pelo qual Eduardo Paes disputa a prefeitura— já repassou R$ 800 mil para sua candidatura, conforme prestação de contas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). De Cesar Maia, o partido espera votação similar à de 2016, quando obteve 71 mil votos.
Chico Alencar: 'Nem humilhação nem humildade'
Ex-adversário de Cesar Maia na disputa pela Prefeitura do Rio, Chico Alencar tenta voltar à política através da Câmara dos Vereadores.
Ele também tentou uma vaga ao Senado em 2018, mas acabou derrotado por Flávio Bolsonaro (na época no PSL, hoje no Republicanos) e Arolde de Oliveira (PSD) —morto nesta semana—, que se elegeram embalados pelo fenômeno do bolsonarismo.
"Um amigo perguntou se eu seria candidato a vereador depois de ter sido deputado federal. Disse que era muita humilhação. Alguns dias depois, outro fez a mesma pergunta e disse que era muita humildade da minha parte. Não acho que seja nem uma coisa nem outra. É uma missão política em um momento de retrocesso na nossa história", diz.
No PSOL, trabalha-se com a estimativa de que Chico possa trazer algo em torno de 100 mil votos. Nome antigo na política, ele atrairia o eleitorado mais velho, enquanto o seu correligionário Tarcísio Motta teria maior apelo entre os jovens.
Chico diz que não pretende se candidatar a outro cargo ao longo do mandato.
"Enfrento [a eleição para a Câmara] como novo desafio, como uma reaproximação da política institucional. Ninguém é mais próximo do eleitor do que o vereador. Eu retomei a minha vida acadêmica recentemente, faço doutorado, concilio com a minha campanha. Foram 16 anos fazendo ida e volta em Brasília, já chega", completa.
Lindbergh Farias: 'Barulho' com candidatura
Lindbergh Farias (PT) concorre à Câmara do Rio sub judice após a Justiça ter vetado sua candidatura por supostas irregularidades em anos anteriores.
Ele mantém firme a opinião de que o PT e o PSOL deveriam retirar suas candidaturas no Rio e em São Paulo para compor uma frente única da esquerda ainda no primeiro turno.
A fala dele ao portal Brasil 247 gerou crise interna no partido, já que Lindbergh defende que Renata Souza (PSOL) desista da eleição no Rio, apostando na migração automática de votos para Benedita da Silva (PT), enquanto Jilmar Tatto (PT) poderia retirar a sua candidatura em São Paulo e declarar apoio a Guilherme Boulos (PSOL).
"No Sudeste, o bolsonarismo é forte junto ao povo. Na reta final de campanha, acho que as direções dos partidos precisam conversar. Precisamos olhar para 2022. Sigo defendendo essa tese", afirma.
Em relação à candidatura para a Câmara dos Vereadores, o ex-senador e ex-prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, não faz o chamado "jogo de cena" e diz que a eleição pode ser, sim, uma breve escala antes de tentar voos maiores.
"Eu acho que primeiro precisamos fazer um debate de mais nível, pensando em 2022. Eu estou muito aberto, muito animado [com a possibilidade de ser vereador]. Mas, nós conhecemos a importância da eleição presidencial e não tenho isso definido [se será candidato a outro cargo daqui a dois anos]. Não acho que isso seja problema, ninguém cobra que eu fique quatro anos na Câmara. A minha maior tarefa é contribuir, independente do cargo ocupado", conclui.
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