"Parece que a gente não consegue avançar", diz Manuela sobre fake news
Hygino Vasconcellos
Colaboração para o UOL, em Porto Alegre
02/12/2020 20h08
Manuela D'Ávila (PCdoB), que concorreu à Prefeitura de Porto Alegre, reclamou das fake news na noite de hoje em live com Guilherme Boulos (PSOL), que disputou o Executivo municipal de São Paulo. Ambos foram derrotados em segundo turno e tiveram de enfrentar esse tipo de ataque.
Manuela falou sobre uma falsa pesquisa de intenção de votos em Porto Alegre, divulgada inclusive pelo site da Band.
"Aqui, com a crise, muita gente deixou de ter internet. Então sabe o que fizeram? É engraçado, mas é triste. Eles fizeram as fake news circular nos caminhões de som. Então tu não tem ideia da minha cara, quando eu própria estou andando de carro e passo por um caminhão de som dizendo que, se eu for prefeita, vai ter carne de cachorro em Porto Alegre legalizada. Imagina, os caminhões de som todos dizendo isso", disse Manuela.
"E, claro, as coisas tradicionais: de derrubar as igrejas, que a gente iria transformar todos os banheiros em unissex. Parece que a gente não consegue avançar em como enfrentar o tema das fake news", complementou a política.
Boulos disse que, no caso dele, as fake news vinham no primeiro turno do "gabinete do ódio", em referência ao presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e ao candidato apoiado por ele à prefeitura, Celso Russomanno (Republicanos).
"O Russomanno levou para a televisão, para as inserções dele na televisão, todo dia me chamando de invasor, chegou a dizer que eu cobrava aluguel de ocupações do centro, tanto é que eu tive no primeiro turno mais tempo de TV, de direito de resposta que eu ganhei do Russomanno, do que o meu tempo de TV, que era de 17 segundos. Muito mais, eu ganhei uns 5, 6 minutos de direito de resposta na Justiça Eleitoral pelas mentiras que ele jogou", afirmou.
"Eles inventaram que minha campanha tinha empresas fantasmas e subiram um hashtag no Twitter de laranjal do Boulos, era uma mentira deslavada. Não surtiu efeito. Eu tive o dobro de votos do Russomanno", observou Boulos.
No começo da live, Boulos manifestou o desejo de vencer as eleições e destacou a participação da juventude na corrida eleitoral. "Nós fomos para ganhar, nossas campanhas disputaram para valer o poder das nossas cidades. Ainda que não seja desta vez, que a gente não consiga ganhar esta eleição, a gente ganhou o projeto de uma geração, acho que isso vale mais que tudo", disse.
Segundo Boulos, parte desses jovens estavam divididos entre ser contra a política ou apoiar Bolsonaro. "Uma parte desses jovens que, talvez, há dois anos estavam seduzidos com a ideia da antipolítica, do Bolsonaro, do mito, fazia arminha com a mão. Eu vi esses jovens aqui em São Paulo com o olho brilhando, pensando em cidade, projeto, futuro, indo no comitê, pegando material", complementou o psolista.
"Essa geração tem isso mais presente que a nossa tinha, a ideia de que quer mudar o mundo, mas que quer ver a mudança acontecer na sua cidade. Mas eu sinto isso, na geração de 18, 19 anos de agora. Eles querem mudar hoje", destacou Manuela.
A política acrescentou que, em ambos os casos, a esquerda não estava unida no primeiro turno, o que só mudou no segundo turno.
Amanhã, Manuela será entrevistada pelo UOL, com transmissão ao vivo.