Pela 3ª vez, Manuela D'Ávila perde, em campanha minada por fake news
A jornalista Manuela D'Ávila (PCdoB), 39, foi derrotada hoje nas urnas pelo adversário Sebastião Melo (MDB), 62, no segundo turno das eleições municipais de Porto Alegre. Foi a terceira tentativa da ex-deputada de comandar a Prefeitura de Porto Alegre. Desde 2018, quando concorreu ao cargo de vice-presidente da República ao lado de Fernando Haddad (PT), Manuela estava sem mandato.
No sábado (28), a candidata chegou a aparecer à frente em pesquisa Ibope, ainda assim tecnicamente empatada com Melo.
A campanha de Manuela foi marcada por uma série de fake news, contra as quais ela ingressou na Justiça Eleitoral. No primeiro turno, ela conseguiu retirar 91 links com mentiras sobre si.
Entre as postagens, há uma que chega a relacionar falsamente D'Ávila ao autor da facada contra Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018, Adélio Bispo de Oliveira. Já no segundo turno, Manuela conseguiu derrubar mais de 70 mil compartilhamentos de notícias falsas publicadas no Facebook e Twitter, de 59 links de postagens.
Em pronunciamento, ela salientou que enfrentou uma "campanha muito difícil" e uma das eleições "mais baixas da história".
Também disse que "falar a verdade vale a pena" e agradeceu a família. "Não é fácil fazer escolhas no Brasil, mas fica mais fácil quando se tem amor do lado."
O primeiro dos fatores a explicar a queda de Manuela é a aliança feita com o PT, que aceitou abrir mão da cabeça de chapa —algo que nunca havia ocorrido— para colocar Miguel Rossetto (PT) de vice. Com histórico de bom desempenho na capital gaúcha (elegeu por quatro vezes o prefeito) e no Rio Grande do Sul (foi governo por duas vezes), a sigla passou a ter alta rejeição desde o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.
O alinhamento com o PT acabou ruindo uma aliança com outros partidos de esquerda já no primeiro turno, com o PSOL de Fernanda Melchionna e o PDT de Juliana Brizola —ambas também disputaram neste ano as eleições em Porto Alegre. Apesar do apoio dessas legendas na reta final, Manuela não conseguiu votos suficientes para vencer.
Outro motivo seria a falta de apoio entre evangélicos. Pesquisas de primeiro turno já indicavam que Manuela não tinha tanto suporte desta parcela da população.
Este, segundo os números, era o domínio de José Fortunati (PTB), que deixou a corrida eleitoral após a impugnação da candidatura do seu vice, registrado após o prazo legal. Com a saída dele da disputa, Melo acabou "herdando" os votos desta faixa do eleitorado.
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