MPF abre inquérito para apurar uso político de 7 de setembro por Bolsonaro
O MPF (Ministério Público Federal) abriu um inquérito civil para apurar o possível uso político das celebrações de 7 de setembro no Rio de Janeiro pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros candidatos nas próximas eleições.
Os procuradores da República da PRDC-RJ (Procuradoria Regional dos Direitos dos Cidadão do Rio de Janeiro) apontam a transferência das comemorações do Centro do Rio para a orla de Copacabana como um dos indícios de irregularidades. A proximidade entre o local do ato cívico e os trios elétricos de atos políticos e a presença de candidatos no palanque montado para que as autoridades acompanhassem as apresentações de bandas militares, paraquedistas e da Esquadrilha da Fumaça também são mencionados pelo MPF.
A PRDC-RJ já havia alertado as Forças Armadas e o Ministério da Defesa sobre os riscos de mistura entre o evento cívico e atos eleitorais e considerou as respostas dadas pelos militares insuficientes.
Como medidas iniciais na investigação, os procuradores solicitaram ao Ministério da Defesa e aos comandos locais todos os gastos realizados na organização do evento, incluindo diárias e passagens do pessoal empregado. Eles também solicitaram à prefeitura e ao governo do estado do Rio de Janeiro uma estimativa dos gastos que tiveram no apoio material ao evento —que incluem o esquema de segurança, organização de trânsito e limpeza.
Ontem, Bolsonaro e diversos candidatos acompanharam as apresentações das Forças Armadas em um palanque montado perto do Forte de Copacabana. Ao lado, diversos carros de som e trios elétricos —alguns deles contratados por candidatos— realizavam atos de campanha.
Bolsonaro discursou no trio do pastor Silas Malafaia, localizado na altura da rua Souza Lima, a aproximadamente 500 m da estrutura do desfile.
Ainda no evento oficial, Bolsonaro desceu do palanque e cumprimentou eleitores.
Desde julho, quando convocou em sua convenção eleitoral manifestações para o 7 de Setembro, Bolsonaro deu diversas declarações indicando que as celebrações do Bicentenário da Independência seriam instrumentalizadas pela sua campanha.
Bolsonaro veio ao Rio em aeronave oficial e o evento teve suporte de diversos órgãos do Executivo, como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), que organizou a segurança, e a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), que atuou no credenciamento e atendimento da imprensa.
O mesmo modus operandi foi adotado em Brasília pela manhã, onde Bolsonaro discursou em um trio elétrico parado na Praça dos Três Poderes, mesmo local onde as celebrações oficiais foram realizadas.