MS: Veja a íntegra da sabatina UOL/Folha com Eduardo Riedel (PSDB)
Do UOL, em São Paulo
20/10/2022 11h49Atualizada em 20/10/2022 11h49
O candidato tucano Eduardo Riedel, que disputa o governo de Mato Grosso do Sul, disse que tem "convicção" para apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e relativizou o pedido de voto que o presidente a seu adversário, Capitão Contar (PRTB), "feito num calor de debate" na TV. A afirmação foi feita hoje durante a sabatina promovida pelo UOL e pela Folha.
No primeiro turno, ele e Contar ficaram próximos nos votos válidos. Contar teve 26,71%, enquanto ele ficou com 25,16%.
Contar não aceitou participar da sabatina, dizendo não ter agenda, apesar de terem sido oferecidas diversas opções de dias e horários.
A sabatina foi conduzida por Kennedy Alencar e pelos jornalistas Leonardo Sakamoto, do UOL, e Marcelo Toledo, da Folha de S. Paulo. Veja a íntegra.
[Kennedy Alencar]: Olá, bom dia. Começa agora mais uma sabatina do UOL e da Folha de São Paulo, dessa vez é com o Eduardo Riedel, candidato a governador do Mato Grosso do Sul pelo PSDB. O candidato Capitão Contar, do PRTB, foi convidado, mas se recusou a participar dessa entrevista. Participam comigo dessa sabatina Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, que está hoje lá no Rio de Janeiro. Olá, Sakamoto.
[Leonardo Sakamoto]: Olá, Kennedy, olá, Marcelo, bem-vindo, candidato, bom dia a todos e todas.
[Kennedy Alencar]: Participa também o Marcelo Toledo, jornalista da Folha de São Paulo, que tá lá em Ribeirão Preto. Olá, Marcelo.
[Marcelo Toledo]: Olá, Kennedy, bom dia a você, ao Sakamoto, ao candidato Riedel, é um prazer estar aqui com vocês.
[Kennedy Alencar]: Candidato, bom dia pro senhor, obrigado por nos dar essa entrevista, e depois que eu fizer a primeira pergunta, a gente aciona o cronômetro e o senhor vai ter uma hora pra falar com a gente, agradeço muito sua participação, viu?
[Eduardo Riedel]: Bom dia, Kennedy, bom dia, Marcelo, bom dia, Sakamoto, prazer é meu estar aqui pra gente poder conversar um pouquinho sobre esse momento, as eleições aqui no Mato Grosso do Sul.
[Kennedy Alencar]: O UOL e a Folha agradecem. Candidato, queria começar falando com o senhor sobre esse clima, a atmosfera política no Brasil, muito acirrada a disputa presidencial entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Bolsonaro e os militares insistiram numa auditoria das Forças Armadas sobre o sistema eleitoral no primeiro turno e agora se recusaram a divulgar o resultado, disse que vão esperar o segundo turno. O Bolsonaro vive insinuando a possibilidade de golpe, de não aceitar o resultado da eleição se ele não considerar o resultado limpo, vira e mexe volta com a teoria conspiratória mentirosa de que as urnas eletrônicas não são confiáveis, quando elas são confiáveis, eu pergunto pro senhor: se houver risco de o Bolsonaro não aceitar o resultado da eleição, se ele perder e tentar um golpeou ou algum tipo de movimento parecido com o que aconteceu nos Estados Unidos, com invasão do Congresso americano, do Capitólio, o senhor acha que as Forças Armadas podem embarcar num episódio desse tipo, dado esse comportamento do Ministério da Defesa em relação a essa auditoria combinada com o TSE?
[Eduardo Riedel]: Olha, Kennedy, eu, sinceramente, não vejo esse risco, eu acho que as instituições brasileiras estão muito sólidas, foram amadurecendo ao longo do tempo e ganhando essa solidez em relação a sua participação na democracia como um todo. Então não consigo enxergar esse tipo de risco. Eu acho que o resultado das urnas vai ser respeitado por quem quer que seja, né, claro que... tenho visto a imprensa nacional falar aí no terceiro turno das eleições, a judicialização, com uma discussão em torno de uma série de temas, num ambiente acirrado como o que todos nós estamos vivendo, mas eu não consigo enxergar uma democracia frágil o suficiente pra não legitimar o resultado das urnas. Então eu acredito que nós teremos, sim, dentro de um clima acirrado, de discussões calorosas, de judicializações, que é o que tem acontecido não é de hoje, no Brasil, como um todo, e, de certa forma, em alguns lugares do mundo, mas que a gente vá ter a garantia do resultado, a legitimação das urnas.
[Kennedy Alencar]: E o papel das Forças Armadas?
[Eduardo Riedel]: Acho que as Forças Armadas têm um papel muito bem definido constitucional. O fato de o presidente ter utilizado uma série de profissionais vinculados às Forças Armadas dentro do seu governo não quer dizer, na minha opinião, que as Forças Armadas vá fugir do seu papel constitucional. Então eu não consigo ver também nenhuma ação nesse sentido aqui no Brasil.
[Marcelo Toledo]: Agora, candidato, o senhor, assim como seu adversário, tem utilizado muito a imagem do presidente Jair Bolsonaro e da própria ex-ministra Tereza Cristina. Bolsonaro chegou no começo a se declarar neutro, nos últimos dias também, mas no debate da TV Globo, dois, três dias antes do primeiro turno, ele pediu votos ao seu adversário, o Capitão Contar. O senhor se sente amparado pelo presidente Bolsonaro, o apoia mesmo sem ter recebido um aceno direto dele?
[Eduardo Riedel]: Olha, Marcelo, eu acho que não é uma questão de se sentir amparado, eu tenho as minhas convicções, minha escolha político-eleitoral, ela foi tomada lá atrás e foi construído um projeto para o Mato Grosso do Sul em que a então ministra Tereza Cristina, é uma pessoa que eu conheço há muitos anos aqui do estado, é deputada federal reeleita pelo Mato Grosso do Sul, agora senadora, mas no período em que foi ministra, a gente tem uma origem nas atividades da agropecuária, nós construímos um projeto para o estado e esse projeto muito bem definido, sólido, está no nosso plano de governo, o nosso plano de governo é o projeto para o Mato Grosso do Sul e deve ser olhado com cuidado, porque ele está desenhado sobre forma de um planejamento estratégico para os próximos anos para o estado, e essa relação, ela se solidificou. A posição da ministra não mudou em relação ao apoio à minha candidatura. E a posição do presidente Bolsonaro foi uma posição num calor de debate com uma senadora aqui do estado de Mato Grosso do Sul, candidata, à época, a presidente da República, que é a senadora Soraya Thronicke, que naquele momento, ainda numa relação com meu adversário, que é o Capitão Contar, ainda no próprio debate falou: "Ó, tá me devendo uma aí, viu?". E o presidente falou aquilo naquele momento de tensão, na madrugada, pressionado, e colocou aquela posição.
Mas isso não muda o meu posicionamento político, ele é livre também para escolher a opção, a preferência que ele tem. Logo depois ele veio a público neutralizar o posicionamento dele no debate e o fez por duas vezes, num vídeo com a própria ministra Tereza Cristina e no domingo seguinte lá numa entrevista coletiva que ele deu em Brasília, no Planalto, ele falou: "O Mato Grosso do Sul tem dois candidatos que nos apoiam e nós vamos nos manter neutro". Eu acho só importante ressaltar que o meu posicionamento à reeleição do presidente é um posicionamento que vem há tempo, o meu adversário ele só tem esse discurso e essa fala, eu tenho um projeto para Mato Grosso do Sul, ele pega carona nesse eventual movimento que existe em relação ao presidente Bolsonaro. Eu tenho uma posição muito clara, definida em relação à reeleição dele, mas não é uma questão de aproveitar um momento.
[Marcelo Toledo]: Em algum momento o senhor pensou em apoiar o candidato Lula? O ex-presidente Lula?
[Eduardo Riedel]: Não, não pensei. Não tenho essa perspectiva, nunca tive, na verdade. Respeito o candidato, como candidato, como um homem público que foi no Brasil, com todos os problemas que tiveram, mas eu tenho as minhas convicções, não pensei em mudar de forma nenhuma o meu posicionamento em função da declaração do presidente Bolsonaro.
[Leonardo Sakamoto]: Candidato, recentemente, o ex-governador João Doria pediu sua desfiliação do PSDB, após mais de duas décadas no partido, e isso foi mais uma etapa, mais um elemento de uma crise pela qual passa o PSDB, que nesta eleição elegeu a menor bancada da sua história, vai chegar a 18 parlamentares contando junto com o Cidadania, na qual ele está federado. E o PSDB, que quase teve candidato à Presidência da República, com Eduardo Leite, ou João Doria, acabou sendo vice da chapa de Simone Tebet [MDB]. Como é que o senhor analisa a crise pela qual passa o seu partido, considerando que uma parte dos membros mais antigos, mais tradicionais do partido, culpam uma disputa ideológica com a nova geração?
[Eduardo Riedel]: É uma questão importante, Sakamoto, essa discussão em torno do PSDB. Eu tenho uma história de vida, importante contextualizar isso, até para gente falar um pouquinho dessa disputa ideológica. Eu tenho uma história de vida onde eu entrei há 18, 19 anos no PSDB, mas nunca participei do processo eleitoral, é minha primeira eleição. Nunca havia participado de nenhuma outra eleição. Sou empresário, atuei em instituições vinculadas à representação de um segmento econômico da sociedade, presidi aqui a Federação de Agricultura do estado, fui vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura, sou empresário do setor e sempre tive dentro do PSDB uma linha clara de atuação, de atendimento de atuação do partido, e tenho provocado aqui, internamente, no partido, a discussão sobre esse campo ideológico, e já falei que se o PSDB não fizer essa discussão em âmbito nacional, o partido cada vez mais vai perder espaço no cenário nacional por falta de uma visão clara em relação ao seu posicionamento. Eu advogo que o partido tem que fazer uma ampla discussão. É muito fácil, ainda mais para uma pessoa que nunca disputou uma eleição, chegar e falar assim: 'Eu não concordo com o partido, eu vou sair e vou me abrigar em outra sigla partidária'. Nós estamos em pleno movimento de reforma política no Brasil, toda legislação que se colocou com financiamento público de campanha, com os níveis, as cláusulas de barreira colocadas para os partidos estão levando o país a rever esse conjunto de partidos, e eu sou totalmente favorável, não dá para conviver com 35, 37, 40 siglas partidárias. Não acredito que alguém possa me nominar 40 linhas de ideologia em relação ao pensamento público. Eu acredito que a gente deve rever esse volume de partidos. É um dos partidos que têm que fazer essa discussão, senão necessariamente, forçosamente, ou vai se unir, ou vai fazer uma federação ou vai, em algum momento, sucumbir a essa ausência de discussão que existe hoje no partido.
[Kennedy Alencar]: Candidato, líderes históricos do partido do senhor, como Fernando Henrique [Cardoso], Aloysio Nunes, declararam apoio ao Lula. O senhor está aí apoiando o Bolsonaro. Esse papel de linha auxiliar do bolsonarismo não é o que contribuiu para afundar o PSDB e aprofundar a crise dele desde lá do BolsoDoria? E agora a gente vê uma ala do partido apoiando um presidente que divulga fake news, um presidente conservador, ou seja, o PSDB, que é social-democrata, está hoje com políticos importantes, como o senhor, apoiando um presidente de extrema direita. Isso não aprofunda a crise do PSDB?
[Eduardo Riedel]: Acho que aprofunda a necessidade da discussão dentro do PSDB. Se existe isso dentro do partido, é porque faltou, em algum momento, um posicionamento claro em relação a algumas ações. Eu respeito profundamente as lideranças antigas do PSDB, até porque foram responsáveis por grandes transformações no Brasil, impactaram profundamente o modelo socioeconômico brasileiro, e aqui eu tenho todo o meu respeito à história deles, mas não concordo com o apoio que eles dão ao ex-presidente Lula. Não faz parte da minha formação apoiar a linha de trabalho do Partido dos Trabalhadores, com todo respeito ao partido e ao ex-presidente, não faz parte da minha gênese isso. Para deixar muito clara a minha posição, não é "linha auxiliar" o meu posicionamento, é convicção. Eu tenho uma convicção muito clara em relação ao que está posto no projeto do Partido dos Trabalhadores e não compactuo com a decisão de parte do PSDB. Eu respeito, até pela história deles, e é por isso que eu advogo: o PSDB tem que fazer uma discussão interna para encontrar o seu caminho. Porque poderia dizer também: "Ah, é uma linha auxiliar do PSDB apoiar o PT". Não é. É uma dificuldade de encontrar o seu discurso, o seu caminho, o seu posicionamento, que é o que eu advogo dentro do partido.
[Marcelo Toledo]: Perfeito. Candidato, no primeiro turno, nas dez cidades mais populosas de Mato Grosso do Sul, o senhor venceu em quatro, mas ficou atrás do seu adversário, o Capitão Contar em outras seis, e aí a gente inclui as principais: Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Que trabalho o senhor tem feito, especificamente, nas principais cidades para tentar reverter esse cenário agora, no segundo turno?
[Eduardo Riedel]: Continuar levando o nosso projeto, a nossa proposta. Se você olhar o resultado das eleições no primeiro turno, ele teve 26 ponto alguma coisa; eu, 25.16. Então, são 50% dos votos. Os outros 50% diluídos em algumas candidaturas que estão se reposicionando agora, diante desse novo cenário no segundo turno, que é uma relação direta. Hoje a eleição está extremamente equilibrada dentro do Mato Grosso do Sul, e vai ser uma discussão até o último dia, até o dia da votação em relação a esse movimento de convencimento do eleitor; e o maior argumento que eu tenho com o eleitor é o nosso projeto de trabalho, é o nosso projeto de governo. Eu não me fio só às relações políticas, eu tenho claro um projeto para o Mato Grosso do Sul, construído com a participação direta da ex-ministra Tereza, que conhece muito bem o estado também. É essa linha que nós vamos tomar e que tem muito a ver essa discussão que nós estávamos fazendo no PSDB. Eu advogo no PSDB um posicionamento liberal, um posicionamento que, na economia, tem que adotar alguns princípios claros em relação à sua atuação, com absoluto respeito ao desenvolvimento socioambiental da nossa sociedade moderna; e lembrar que nós vencemos as eleições, no primeiro turno, em 51 cidades, e, em 26, não tivemos o resultado em primeiro lugar, mas nos deu, com uma expressiva votação, a ida para o segundo turno.
[Marcelo Toledo]: O senhor esperava, já que o senhor disse que metade dos votos estavam diluídos entre outros candidatos, o senhor esperava receber apoio do ex-governador André Puccinelli e do próprio MDB, que anunciaram apoio ao seu adversário agora, no segundo turno?
[Eduardo Riedel]: Olha, a discussão depois do primeiro turno, ela é feita. Eu sempre digo que não existe mais cabresto do eleitor. O ex-governador tem uma trajetória complicada. Ele ficou preso algum tempo, com vários processos acusados por corrupção, por uma série de problemas na sua gestão; e todo apoio é bem-vindo. Agora, eu não participo dessa discussão da velha política. Meu projeto em torno de um propósito, de uma formação de conceito, e não de conchavos políticos. Nós temos aqui o ex-governador André, temos o ex-prefeito da capital, temos a ex-vice-governadora do estado, do governo que eu tive oportunidade de participar, que estão com o meu adversário, ou seja, todos os perdedores da eleição estão com o meu adversário. Eu respeito a posição de cada um, mas eu não participo dessa discussão, que a política brasileira foi muito clássica e é criticada hoje.
[Marcelo Toledo]: Bom, no primeiro turno, candidato, mais de 440 mil eleitores, nos 79 municípios do estado, não foram votar, que dá 22% de abstenção, quase 2 milhões de eleitores tem o estado. É um índice que é semelhante ao da eleição passada, que foi quase 23%, e segue uma média do plano federal e de outros estados, né? Pra ganhar eleição precisa ter voto, né? Como convencer o eleitor que não votou no primeiro turno ir agora no segundo turno votar no Mato Grosso do Sul?
[Eduardo Riedel]: É fazer a informação chegar, né, e ter condições de acessar, de despertar na população a importância, a necessidade do voto. Eu sempre digo e tenho dito que não estamos disputando só uma eleição, é o destino do estado, do país, e esse argumento, esse convencimento com as pessoas é muito importante. Então aqueles, e é um percentual alto, e isso não é do Mato Grosso do Sul, né, é uma questão nacional, você vê que os indicadores são sempre muito semelhantes, e vamos lembrar nessa eleição o percentual de participação tem sido maior do que a média, via de regra, de outras eleições, talvez por estar muito acirrada e disputada, mas é convencer realmente as pessoas da importância de participarem do voto, então é fundamental que a gente tenha essa ação, esse convencimento, e a condição pra que as pessoas tenham efetivamente seu voto realizado.
[Leonardo Sakamoto]: Candidato, só pra gente poder falar um pouco agora sobre questão ambiental, até porque anos atrás, o estado do Mato Grosso do Sul até teve um debate interno, né, no estado de que havia grupos que queriam mudar o nome do estado pra Pantanal dada a importância estratégica, turística e econômica dessa macrorregião brasileira pra sua unidade da federação. O que acontece é que nos últimos anos nós temos visto queimadas, algumas delas estando entre as maiores registradas na história do bioma, com uma destruição nunca antes vista, tanto da capa vegetal quanto da animal, coisa que gerou prejuízo, não apenas pro turismo, que é uma grande fonte de receita do estado, mas inclusive pra produtores rurais, uma vez que o fogo, quando pega, é incontrolável, então ele se alastra, ele vai longe. Como é que o senhor pretende enfrentar esse problema, considerando que há produtores rurais, né, que acabam colocando fogo, dando início a queimadas que depois acabam atingindo o bioma inteiro?
[Eduardo Riedel]: Olha, Sakamoto, essa é uma questão extremamente importante, deve ser priorizada. Nós temos aqui o bioma Pantanal, 12 milhões de hectares, praticamente 1/3 do território do Mato Grosso do Sul, e que compõe 2/3 do bioma como um todo, outro terço tá lá no Mato Grosso, no estado irmão do norte. E não sei se vocês conhecem o Pantanal, mas é um bioma extremamente específico, de difícil acesso, com baixíssima população por conta das suas características, né, é alagável, fluxo de águas que vão e vêm, e uma massa vegetal muito grande quando dos períodos secos, e nós estamos atravessando uma época, um período extremamente seco no Pantanal, os especialistas chamam de ciclos de dez anos, né, de cheia e de seca, e isso, na verdade, é a dinâmica e a origem do bioma como um todo. Ele é o que é por conta desses ciclos. É claro que na linha de combate aos incêndios florestais, especialmente no bioma Pantanal, nós temos que trabalhar em duas vertentes: primeiro na prevenção, atuar fortemente numa discussão de conscientização e prevenção dos incêndios que são causados, porque você tem muita origem que são focos naturais de incêndio que a gente chama, e o segundo é a estrutura e a capacidade de enfrentamento, de combate ao incêndio. Você não faz só com o poder público, você tem também as brigadas constituídas, apoio a essas brigadas, o estado fez um investimento extremamente robusto para o Corpo de Bombeiros Militar em preparação para o combate ao incêndio, comprou uma aeronave, tá comprando uma outra aeronave, uma série de veículos que acessam o Pantanal pra fazer o combate, helicóptero, então toda uma estruturação pra combate a incêndio ao Pantanal. Nós temos uma unidade do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, terminando um hospital veterinário específico pra atender todo tipo de problema que haja com a nossa fauna, que é muito especifica no Pantanal, pra dar essa condição de reação a problemas que existam, não só nos incêndios, mas no dia a dia das atividades, né? Então uma série de...
[Leonardo Sakamoto]: Candidato, desculpa interromper o senhor, me perdoe pela interrupção, mas é só porque é o seguinte: o senhor tá fazendo essa leitura a respeito de ações que são reativas com relação à reação...
[Eduardo Riedel]: E preventivas.
[Leonardo Sakamoto]: É, mas e com relação à questão preventiva que eu citei, tem também um... um grupo de ações com relação aos empresários que não agem como empresários, né, que agem como criminosos, né? Como combater... como o senhor pretende combater esse grupo, especialmente?
[Eduardo Riedel]: Se estão falando especificamente de um grupo que não haja dentro da lei, é punição, não há o que se falar. Mas, quando a gente fala de prevenção e conscientização, é mostrar que isso tem evoluído muito, que a prática do incêndio, do ponto de vista da prática e processo agropecuário, não é mais uma prática corrente ou recomendada, isso já é voz corrente em boa parte do planalto, inclusive, e parte do Pantanal, essa conscientização aumentou muito nos últimos anos. Agora, nós temos que esclarecer o ribeirinho, o pescador, aquela prática: vamos varrer o quintal e pôr fogo nas folhas do lixo, que é uma coisa simples, que é uma cultura corrente, aquilo pode se transformar em um grande desastre, uma queimada de pastagem não pode nem pensar em acontecer quando feita de maneira não controlada. Então existe uma série de práticas preventivas que o estado deve estar presente, e a conscientização é o melhor caminho para se evitar isso. Então de novo, são duas linhas: prevenção; e a outra linha, estruturação de combate. O caminho mais efetivo é a prevenção, porque evita quando o incêndio ocorre, e quando ele ocorre, uma alta incidência de origem de incêndio que nós temos, o estado do Mato Grosso do Sul é reconhecidamente o com a maior frequência de raios, e acontece com frequência, não só no Pantanal, no estado inteiro, incêndios com origem em descarga elétrica, que é uma situação local, é um dos motivos. Então nós temos que ter tudo isso mapeado e preparado, seja para combate, seja na prevenção, quando ele é intencional, e mesmo não intencional, ele tem que ser conscientizado.
[Marcelo Toledo]: Candidato, no turno inicial, o presidente Jair Bolsonaro foi bem votado em Mato Grosso e no vizinho Mato Grosso do Sul, mas na região do Pantanal dos dois estados, o ex-presidente Lula criou uma espécie de ilha, em que ele foi muito bem votado e ficou à frente no último dia dois. Corumbá, por exemplo, é uma dessas cidades. Para o senhor, por que isso ocorreu?
[Eduardo Riedel]: Acredito que na região do Corumbá, que é uma capital do Pantanal, que a gente chama, o maior município da região, temos Aquidauana, tem Miranda, nós temos ali uma história do Partido dos Trabalhadores. Vamos lembrar que ali tem uma origem do senador Delcídio [do Amaral], candidato a governador, senador do estado, ele é de lá. Então não é só uma questão do presidente Lula, tem uma história do partido vinculado a lideranças locais que tiveram a sua base, sua formação aqueles municípios, não é? Então explica um pouco dessa situação, desse resultado, a meu ver, tem essa relação muito próxima. E estou lembrando aqui também, só para não deixar o Sakamoto sem informação, que é muito importante, da sala de situação de monitoramento dos incêndios, tá? Que está lá em Ladário, Corumbá, junto com a Marinha do Brasil, junto com Corpo de Bombeiros Militar, aqui na capital Campo Grande, para gente monitorar todos os focos de incêndio que acontecem na hora, para a gente ter uma reação rápida, e depois também punir os responsáveis. Só para lembrar, que eu esqueci de mencionar. Então acho que acredito, Marcelo, que essa situação esteja vinculada a essa situação.
[Kennedy Alencar]: Queria uma avaliação do senhor sobre a política ambiental do governo Bolsonaro, de modo geral. Aumentou desmatamento da Amazônia, uma política criticada internacionalmente, há estímulo a garimpeiros ilegais, o presidente tem... cessou com a demarcação de terras indígenas, a questão indígena é importante também para Mato Grosso do Sul. Como é que o senhor avalia a política ambiental do presidente Bolsonaro?
[Eduardo Riedel]: Vamos só separar a questão fundiária da questão indígena, que é um assunto que aqui no Mato Grosso do Sul é muito presente, nós temos a segunda maior população brasileira de indígenas, são 80 mil pessoas aqui no estado em mais de 90 comunidades, eu sempre discuti muito a questão fundiária, que é uma questão antiga, complexa e mal resolvida no país, por isso que dá origem a conflitos de toda a natureza, dentro de uma estrutura que tem uma base territorial pronta, mas com discussões legais muito severas. Na minha proposta de governo para as comunidades indígenas, é entender as demandas das 94 comunidades indígenas que nós temos no estado, nós estamos percorrendo, já percorremos boa parte delas, conversamos com lideranças, cada uma delas. Para entender a demanda, a gente tem que entender que cada etnia e cada comunidade tem a sua demanda específica, tem a interpretação, o entendimento deles de desenvolvimento, e não o nosso, nós temos a nossa visão, eles têm a deles. E o que o governo, enquanto política pública pode fazer, é atender na visão deles essa demanda e essa necessidade para que eles se sintam acolhidos e abrigados em pleno desenvolvimento. A questão ambiental, eu participei e acompanhei toda evolução que nós tivemos do Código Florestal Brasileiro, que em 2012 se concretizou, o então deputado Aldo Rebelo que fez um trabalho de liderar todas as articulações, com todas as partes interessadas -ambientalistas, produtores, ONGs, terceiro setor, governos, e nós chegamos a um consenso, e é um consenso criticado por produtores, criticado por ambientalistas, criticado por todos que mostra um pouco que deve ter sido um bom consenso.
[Kennedy Alencar]: Até do presidente Jair Bolsonaro, que é criticado ambientalmente, uma política ambiental de destruição da Amazônia.
[Eduardo Riedel]: Eu não vejo dessa maneira. Eu acho que a gente tem que se apegar à legislação. Ele é criticado internacionalmente, talvez, por falar algumas coisas que, internacionalmente, não gostem, mas existe uma necessidade de se respeitar a legislação. E nós temos, no Norte do país, que é a região mais sensível por conta do bioma amazônico, um problema fundiário seriíssimo, que tem que ser enfrentado, que tem nesse problema, muitas vezes, a base da questão ambiental, então, eu acho que a gente tem que ter cuidado para analisar essa situação, entender a complexidade da situação e buscar a solução. O Brasil tem uma grande oportunidade, ele é uma potência, como sempre disse, agroambiental. Tem 9% do território, claro, com a agricultura, e 64% do território com os biomas originais, o que o faz uma grande potência ambiental; e tem que manter isso, de certa forma, valorizando e monetizando esse ativo que nós temos, com a preservação da biodiversidade, para o balanço de carbono e preservação de água, que são três grandes vetores do meio ambiente que eu considero importante de a gente ter uma atenção específica.
[Leonardo Sakamoto]: Candidato, um dos pontos tão relevantes para o Mato Grosso do Sul quanto a questão ambiental, pelo menos uma das que mais chamam atenção nacionalmente e ambientalmente é a questão indígena no estado, principalmente na região sul do Estado. A gente sabe que muitos produtores rurais acabaram ocupando, historicamente, terras com boas intenções, por conta do que a ditadura colocou: "Olha, fica nesse lugar, ocupa, faz isso, faz aquilo", mas o fato é que você tem uma disputa de terras, você tem grupos indígenas reivindicando áreas, você tem produtores entrando em conflito, temos tido morte de indígenas no sul do estado, na região de Amambaí, por exemplo, é um foco de conflito, as regiões próxima de Dourados, com retomadas, e gente, como eu falei, tem visto mortos, cadáveres indígenas, resultando desses conflitos, muitas vezes, com produtores rurais. Como é que o senhor vê uma solução para isso? O estado do Mato Grosso do Sul ajudaria a intermediar a questão de pagamento dessas terras? Como é que ficaria? Como é que seria uma solução. Porque de jeito que está, não dá, não é?
[Eduardo Riedel]: Com certeza, não dá, e concordo plenamente, é fruto, como eu falei, de uma história muito mal resolvida do complexo de formação do estado de Mato Grosso do Sul, do volume da população indígena, das áreas predeterminadas. Até porque os produtores têm a legalidade do seu título, e a realidade aqui é muito diferente de outros lugares do país. Por isso, a intensidade dos conflitos muitas vezes. E nós temos duas vertentes para resolver esses problemas. O Estado não só deve intermediar como deve liderar esse processo da busca da solução do problema, e, na minha visão, o problema passa pela compra das áreas que estão em discussão. Isso tem que ser feita uma base regulamentar no Congresso Nacional, no próprio Supremo Tribunal Federal, para que a gente não tenha a permanência de conflito onde os dois lados têm absoluta certeza que são direitos constitucionais. Esse é o ponto a que nós chegamos. Então, como é que você resolve um conflito desse? Nós temos que partir para uma solução legal, e enquanto isso não ocorre, o Estado tem que liderar esse processo, puxar isso no Congresso Nacional, no Judiciário brasileiro para a gente não continuar vivendo sob conflitos. Não cabe mais.
E a outra linha é essa que eu falei: política pública para as comunidades indígenas. E aqui estou falando não são de coisas mirabolantes, estou falando de demanda como água. Nós temos na comunidade, em Dourados, é um bairro de Dourados. São 3 mil hectares anexos à área urbana. Às vezes as pessoas estão longe, imaginando a comunidade indígena isolada, em um ambiente florestal. Não, estão em áreas tropizadas, em lotes de cinco, seis hectares, com uma casinha, as igrejas funcionando ali dentro das comunidades, as quadras esportivas, as escolas. É um bairro, quase favelizado. Essa é a realidade das comunidades indígenas nesses ambientes. Então, não há nem que se confundir a discussão ambiental com a questão indígena nessas localidades. Veja que para cada problema tem uma realidade que nós temos que enfrentar, e o Estado deve liderar essa discussão, buscar a solução desse problema, atendendo a realidades e buscando a solução fundiária.
[Leonardo Sakamoto]: Colocando, através dessa articulação por parte do estado, passa a haver uma demarcação de territórios com... com proprietários?
[Eduardo Riedel]: Isso, isso. Eu acredito que esse seja o caminho. Agora, o governo federal, e isso... eu era presidente da Federação da Agricultura aqui, lidei muito com ex-ministro José Eduardo Cardozo no governo anterior, e que não evoluiu pra gente ter efetiva compra, sempre era uma discussão da retomada, da invasão, em cima de áreas legalizadas, e esse não é um bom caminho, esse caminho vai gerar conflito. Nós não podemos conviver com isso, mas também não podemos conviver com uma situação de uma aldeia que está praticamente dentro da cidade, e a solução é aumento de território em área urbana ou anexa, ou é, de fato, a condição que lá eles querem de habitação, de infraestrutura, de conectividade, de escola? Essa decisão, pra cada localidade, tem uma realidade. E nós temos que ouvir junto com o governo federal, porque não é... o estado do Mato Grosso do Sul ele pode fazer, mas ele não pode entrar e realizar sem a permissão do governo federal, da Funai ou dos órgãos competentes, do Ministério Público Federal.
[Leonardo Sakamoto]: Candidato, dentro dessa... fazendo essa conexão e emendando essa pergunta, porque uma das populações, exatamente por conta dessa vulnerabilidade da população indígena no sul do Mato Grosso do Sul, a gente teve, ao longo dos últimos anos, caso de trabalhadores indígenas submetidos a condições análogas a de escravos no estado. Da mesma forma, também tivemos casos de trabalho escravo, como tivemos em outras regiões do Brasil, claro, né, mas tivemos no Mato Grosso do Sul também casos na pecuária, na região de Corumbá, né, alguns casos até este ano, casos violentos, e alguns envolvendo até imigrantes paraguaios, outras pessoas em cárcere privado. Como o estado do Mato Grosso do Sul, o governo estadual pode contribuir para combater o trabalho escravo na produção rural? Claro, tem as demandas federais, as ações federais, mas como o estado pode agir pra contribuir e combater esse problema?
[Eduardo Riedel]: Sendo absolutamente intolerante com essa situação. Nós assistimos, no Brasil e no estado, essas ondas de trabalho escravo ou de trabalho escravo, condições análogas à escravidão, que hoje é raríssimo você encontrar uma situação dessa, justamente pela transparência que tem que ser dada, pelo acolhimento, pela fiscalização, pela absoluta intolerância, que, enquanto estado, tem que ter com esse tipo de situação. Nós não podemos compactuar com isso de maneira nenhuma. E acrescento mais um elemento nessa sua discussão que é a nossa fronteira, nós temos aldeias indígenas na fronteira com países vizinhos, e nós sabemos que um dos grandes problemas sul-mato-grossense e brasileira é o tráfico internacional de drogas, de armas. Nós apreendemos, o estado apreendeu só neste ano mais de 700 toneladas de drogas, recorde absoluto no Brasil. E algumas aldeias têm uma discussão muito forte dentro de cooptação de pessoas, de traficantes, do ir e vir livremente pro lado de lá, de plantações de maconha que tem pro lado paraguaio, então ainda tem esse elemento complicador dentro dessa estrutura social que existe, e só a capacidade de o estado estar presente conduzindo as determinações e vontades deles enquanto povo, enquanto etnia, enquanto desejo, e viabilizar isso é que nós vamos retirando esse poder paralelo de dentro dessas comunidades, de algumas, tá? São principalmente algumas, como você citou, que é problema fruto do problema do conflito que existiu. Ali numa discussão de liderança, parte do tráfico querendo entrar, uma liderança que não deixaram, era muito forte, enfim, uma discussão grande. Então a gente tem que compreender a complexidade das questões colocadas aqui pro estado poder atuar de maneira a garantir o bem-estar dessas pessoas, o desenvolvimento na visão deles em relação ao que eles querem pro seu futuro, e conduzir isso como política pública.
[Marcelo Toledo]: Como o senhor disse agora há pouco, candidato, o senhor é vinculado ao agronegócio, presidiu o sindicato rural, a própria... que anunciou apoio a disputa agora. Que peso o agro tem para decidir uma eleição em Mato Grosso do Sul?
[Eduardo Riedel]: O agro é uma atividade econômica importante no estado, entendo que nós estejamos sofrendo hoje, no bom sentido, uma segunda onda de transformação na economia do estado, que é industrialização do agro, fonte geradora de muitos empregos, de renda, como todas as cadeias produtivas, não estamos falando aqui da soja, do milho, do boi, estamos falando de papel e celulose, estamos falando de frango, estamos falando de hortifrúti. Há um movimento de diversificação dessa matriz econômica, há um movimento de industrialização, agregação de valor, para um estado que é exportador, porque nós temos três milhões de habitantes, nós não somos um estado consumidor em massa, somos um estado exportador interno, para o Brasil, e para fora, então tem um peso socioeconômico importante porque é uma atividade econômica importante, e está cumprindo o seu papel nessas eleições de provocar a discussão. Tem dois candidatos, eu tenho... eu sou empresário do agro, eu tenho uma vida dedicada a nossos negócios, nossas empresas dentro da atividade e falo isso com muita tranquilidade porque nós temos absoluta responsabilidade socioambiental dentro dos nossos agronegócios, com todos os nossos colaboradores, o agro se modernizou muito inclusive no que diz respeito a isso, de uma percepção da sociedade, que outra, amadureceu, em qualquer segmento você tem bons e maus empresários, nós temos que valorizar os bons empresários e punir os maus empresários. Então nós estamos muito tranquilos em relação a essa trajetória e essa conduta, então o agro tem um peso importante na definição eleitoral, haja vista, nós temos dois candidatos no segundo turno que tem, de certa forma, um respeito, uma relação, uma discussão que a gente tem que ter no setor como um todo.
[Kennedy Alencar]: Candidato, o Mato Grosso do Sul tem uma insegurança alimentar relevante, não é? Quase 10% das famílias estão numa situação de insegurança alimentar. Na região Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul tem uma situação pior que Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso, e é um grande produtor de soja. Por que isso acontece? É uma falta de diversidade na produção de alimentos? É falta de política social? É uma concentração num agronegócio que exportador e que não há uma preocupação em alimentar a população de uma maneira geral? Está faltando política social, uma diversidade na produção de alimento? Como é que o senhor vê essa questão?
[Eduardo Riedel]: Olha, Kennedy, a gente não pode confundir as cadeias produtivas e o resultado dela com parcela da população que não tenha acesso a emprego e renda, senão a gente cai numa tentação de não ser justo com a economia. Nós temos uma situação onde as atividades produtivas, elas geram emprego, divisa, tanto é que o estado é a terceira menor taxa de desemprego do Brasil - 5,4%, 5,6%, se eu não me engano, então é um resultado importante. Qual é a linha que a gente tem que adotar para não permitir, de forma nenhuma, nenhum tipo de grupo social em vulnerabilidade, aumentar isso? Sim, são programas sociais funcionando, que garantam renda a quem não teve oportunidade, e isso nós estamos ampliando no nosso plano de governo, existe um programa chamado Mais Social, nada a ver com o programa federal, que transfere R$ 300 para 100 mil famílias no estado, nós temos no CadÚnico algo em torno de 150 mil famílias, se eu não me engano, 160 [mil]; então 100 mil famílias recebem o Mais Social. E um programa inédito também, a gente paga a conta de energia para consumidores de baixa renda, isso ocorre para 152 mil famílias, que é outra forma de transferência de renda, é terceiro programa que a gente tem o cashback de impostos para pessoas de baixa renda, isentar completamente na cesta de compra daquela família, daquelas pessoas o imposto, devolvendo a elas, é outra forma de transferência de renda. Então, eu acredito que a gente tem que criar uma base sólida de assistência social para quem está em situação de vulnerabilidade, agora, como porta de saída, nós temos um caminho, o crescimento, o desenvolvimento e que essa base agro colabora, ajuda ao trazer industrialização pra cá, ao desdobrar em serviços, em comércio, e você por um outro lado garantir qualificação das pessoas, que esse é um problema do Brasil inteiro, nós temos que a partir desse crescimento, termos oportunidade de emprego, garantir que as pessoas acessem essa oportunidade pela qualificação, por isso nós estamos propondo uma dos maiores programas de qualificação do Estado da história do nosso estado, não só com os parceiros privados, mas as escolas de qualificação específica que vão dar essa oportunidade para as pessoas de uma maneira geral. Então acredito que esse é o caminho para você debelar a vulnerabilidade e a fome, é renda.
[Kennedy Alencar]: Vou dar uma acelerada aqui, que estamos na reta final da entrevista e tem algumas perguntas ainda. ICMS, a alíquota hoje está em 17% para combustíveis, serviços de energia e telecomunicações, e há uma perda de arrecadação do Estado, que era de investimentos. Se o senhor for eleito, o senhor vai manter essa alíquota nesse valor e como pretende lidar com esse problema de quebra de arrecadação para Saúde e Educação em investimentos?
[Eduardo Riedel]: Kennedy, vamos lembrar alguns números importantes para estado. Nós somos um estado que investe 12% da sua receita corrente líquida, um estado que alcançou, com profundas reformas internas, administrativas, esse resultado, que é muito positivo para ajudar e retroalimentar o próprio crescimento do estado e a geração de emprego e renda. A perda de receita com a diminuição da alíquota do ICMS significa, mais ou menos, R$ 1,4 bi ao ano para o orçamento de 2023. Nós estamos falando em algo em torno de 4 a 5% do orçamento. Se nós mantivermos a nossa trajetória de crescimento, e isso está acontecendo, nós vamos, sim, manter as nossas alíquotas de combustíveis baixas. É importante para a competitividade, não só do setor de produção, como indústria, comércio, micro e pequenos empresários, mas para a população de uma maneira geral. É um insumo extremamente transversal. Então, a nossa expectativa é 100% manter a quebra dessas alíquotas. Aqui, no estado, 17, gasolina; 11,3, etanol; e 12% diesel, no caso dos combustíveis, energia elétrica e comunicação, 17%.
[Leonardo Sakamoto]: Candidato, a pandemia de covid-19 atrapalhou o processo educacional de escolas públicas de todo o Brasil, houve quebra, houve recorte. Mesmos dados, Mato Grosso do Sul também foi afetado. Houve aumento no tempo de alfabetização de crianças que estão chegando no primeiro e segundo ano sem estarem alfabetizadas, como o senhor pretende compensar esses efeitos da pandemia na educação uma vez eleito?
[Eduardo Riedel]: Sakamoto, a gente tem falado muito na recomposição dessa estrutura de ensino aqui no estado, e no Brasil inteiro, e é realmente uma atenção muito especial a toda essa perda existente, mas a capacidade de recuperação também é rápida. Nós adotamos um modelo aqui de escola em ensino integral. Não é só tempo integral, é o conceito do ensino. Já vamos para 131 escolas, são 40% das escolas em estado em ensino integral. Um estado que lidera essa modalidade de ensino, e isso ajuda muito nessa recomposição. Para ano que vem, tenho previsto mais 44 escolas sendo inseridas dentro do modelo de ensino integral, e a gente já está muito à frente da meta estadual. Tanto do plano estadual de educação quanto do plano nacional. E isso é muito importante para essa recomposição. Na pandemia, nós lançamos mão de toda a sorte de plataforma tecnologia, e não, para acessar aos alunos. As linhas de ônibus, muitas vezes, mantiveram o seu ir e vir vazios para levar material, para uma determinada propriedade que não tinha acesso à Internet nem à televisão. Usamos de três a quatro plataformas, rádio, para poder levar o conhecimento e a informação ao aluno. Muitas vezes, quando não existia nenhuma outra alternativa, o ônibus escolar ia levar o material para o aluno diariamente, então, foi um esforço gigantesco durante a pandemia para que a gente pudesse ter o mínimo de perda, mitigar todo esse impacto que a pandemia trouxe para o ensino e tantas outras áreas da sociedade brasileira, então, é fazer cada vez mais a participação das escolas em tempo integral, que ajuda nessa recomposição; e vale lembrar aqui também que nós temos o maior salário de professor do Brasil. O professor 40 horas inicial no estado, ele recebe 10.383, a partir de outubro, agora, o que é um orgulho para nós chegar a essa posição. Então, capacidade de investimento não é só infraestrutura, obra, habitação, é valorizar as pessoas naquelas áreas-chaves importantes da nossa sociedade.
[Marcelo Toledo]: Candidato, o senhor é a favor do aumento do piso salarial dos profissionais de enfermagem? A lei estabelece que enfermeiros devem receber 4.150 por mês, técnicos de enfermagem, 75% disso, e auxiliares de enfermagem, metade disso. Qual é a posição do senhor em relação a esse tema, que tem gerado bastante polêmica?
[Eduardo Riedel]: Tem gerado polêmica, né? Sim, a princípio eu sou a favor, mas a gente tem que olhar a realidade de cada ente que será impactado, instituição que será impactada, porque existem impactos, não só nos entes públicos, nos privados, nos hospitais, nos filantrópicos. Nós temos aí uma relação de Santas Casas pelo Brasil com dívida grandes, como é que isso vai se dar nesse âmbito. E tem que separar essa discussão. Não tem nada a ver com a valorização da categoria de enfermagem, que deve haver, na minha opinião. É importante que os profissionais sejam valorizados com remuneração cada vez melhor, com perspectiva cada vez melhor. Agora, a discussão do impacto tem que ser feita, deve ser feita, mas eu sou a favor da evolução do piso.
[Leonardo Sakamoto]: Candidato, a pesca é um elemento importante econômico no estado, tanto pro turismo quanto pra questões alimentares. Agora, a pesca, muitas vezes, tem sido usada como fachada por grupos que acabam fazendo exploração sexual de crianças e adolescentes em cidades como Coxim, como Corumbá, que o senhor já citou, em que a sociedade civil reclama dessa exploração sexual de crianças e adolescentes, de turismo sexual, pra ser mais exato. Como é que o senhor pretende combater esse turismo sexual? Que medidas podem ser tomadas pelo estado do Mato Grosso do Sul?
[Eduardo Riedel]: Sakamoto, de novo, com estruturas de absoluta intolerância, né, com esse tipo de prática. Agora, eu acho importante a gente contextualizar também que tá havendo uma mudança profunda nesse perfil de turista em relação à pesca. A gente avançou pra uma legislação que eu até pretendo rever, uma legislação dura em relação à pesca que você não pode mais transportar o pescado, é pesca esportiva. E a pesca esportiva induziu muito a pesca da família, a pesca do pai, da mãe, das crianças, e isso virou uma febre, positiva, boa, é um instrumento de lazer do pesque e solte nos rios, de contemplação da natureza, do conhecer o Pantanal em todas as suas formas, do seu jeito. Agora, nós temos pescadores amadores, nós temos pescadores profissionais, e nós temos o turista, o pescador esportivo. Então nós temos que equilibrar melhor, porque a legislação aqui proibiu completamente você transportar o peixe. Os profissionais têm a cota, comercializam, vivem disso, mas aquele pescador amador tá proibido, o que causou também algumas distorções em comunidades importantes. Então nós vamos ter que rever isso, mas a pesca esportiva do turista tem mudado muito o seu perfil, e isso ajuda também a combater essa prática, que já não tem, mesmo nos locais que você colocou, Corumbá, Coxim, são regiões e cidades tradicionalmente receptoras de turistas, de pessoas que vão praticar esse esporte, eles hoje têm uma demanda muito alta de pessoas que vêm com a família, aqui tem um evento agora fantástico, Anzol Rosa, mais de 500 mulheres pescadoras indo a Corumbá, fizeram um grande evento, isso tem acontecido cada vez de maneira mais frequente, e coíbe muito essa prática da prostituição infantil.
[Leonardo Sakamoto]: Candidato, aproveitando e fazendo um gancho antes de o Kennedy entrar com o pinga-fogo, um gancho exatamente nesse assunto, que não é exatamente a exploração sexual de crianças e adolescentes, mas o senhor já citou a questão das mulheres, é a questão dos estupros. A Secretaria de Segurança Pública, Sejusp aí do Mato Grosso do Sul, ela registrou, apenas de 1º de setembro até o dia 15, em uma quinzena, ela registrou 58 estupros no estado, e nos últimos nove meses, 1.193 ocorrências desse tipo. A gente já até conversou com algumas acadêmicas, algumas pesquisadoras aí da Federal de Mato Grosso do Sul que estão alarmadas com esses números, né? E o que pode ser feito pra combater e qual é, na sua opinião, a origem disso? É falta de segurança, é falta de policiamento? Qual é a razão dessa quantidade de casos?
[Eduardo Riedel]: Não, não é falta de policiamento nem de segurança, esse é um problema seriíssimo que nós temos que combater. Nós temos uma prática, eu sempre advoguei isso, de absoluta transparência. Então começa pela tipificação. O estado do Mato Grosso do Sul é um dos que mais registra casos de violência contra a mulher, e é fato, e é extremamente preocupante. Temos que buscar a origem social dessa situação. Agora, isso também permite criar uma rede de acolhimento, que aí é política pública, uma rede de acolhimento, de punição, intolerância com a prática pra combatermos esse tipo de situação. Muitos estados brasileiros não tipificam, "ah, violência, agressão", seja ela qual for. Não, é violência contra a mulher, é estupro, é dependência econômica, é falta de denúncia, é falta de estrutura, Delegacia das Mulheres, Sala Lilás, Casa da Mulher Brasileira, pra acolher essas vítimas em condições apropriadas. Então essa rede estatal pra poder abrigar essa situação, ela é muito importante que se faça presente. E aí entender muito bem a origem dessa situação, especificamente aqui no nosso estado, pra ir na raiz. Nós temos que combater, como diz o ditado, o mal pela raiz. Nós temos que entender essas origens, e as pesquisadoras das universidades, os centros de estudo podem contribuir muito pra gente formular políticas públicas que venham ao encontro dessa situação.
[Kennedy Alencar]: Marcelo, pode ir lá, dá tempo ainda. Eu vou de pinga-fogo, depois. Formula, por gentileza.
[Marcelo Toledo]: Candidato, o senhor falou agora pouco sobre a questão de fronteiras, a gente tem uma fronteira seca com o Paraguai, na região de Ponta Porã que historicamente é marcada por muita violência. A gente sabe que cuidar de fronteiras é uma atribuição federal, mas de que forma o senhor se eleito pretende atuar para reduzir a criminalidade, entrada de drogas principalmente em território brasileiro a partir de Mato Grosso do Sul?
[Eduardo Riedel]: Marcelo, essa é uma questão sim, mas o federal, mas o estado está muito empenhado em buscar duas palavras-chaves que eu considero para esse tipo de ação: coordenação e inteligência. Coordenação entre as forças de segurança pública, não só dentro do estado, como as forças do estado com as forças federais. Essa é uma ação extremamente importante. E inteligência, aqui no Mato Grosso do Sul, nós evoluímos muito, temos 11 centros de inteligência em regiões do estado, e o centro integrado de inteligência do Centro-Oeste está aqui, com profissionais do Distrito Federal, do Mato Grosso, de Goiás, de todas as forças policiais e os profissionais federais, estamos falando de Exército do Brasil, Marinha, Aeronáutica do Brasil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, que ficam integrados num centro de inteligência, monitoramento, informação e que alimentam as operacionais. Nós temos aqui um departamento de operação de fronteira, é uma especializada da Polícia Militar, que faz um grande trabalho específico na fronteira, e é um grande guardião e escudo para o Brasil, porque acaba sendo o grande filtro para poder coibir a entrada principalmente de drogas para o Brasil, porque o mercado, o grande mercado consumidor está no Sudeste brasileiro, no que diz respeito a essa rota, e daqui vai para fora também. Então as forças de segurança, com coordenação e inteligência, têm avançado muito no desmantelamento dessas redes de crime organizado que estão sempre buscando novos caminhos, novas rotas, novos meios de praticar o ilícito, mas o estado tem que estar forte nessa coordenação e nessa ação. Não à toa bate recordes de apreensão todo ano, eles vão melhorando, improvisando e implementando novas condições de atuação.
[Kennedy Alencar]: Candidato, chegamos na reta final. Tem o Pinga Fogo, queria que o senhor respondesse em uma ou duas palavrinhas os tópicos que eu vou abordar com o senhor. Pode falar, por favor.
[Eduardo Riedel]: Só uma questão de entendimento. Depois vou ter espaço de consideração final?
[Kennedy Alencar]: A gente vai ter... encerra a entrevista, mas, se sobrar um tempo, a gente pode fazer mais uma pergunta para o senhor, ou o senhor pode se despedir também. Eu vou fazer o pinga-fogo rapidinho. Responde concisamente.
[Eduardo Riedel]: Você não me respondeu.
[Kennedy Alencar]: A favor ou contra uso de câmera no uniforme dos policiais?
[Eduardo Riedel]: Dependendo da polícia, porque são muitas.
[Kennedy Alencar]: Polícia Militar.
[Eduardo Riedel]: Sou contra.
[Kennedy Alencar]: A favor ou contra voltar a restringir a posse à porte de armas?
[Eduardo Riedel]: Temos que avaliar muito bem o segmento. A legislação, ela evoluiu em alguns sentidos, o que a gente vivia, e falo como cidadão, dentro da minha casa, morei na propriedade rural, eu me sentia absolutamente inseguro, então eu sou a favor da manutenção de posse em situações específicas.
[Kennedy Alencar]: A favor ou contra ampliar a possibilidade de aborto legal? Que hoje está previsto na lei, em duas possibilidades, que é o risco de morrer, resultado de estupro, e o Supremo também incluiu o feto sem cérebro.
[Eduardo Riedel]: Eu sou legalista, o que está posto na legislação, nós vamos respeitar.
[Kennedy Alencar]: Contra ou a favor de legalizar a maconha?
[Eduardo Riedel]: Sou contra.
[Kennedy Alencar]: Favor ou contra as cotas raciais?
[Eduardo Riedel]: As cotas raciais da maneira como estão acho que tem que ser modificadas. Eu sou a favor, mas vinculado também a questões sociais, a questões socioeconômicas.
[Kennedy Alencar]: Favor ou contra privatizar a Petrobras?
[Eduardo Riedel]: Sou a favor.
[Kennedy Alencar]: A favor ou contra revogar a reforma trabalhista?
[Eduardo Riedel]: A reforma trabalhista passou por uma ampla modificação e deve continuar sendo mais aberta a não tributação, garantindo direito de trabalhadores.
[Kennedy Alencar]: Um livro.
[Eduardo Riedel]: Do [Yuval] Harari.
[Kennedy Alencar]: O primeiro lá? O...
[Eduardo Riedel]: O século... 21, né?
[Kennedy Alencar]: Não, o primeiro é outro nome. Me fugiu agora. Como é que é? Sakamoto?
[Eduardo Riedel]: Dos três dele, o primeiro pra mim é o melhor.
[Kennedy Alencar]: Agora me fugiu. A gente volta com ele aqui.
[Leonardo Sakamoto]: Tem "Homo Deus", tem o "Sapiens" e tem—
[Kennedy Alencar]: "Sapiens". É o "Sapiens"
[Eduardo Riedel]: Homo Sapiens. Isso. O "21" é o último dele.
[Kennedy Alencar]: Isso. Boa, Saka, boa, boa. Uma música?
[Eduardo Riedel]: Garota de Ipanema.
[Kennedy Alencar]: Um sonho?
[Eduardo Riedel]: Um sonho é ver o estado mais presente, com justiça social para as pessoas, a sociedade mais justa no sentido mais amplo da palavra. A diferença entre posicionamento ideológico é o como, viu? Todo mundo quer isso.
[Kennedy Alencar]: Boa. Obrigado, candidato, respondeu bem aí ao pinga-fogo. O Sakamoto perguntou sobre a questão da exploração sexual infantil, a gente teve um episódio na campanha, que foi esse que o presidente Bolsonaro falou em dois podcasts, que ele encontrou meninas de 13, 14 anos, que pintou um clima, e que no entender dele, elas ganhavam a vida. Ou seja, elas não ganhavam a vida, elas não eram prostitutas, há ali uma difamação, e o Lula, e eu particularmente entendo que há um cunho pedófilo, um homem de 67 anos encontra meninas de 12, 13, 14 anos e diz que pintou um clima. Como é que o senhor avalia esse episódio?
[Eduardo Riedel]: Não acompanhei de perto. Nós tivemos um episódio aqui, na eleição. O ex-prefeito, candidato a governador do Estado, foi acusado. E agora foi indiciado. Ele falou que eu inventava fake news, ele foi indiciado agora por assédio sexual. De novo, intolerância absoluta com esse tipo de prática, eu acho que a sociedade brasileira não pode mais conviver com esse tipo de prática.
[Kennedy Alencar]: Sakamoto, Marcelo, têm mais uma pergunta? Senão eu vou mandar dos institutos de pesquisa que estão sob ataque também no Congresso Nacional, Cade e Polícia Federal. Teve uma decisão do Alexandre de Moraes para que essas investigações não continuassem. Como é que o senhor vê isso? O senhor acha que há censura, no caso, o senhor acha que é correto o Congresso querer restringir de alguma forma o trabalho dos institutos de pesquisas?
[Eduardo Riedel]: Kennedy, nós temos que fazer uma discussão muito mais profunda sobre o tema, porque isso remete a uma outra discussão que chama fake news, não é? Quer dizer, notícia falsa. Eu acho que a sociedade moderna está diante de um movimento, que as instituições ainda não conseguiram amadurecer em relação a esses pontos, e aí você lida com os tribunais tendo dificuldade de julgar posições tão apaixonadas. Porque as pesquisas em si, que eram um instrumento de trabalho, viraram instrumento de marketing. Eu vou dar um exemplo daqui. Na véspera da eleição, nós tivemos aqui uma pesquisa de âmbito nacional dando 31% para o meu oponente, ex-governador André, 18% para mim, 18% para o Contar, na véspera da eleição. Ele ficou com 17. Quer dizer, isso é instrumento de pesquisa ou instrumento de marketing? Que tipo de regulação a sociedade, os meios vão encontrar para bem informar? Isso cai no âmbito da fake news. Então, eu acho que é uma discussão profunda, sou totalmente contra a censura. Nós estamos numa democracia, temos que ter informação circulando, mas nós temos que discutir qual é o papel das instituições diante desse novo modelo, fruto da comunicação, da Internet, da comunicação aberta, que dá margem para muita coisa, e eu acho que a sociedade ainda não encontrou essa maturidade para entender os caminhos a serem tomados. As instituições, há uma dificuldade de se jugar as posições colocadas diante dessas novidades, então, acho que é essa situação que nós temos que reavaliar, discutir e chegar a um entendimento.
[Kennedy Alencar]: Candidato, o senhor tem aí um minuto para as suas considerações finais, pode aproveitar seu tempo aí.
[Eduardo Riedel]: Obrigado, eu só queria parabenizar vocês, agradecer pela entrevista de qualidade, de alto nível nesse painel nacional. Lamentar a falat do nosso adversário. Ele criou aqui uma modalidade extremamente interessante, que se chama "Lockdown do debate e da informação", ele não vai a nenhum debate e nenhuma entrevista mais, não sei por que razão. E eu acho que é extremamente importante candidatos se posicionarem diante da imprensa, diante de quem quer conhecer as suas ideias, propostas, porque é assim que a decisão é tomada pelo público, então, agradecer a vocês, dizer que a gente tem uma trajetória de vida muito transparente, clara, focada na busca pelo desenvolvimento e pela inclusão social, um desenvolvimento que seja justo, com absoluta responsabilidade socioambiental, e esse caminho que a gente quer trilhar no Mato Grosso do Sul, propondo o que estado continue a ser o que mais cresce no Brasil. Na pandemia, o Brasil cresceu meio por cento e nós crescemos 4,9%, não é pouca coisa. E esse equilíbrio, e fomos o estado que mais vacinou no Brasil, primeiro lugar colocado ao longo da pandemia. Liderei este entendimento entre Economia e Saúde, ater um equilíbrio, não politizando a pandemia e discutindo ações concretas. Então, eu quero propor um governo técnico, ação de resultado, com eficiência na gestão para poder atender às expectativas da população de uma maneira geral, e agradeço a oportunidade de conversar com vocês.
[Kennedy Alencar]: Candidato, nós que agradecemos a entrevista do senhor, a dedicação do tempo. Obrigado por ter participado. A gente lamenta que outro candidato não tenha aceito o convite, que de fato essas sabatinas, os debates, são importantes. Obrigado aí, bom dia para o senhor.
[Eduardo Riedel]: Muito obrigado, Kennedy. Obrigado, Sakamoto. Obrigado, Marcelo.
[Kennedy Alencar]: Marcelo, aquele abraço para você, meu caro, até uma próxima.
[Marcelo Toledo]: Obrigado, obrigado a todos pela companhia.
[Kennedy Alencar]: Valeu. Sakamoto, abração para você também, meu caro, até uma próxima.
[Leonardo Sakamoto]: Até, Kennedy! Obrigado, Marcelo. Muito obrigado candidato, um abraço a todos e todas.
[Kennedy Alencar]: Valeu. Agradeço a todos, agradeço a você que nos assistiu. A gente encerra agora uma sabatina do UOL e da Folha de São Paulo com Eduardo Riedel, que é o candidato do PSDB ao governo do Mato Grosso do Sul. Agradeço muito a sua audiência. Um abraço e até a próxima.