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MS: Tucano critica PSDB e diz que tem 'convicção' para apoiar Bolsonaro

Matheus Mattos

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/10/2022 10h56Atualizada em 20/10/2022 14h08

O candidato tucano Eduardo Riedel, que disputa o governo de Mato Grosso do Sul, disse que tem "convicção" para apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e relativizou o pedido de voto que o presidente fez a seu adversário, Capitão Contar (PRTB), "feito num calor de debate" na TV Globo. A afirmação foi feita hoje durante a sabatina promovida pelo UOL e pela Folha.

Apoiado pela ex-ministra Tereza Cristina (PP), que foi eleita no dia 2 senadora pelo estado, ele disse que "respeita" Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "como um homem público que foi no Brasil, com todos os problemas que tiveram", mas não pensou em apoiá-lo após a declaração de Bolsonaro.

"Eu tenho minhas convicções, minha escolha político-eleitoral foi tomada lá atrás e foi construído um projeto para o Mato Grosso do Sul com a então ministra Tereza Cristina. A posição do presidente Bolsonaro foi uma posição num calor de debate, mas isso não muda o meu posicionamento político", afirmou, citando que depois Bolsonaro disse que vai se manter neutro na disputa estadual.

"Eu acho só importante ressaltar que meu posicionamento à reeleição do presidente é um posicionamento que vem a tempo. Já o meu adversário só tem esse discurso e essa fala. Ele pega carona nesse eventual movimento que existe em relação ao presidente Bolsonaro", atacou.

No primeiro turno, ele e Contar ficaram próximos nos votos válidos. Contar teve 26,71%, enquanto ele ficou com 25,16%.

Não existe mais cabresto do eleitor. Todo apoio é bem-vindo. Agora, eu não participo dessa discussão da velha política. Meu projeto é em torno de um propósito e não de conchavos políticos. Todos os perdedores da eleição estão com meu adversário."
Eduardo Riedel, candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo PSDB

Ele também criticou seu próprio partido pela falta de uma visão clara em relação a seu posicionamento no campo ideológico". Além disso, pelo apoio a Lula. Figuras históricas do PSDB, como FHC e Aloysio Nunes, já manifestaram voto no ex-presidente. Riedel. ressaltou que tem "respeito pela história deles", mas afirmou "não concordar com o apoio". "Não faz parte da minha formação apoiar a linha de trabalho do Partido dos Trabalhadores, com todo respeito ao partido e ao ex-presidente, não faz parte da minha gênese isso."

E acrescentou: "O PSDB tem que fazer uma discussão interna para encontrar o seu caminho. Eu advogo por um posicionamento liberal, em absoluto respeito ao desenvolvimento socioambiental".

Pantanal e queimadas

Sobre o Pantanal e as crescentes queimadas no bioma, ele afirmou ser uma das prioridades em seu eventual governo. "Na linha de combate aos incêndios florestais, especialmente no bioma Pantanal, nós temos que trabalhar em duas vertentes. Primeiro na prevenção, atuar fortemente numa discussão de conscientização e prevenção dos incêndios que são causados. O segundo é a estrutura e capacidade de combate, que você não faz só com poder público, tem também as brigadas constituídas", afirmou.

Ele evitou criticar a atuação do governo federal nas questões ambientais e explicou que imagem negativa internacionalmente sobre o tema é ocasionada por "má interpretação". "[Bolsonaro] é criticado por falar alguma coisa que as pessoas não gostam, mas existe a necessidade de respeitar a legislação", afirmou, citando que as demandas indígenas, inclusive na demarcação de terras, são "questões mal resolvidas no país".

Disse ser "absolutamente intolerante" com o trabalho indígena em situação análoga à escravidão no estado e destacou que discussão sobre demarcação de terras precisa ser feita com cuidado.

"A discussão sempre era feita em cima de áreas legalizadas, e esse não é um bom caminho. E não podemos também conviver com uma situação de uma aldeia que está praticamente dentro da cidade, e a solução é o aumento de território em área urbana", e finalizou: "Essa decisão, para cada localidade, tem uma realidade."

O candidato afirmou também que, se o estado mantiver a porcentagem de crescimento, a taxa do ICMS vai se manter em 17%. "É importante para competitividade, não só do setor de produção, como indústria, comércio, micro e pequenos empresários, mas para população de uma maneira geral. Nossa expectativa é 100% manter a quebra dessas alíquotas."

Eduardo Riedel ainda se colocou contra as câmeras nos uniformes de policiais militares, contra a legalização da maconha, a favor da privatização da Petrobras e a favor do porte e posse de armas nos territórios rurais.

Seu adversário no segundo turno, Capitão Contar (PRTB), não aceitou participar da sabatina, dizendo não ter agenda, apesar de terem sido oferecidas diversas opções de dias e horários.

A sabatina foi conduzida por Kennedy Alencar e pelos jornalistas Leonardo Sakamoto, do UOL, e Marcelo Toledo, da Folha de S. Paulo.