Leite não declara voto e faz defesa das instituições: 'Há alternativa'
O candidato ao governo do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) não quis declarar o seu voto para a Presidência da República, apesar de ter afirmado que não votará nulo no próximo dia 30 de outubro. "Na eleição nacional, como cidadão, não revelarei meu voto, mas terei meu voto como cidadão para um dos candidatos", afirmou.
"Eu respeito aqueles que façam até o voto branco e nulo, mas entendo que essa eleição precisa ter a escolha de um dos candidatos, eu vou reservar o direito de não manifestar meu voto e nem no que eu não voto obviamente", acrescentou o tucano, que chegou a apoiar Jair Bolsonaro em 2018, mas disputa contra o ex-ministro dele Onyx Lorenzoni. A declaração foi feita durante sabatina UOL/Folha nesta terça-feira (18).
Segundo ele, "entrar no debate eleitoral nacional só atrapalharia o debate local". "Não é uma questão de tirar votos ou dar votos, é uma questão de nós podermos nos debruçar sobre o tema e debate que deve interessar e votar uma eleição local."
Ele também criticou as atitudes de seu adversário, que defendeu ter "uma primeira-dama de verdade" no estado.
"Não é um episódio isolado, não é apenas a manifestação do meu adversário sobre ter uma primeira-dama de verdade, o que primeiro lugar, além de homofóbico, é absolutamente insano, achar que os problemas do estado serão resolvidos porque tem uma primeira-dama é absolutamente irresponsável. Ele incentiva no mínimo esse tipo de comportamento."
Ele não vê que o conservadorismo, muito presente no Rio Grande do Sul, possa lhe tirar votos. "Eu tenho confiança absoluta no povo gaúcho, que sempre me deu melhor carinho e tratamento, então não representam estes que estão fazendo estas declarações a maioria do povo gaúcho. É um povo que eu tenho certeza de que na sua maioria é acolhedor, eu sempre fui recebido por uma imensa maioria de gaúchos que me dão carinho, incentivo, que me instigam a fazer ainda mais o respeito, o amor e o diálogo."
Em 2021, quando era governador do estado, Leite declarou que é homossexual em entrevista ao programa "Conversa com Bial", da TV Globo.
Meu papel é defender para que não haja um retrocesso, nem do ponto de vista fiscal, nem do ponto de vista civilizatório aqui no Rio Grande do Sul."
Eduardo Leite, candidato pelo PSDB ao governo
Bolsonarismo e polarização
O tucano também falou que será preciso discutir o bolsonarismo no pós-eleição e defendeu ser necessário entender por que uma boa parcela da população se associa às pautas mais conservadoras desse grupo.
"A gente precisa fazer uma análise bem mais ampla disso, o que vai ser reservado sem dúvida nenhuma para o momento seguinte as eleições. Nesse momento eu busco defender e proteger meu estado de uma posição política que é preconceituosa, agressiva, sem prolongo, dentro do que eu já mostrei a população gaúcha da forma como eu ajo, que é pelo contrário, a essa posição, a do diálogo aqui, respeito às diferenças."
Leite disse que é um "sobrevivente" na disputa que teve dois candidatos com padrinhos políticos nacionais.
"Eu consegui chegar ao segundo turno apesar de não participar dos polos, dois candidatos aqui no Rio Grande do Sul, tinham seus padrinhos políticos, estavam especialmente vinculados a candidaturas nacionais. Eu cheguei ao segundo turno sem participar dessa polarização, isso é uma alternativa que nós estamos apresentando."
Reduzir partidos
Um dos poucos candidatos tucanos a disputar o segundo turno nestas eleições, Leite defendeu que o PSDB se mantenha como um partido moderado e disse que o caminho que a política nacional tem tomado com a polarização é de destruição. "Eu quero estar num partido em que eu me reconheça", declarou.
"Tem que antes de tudo ser moderado, não significa ficar em cima do muro, a moderação significa podermos exercer de forma firme as nossas convicções, sem passar por cima dos outros. O caminho que a política nacional tomou nesta polarização é de destruição de um campo ou de outro, né? Quero poder ajudar a criar algo que permita melhor convivência."
O tucano afirmou ainda que o país tem caminhado para uma redução no número de partidos e citou uma possível fusão do PSDB com outra sigla no futuro. "No sistema eleitoral que nós temos, pra ter relevância, vai ter que aumentar a sua representatividade", afirmou.
Promessas
O ex-governador afirmou que, se eleito, vai investir em melhorar a educação gaúcha, olhando para o ensino integral. Uma das promessas é de ampliar para 140 o número de escolas de ensino médio com aulas em tempo integral já no próximo ano. A meta final, segundo o tucano, é chegar ao fim do mandato com 500 colégios de tempo integral.
Questionado sobre a implementação de escolas cívico-militares no estado, o candidato disse que o modelo não pode ser lido como uma solução para os problemas da educação no Rio Grande do Sul. "Não tem uma dezena de escolas nessa condição, possíveis de serem implementadas no curto prazo no estado. Nós temos só, na rede estadual de ensino, 2.300 escolas. Não tem escalabilidade e nem é razoável que se pense dessa forma."
Falando sobre economia, o tucano defendeu a renegociação de dívidas feita com a União e afirmou que a sua gestão no estado já havia feito redução de impostos antes mesmo da discussão sobre o ICMS avançar no âmbito federal. "No início do ano já tínhamos feito redução de ICMS de 18% para 5%, já tínhamos feito uma série de medidas", finalizou.
Líder, Onyx não quis participar de sabatina
O primeiro turno no Rio Grande do Sul terminou com Onyx Lorenzoni (PL) à frente, com 37,5% dos votos e Leite com 26,81%.
Também concorrendo ao segundo turno, Onyx Lorenzoni (PL) não aceitou participar da sabatina, dizendo não ter agenda, apesar de terem sido oferecidas diversas opções de dias e horários.
A entrevista foi conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral, pelo colunista Alberto Bombig, do UOL, e pela editora Alexa Salomão, da Folha de S.Paulo.
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