De dieta e sem Bolsonaro, Pablo Marçal quer embaralhar eleição em SP
O empresário Pablo Marçal (PRTB) tem 37 anos, está de dieta há quase dois meses e tem certeza que será o próximo prefeito de São Paulo. Sem apoio de Jair Bolsonaro (PL), surgiu em terceiro na última pesquisa do Datafolha, empatado com José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB), e já embolou a disputa.
O que aconteceu
Marmita fit no almoço antes de entrevista na sexta (7). Marçal recebeu o UOL na sede do PRTB, no centro de São Paulo, a poucos metros da prefeitura. De terno azul escuro e camisa azul clara, conversou por uma hora com a reportagem no começo da tarde, Tinha a agenda cheia — havia entrevistas marcadas antes e depois. A meta é chegar à campanha, em 16 de agosto, mais conhecido do que no ambiente virtual, que já domina com cursos e vídeos motivacionais.
Assessor do pré-candidato filmou com celular toda a conversa com a reportagem. Além dele, outras cinco pessoas acompanharam a entrevista.
"Se Boulos não estivesse concorrendo, eu teria pensado muito mais antes de entrar na disputa", disse Marçal. O pré-candidato do PSOL é o alvo preferido do empresário, que disse em entrevista à Folha que concorre para tirar Boulos do caminho. O psolista também provoca o empresárioa. Na quarta (5), Boulos o chamou de "coach picareta" e disse esperar que Marçal "não venda sua candidatura" para poder enfrentá-lo nos debates.
Respeito e críticas a Nunes. Se Boulos é um alvo óbvio, o prefeito de São Paulo é um adversário direto e competitivo que Marçal também desqualifica. "Nunes é inteligente e humilde, mas não representa o futuro", afirma pré-candidato do PRTB. No último dia 30, o prefeito de São Paulo também se mostrou disposto a encarar o empresário com quem disputa o mesmo público conservador. Nunes disse que os eleitores não irão às urnas escolher um "professor de coach".
Marçal afirmou que considera Datena "um grande comunicador". Já Kim Kataguiri (União Brasil) é "bom parlamentar" e Tabata, "uma guerreira", nas palavras de Marçal — mas ele avalia que ambos não têm maturidade para o cargo.
O sonho de Marçal é ser eleito no 1º turno. Lançado pré-candidato no último dia 24, ele teve 7% das intenções de voto na último Datafolha. É menos do que têm Boulos (24%) e Nunes (23%), mas tecnicamente o mesmo que Datena e Tabata (ambos com 8%) — já que a pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais.
Dois nomes sairão da disputa pela prefeitura nos próximos meses, afirma Marçal. Na entrevista ao UOL, ele disse que fala com todos os pré-candidatos — com exceção de Boulos — e que, por isso, preferia não identificar os desistentes. Mas, segundo ele, um dos postulantes irá desistir e outro será forçado a sair de cena.
Bolsonarista não, marçalista
"Sou marçalista", disse empresário, ao ser perguntado se se considerava um bolsonarista. O pré-candidato e o ex-presidente almoçaram em Brasília na terça (3). Segundo Marçal, ele não pediu apoio — só conselhos, e sabe que Bolsonaro está com Nunes, a quem deve indicar o vice.
Marçal quer percorrer todos os bairros da cidade durante a campanha. Ele planeja fazer um uso "normal" da internet, onde tem mais de 10 milhões de seguidores nas redes sociais. Segundo ele, a ideia é se aprimorar no que ainda não fez — ou seja, a tradicional disputa pelo voto dos eleitores nas ruas.
Pré-candidato se opõe à internação compulsória de dependentes químicos da "cracolândia". Para ele, a medida viola o direito de ir e vir e é ineficaz. Se eleito, ele pretende apoiar instituições que já atuam na região e dedicar atenção ao tema. "Cracolândia é uma questão que quero tratar pessoalmente", diz.
Marçal já ganhou uma eleição em São Paulo, mas não levou. Em 2022, após ter a candidatura à Presidência da República impedida pelo Pros, ele disputou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo partido e obteve mais de 240 mil votos — mas sua candidatura foi indeferida. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, por falta de documentos.