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Nunes terceiriza escolha, e Tarcísio anuncia ex-Rota como vice

Ana Paula Bimbati e Bruno Luiz

Do UOL, em São Paulo

21/06/2024 16h34

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta sexta-feira (21) que o ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo (PL) será o vice na chapa de Ricardo Nunes (MDB) na disputa pela reeleição em 2024.

O que aconteceu

Nome do coronel aposentado da Polícia Militar já era tido como certo desde a semana passada, mas foi oficializado nesta sexta durante agenda na zona sul da capital. Mello Araújo foi indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desde o início do ano.

Anúncio ficou a cargo de Tarcísio em meio a desgaste do prefeito com aliados. "[Coronel] tem identidade com um tema hoje que é muito caro para a cidade, que é a segurança pública", disse o governador.

Terceirização foi estratégia para diluir o ônus de bancar o ex-Rota como vice. Com capital político crescente como liderança política nacional, Tarcísio daria uma espécie de validação a Mello Araújo, e seria uma demonstração pública de unidade da base em meio às críticas nos bastidores. Nunes afirmou à imprensa que não sabia nem ao menos a data que o anúncio seria feito.

Tarcísio afirmou que o nome foi uma convergência entre os 11 partidos que apoiam à reeleição de Nunes. O governador organizou um jantar no dia do seu aniversário para discutir o assunto com representantes das legendas.

O presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União), estava presente durante o anúncio. Ele foi um dos apoiadores que não concordava com o nome de Mello Araújo.

Essa página está superada. Agora vamos andar pra frente. A gente vai pensar agora com o Ricardo a elaboração de plano de governo. Aquilo que construiu ao longo do mandato, ele está conseguindo entregar agora. É concretizar essas entregas, pensar no futuro.
Tarcísio de Freitas, governador

Inicialmente, o nome do coronel não tinha a simpatia de muitos. As pessoas foram conhecendo o coronel Mello. Ele foi se apresentando e as pessoas foram gostando. Tarcísio tinha simpatia por outros nomes, passou a defender o Mello depois. Foi uma construção. Fico feliz, satisfeito, porque verdadeiramente foi feita uma construção, um diálogo.
Ricardo Nunes, prefeito

Articulação política

O governador passou a liderar a articulação para que Mello Araújo ficasse com a vaga de candidato a vice a pedido de Bolsonaro. Com a chancela do governador e do ex-presidente, nomes alternativos ficaram quase inviáveis.

Mello Araújo sofreu resistência dentro do próprio partido. O presidente municipal do PL em São Paulo, Isac Félix disse que o vice deveria ser um nome que agregasse mais votos. A bancada municipal do PL divulgou nota nesta sexta, no entanto, dizendo estar "de acordo" com a indicação.

Aliados acreditam que Tarcísio e Nunes não tiveram alternativa a não ser aceitar nome de Bolsonaro. O voto bolsonarista é considerado essencial pelo prefeito. O coronel é um homem de confiança do ex-presidente e passaria um recado ao eleitor bolsonarista de que ele está envolvido com a campanha. "O cara vai olhar o coronel e dizer 'Bolsonaro está com o Ricardo [Nunes] mesmo", afirmou um dirigente do PL.

A pré-campanha de Nunes se articulava para definir o vice próximo das convenções partidárias — que se iniciam em julho. As últimas semanas pressionaram o prefeito a tomar uma decisão.

O anúncio do vice também foi acelerado para frear o crescimento de Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas. Ele tem aparecido no terceiro lugar nas intenções de voto em alguns levantamentos e tira votos de Nunes.

O coach tenta obter apoio do PL à sua pré-candidatura a prefeito e chegou a se reunir com integrantes do partido para articular uma aliança. Bolsonaro, no entanto, desautorizou articulações pró-Marçal na legenda. Ele afirmou, recentemente, que a sigla deve estar unida em torno de Nunes.

Quem é Mello Araújo

Ex-chefe da Rota, ele ficou à frente do comando da Rota entre 2017 e 2019. Quando assumiu o cargo, ele defendeu, em entrevista ao UOL, abordagens diferentes para pessoas na periferia e em regiões nobres.

Mello Araújo também presidiu a Ceagesp — sindicalista criticam sua gestão à frente da companhia. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação contra a companhia com base nos relatos dos funcionários de militarização dos espaços e abusos.

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