Valdemar diz que eleger Nunes em São Paulo é 'caso de vida ou morte'

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, disse neste sábado (15) que reeleger o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo é caso de "vida ou morte" e reafirmou o compromisso do partido com o emedebista.

O que aconteceu

Fala de Valdemar foi recado para membros do partido que tem atuado a favor de Pablo Marçal (PRTB). O pré-candidato tem reunião marcada com deputados estaduais do PL e busca apoio da direita para a disputa. As declarações de Valdemar foram dadas num evento da legenda com prefeitos e a bancada estadual e federal para traçar estratégias para as eleições de 2024, na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

Pesquisas eleitorais mostram que a entrada de Marçal tem potencial para embolar a disputar e tirar votos do atual prefeito. Levantamento publicado pelo Datafolha em maio mostra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) empatado tecnicamente com Nunes, com 24% e 23%, respectivamente. No segundo pelotão, também há empate técnico — nele estão José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB), com 8% cada, Marçal com 7%, Marina Helena (Novo) e Kim Kataguiri (União) com 4% cada. João Pimenta (PCO), Fantauzzi (DC), Ricardo Senese (UP) e Altino (PSTU) têm 1% cada. Declaram votos em branco ou nulo 13%, e 5% não souberam.

Valdemar chamou Boulos de "inimigo" a ser combatido e acusou membros do PSOL de serem "mal-intencionados". Ele disse que, caso eleito prefeito, Boulos "colocaria fogo" no país.

Nunes foi ao evento e foi anunciado como "convidado de honra". O prefeito discursou por cerca de dois minutos, apenas agradeceu pelo convite e disse que a eleição será "o maior desafio". Nunes saiu sem falar com a imprensa e antes do discurso do presidente do PL. Mais cedo, ele já havia conversado com o presidente da Alesp, André do Prado (PL), e com Valdemar sobre o cenário eleitoral.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniu ontem com Nunes e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para discutir o nome do vice na chapa e reiterar seu apoio ao prefeito. Os três almoçaram com o ex-comandante da Rota Ricardo Nascimento Mello Araújo, nome preferido de Bolsonaro e do governador para a vice. A expectativa era de que o anúncio fosse feito ontem, mas o prefeito afirmou que irá se reunir com os partidos se sua coligação na próxima semana para sacramentar o escolhido para o posto.

No encontro, Bolsonaro afirmou que faria chegar a Valdemar o recado de que o partido deve ficar unido. Os dois não podem ter contato por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.

Valdemar critica Kassab e ausência do partido no governo Tarcísio

O presidente do PL reafirmou que Tarcísio vai se filiar ao partido e criticou a ausência de quadros da legenda na gestão paulista. "Ele colocou um pessoal que é gente séria, qualificada, mas que não entende do assunto, não entende de política. Como pode um partido com 19 deputados ter só uma secretaria?", criticou. Os únicos secretários do PL na administração paulista são Guilherme Derrite (Segurança Pública) e Valéria Bolsonaro (Mulher).

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Valdemar disse que "jamais" deixará Gilberto Kassab (PSD) ser vice de Tarcísio. O político ajudou na campanha do governador e hoje ocupa a secretaria de Governo, uma das mais importantes da administração. "O sonho dele [Kassab] é ser vice do Tarcísio, se o Tarcísio for governador [em 2026], que tem grandes chances. Depois, o Tarcísio sai para senador, presidente e ele assumiria o governo. O Kassab não vai ser jamais porque não vamos deixar", afirmou o presidente do PL.

Dirigente disse que Bolsonaro, se seguir inelegível, será o responsável por escolher o candidato à Presidência do PL em 2026. O ex-presidente foi condenado a inelegibilidade pelo TSE no ano passado por atacar, sem provas, a credibilidade do sistema eleitoral em uma reunião com embaixadores em julho de 2022, a pouco mais de dois meses das eleições em que foi derrotado por Lula (PT).

O que disse Valdemar

Nunes é nosso candidato a prefeito de São Paulo, vai para o segundo turno com o Boulos. Nós só temos um inimigo em São Paulo, que é o Boulos. Vamos esquecer o PT, vamos esquecer o Lula (...) Camarada que é normal, que quer o bem do país não pode entrar no PSOL. O camarada que entra no PSOL é mal-intencionado. Se o Boulos ganhar a eleição em São Paulo, ele põe fogo no Brasil. Essa é a intenção dessa gente. Valdemar da Costa Neto, em evento do PL

O caso do Nunes é vida ou morte para nós. Não podemos correr risco dele não ir para o segundo turno. Não podemos perder essa chance, isso é vida ou morte para nós. E todos vocês têm influência em São Paulo.

Quando ele [Tarcísio] vier para o PL, tenho certeza que nós vamos poder colaborar com ele, por gente para ajudar o Tarcísio na política porque ele não tem quem faça isso pra ele (...) "Isso [falta de quadros do partido no governo paulista] vai mudar porque o Tarcísio vai para o PL.

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O que disse o PSOL

Nesta terça (18), o PSOL se posicionou sobre os comentários de Valdemar. O partido disse que "de morte o PL entende".

Realmente a eleição de São Paulo é caso de vida ou morte. E de morte o PL entende. O partido, que vai indicar o vice ao atual Prefeito, tem como principal liderança um ex-presidente que, por conta de seu descaso na pandemia, levou milhares de brasileiros à morte e que já falou abertamente que a solução do país seria uma guerra civil com a morte de outros milhares de inocentes e que prega ao fuzilamento de adversários políticos.

A escolha, portanto, é entre uma candidatura como a de Guilherme Boulos, que defende comida no prato, moradia digna e a valorização da ciência e da educação contra o negacionismo genocida, ou outra que tem como principal fiador um partido liderado por quem defende a destruição e a morte sem nenhum pudor e quer estender cada vez mais seus tentáculos na capital de São Paulo. Nota do PSOL sobre as falas de Valdemar da Costa Neto

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