Disputa por Prefeitura de Santos tem Bolsonaro e Tarcísio em lados opostos

Mudança de partido do prefeito criou descompasso entre Tarcísio e Bolsonaro. Rogério trocou o PSDB pelo Republicanos em outubro. À época, a migração foi lida como parte da estratégia do prefeito para tentar enfraquecer a pré-candidatura de Rosana, que até então tinha apoio do governador e do ex-presidente.

Condenação por improbidade administrativa pode inviabilizar candidatura de Barbosa. A decisão em segunda instância foi divulgada no começo do mês pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Hoje deputado federal, o tucano é acusado de irregularidades na contratação de empresas para publicidade quando prefeito.

Mulheres são pré-candidatas da esquerda. A ex-prefeita e hoje vereadora Telma de Souza deve ser o nome do PT na disputa. Segundo o Paraná Pesquisas, ela é recordista de rejeição (42,3%) e tem entre 2,4% e 16,3% das intenções, de acordo com o cenário. Já a vereadora Débora Camilo, do PSOL, tem cerca de 4%.

Atual prefeito preferiu não se manifestar. Procurado pela reportagem, Rogério informou por meio de sua assessoria que "está focado nas demandas do seu mandato" e "se pronunciará sobre o período eleitoral em momento oportuno". Já Barbosa não retornou os contatos até o fechamento do texto.

Zona de interesse

Santos ganhou destaque no governo de Tarcísio. A Baixada Santista foi palco das operações Escudo e Verão, da Polícia Militar. Iniciadas em julho de 2023, as ações deixaram mais de 50 mortes — mas não abalaram popularidade do governador, que segue acima de 70% em Santos.

Bolsonaro foi mais votado do que Tarcísio em Santos. Em 2022, o ex-presidente recebeu na cidade cerca de 125 mil votos no primeiro turno e outros 145 mil votos no segundo turno. Já o atual governador de São Paulo obteve o apoio de cerca de 110 mil eleitores na primeira votação e de 141 mil na segunda rodada.

Rosana ampliou votação em Santos em 2022. A deputada saltou de cerca de 35 mil votos na cidade litorânea em 2018 para mais de 55 mil quatro anos depois. A maior parte de seus eleitores vive na Baixada Santista. Entretanto, o número de votos recebidos por ela em municípios do interior também cresceu no último pleito.

Em 2020, Rogério teve mais de 100 mil votos para prefeito. Foi a primeira vez que o político disputou a Prefeitura de Santos. Hoje, sua aprovação está em 60,8%, de acordo com o Paraná Pesquisas. Antes de Rogério, Barbosa obteve mais de 140 mil votos nas duas vezes em que foi eleito prefeito, em 2012 e 2016.

PSDB venceu as últimas três eleições em Santos. Tanto Barbosa quanto Rogério estavam filiados ao partido nas vitórias de 2012, 2016 e 2020. A última vez em que a esquerda venceu na cidade foi em 1992, quando elegeu David Capistrano, do PT. Ele sucedeu Telma de Souza no cargo, também petista e eleita em 1988.

Descompasso entre Bolsonaro e aliados se repete em, pelo menos, mais uma cidade de São Paulo. Em Guarulhos, o ex-presidente se aliou ao deputado estadual Jorge Wilson (Republicanos), que disputará a prefeitura com o vereador Lucas Sanches, que tem apoio de Valdemar da Costa Neto e é do PL, partido de Bolsonaro.