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Pré-candidata do PT: Quem jogou Porto Alegre na crise não vai resgatá-la

Eduardo Baszczyn

Colaboração para o UOL, em São Paulo

28/06/2024 15h33

A pré-candidata do PT à Prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário, afirmou que a atual gestão jogou a capital gaúcha em uma crise completa e foi leniente em relação às enchentes que atingiram a região. Ela foi entrevistada, nesta sexta-feira (28), em sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo.

O que aconteceu

Maria do Rosário criticou a falta de manutenção e de investimentos no sistema contra enchentes e disse que houve leniência por parte da atual gestão. A pré-candidata do PT afirmou não sentir um peso maior por representar uma das poucas candidaturas próprias de seu partido nas próximas eleições, mas uma responsabilidade mais importante em relação à população de Porto Alegre.

Eu sinto essa responsabilidade mais pela população do que pelo partido. Por sabermos que a gente pode fazer mais, que pode ter um programa que integre mais a cidade. Porque, afinal de contas, não será quem jogou a cidade nessa crise total em que ela se encontra por ausência de manutenção básica dos serviços de proteção que vai conseguir resgatá-la
Maria do Rosário (PT), em sabatina UOL/Folha

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A pré-candidata também criticou a dificuldade de articulação política da atual gestão municipal. De acordo com a petista, o pré-candidato do MDB à reeleição, Sebastião Melo, tem problemas em efetuar parcerias com administrações de cidades da região metropolitana de Porto Alegre e com os governos estadual e federal.

Maria do Rosário diz que optou por evitar um processo eleitoral focado na polarização política. Para ela, o momento é de se concentrar na recuperação e no futuro da capital gaúcha.

Para superarmos este momento difícil, é muito importante que estejamos focados nas questões locais. Eu vejo muito mais a necessidade de parcerias, neste momento, de um trabalho conjunto com os governos federal e do estado, em um trabalho que integre a população. É por isso que eu escolhi não fazer o processo eleitoral focado no que nos divide aqui em Porto Alegre. Aqui não vai ser 'este contra aquele'

Extrema direita

Durante a sabatina, Maria do Rosário classificou o bolsonarismo como "uma chaga" e afirmou que Jair Bolsonaro é "uma página virada". Em 2019, Rosário obteve na Justiça decisão que condenou o ex-presidente a se desculpar publicamente por ofensas feitas a ela e uma indenização por danos morais.

Eu não tive nenhuma disputa com este senhor. Eu tive uma circunstância gratuita de agressão e eu venci judicialmente. Então eu sou a mulher que o enfrentou e derrotou judicialmente, no âmbito de danos morais. Então para mim, ele é uma página virada. Eu nunca dirigi a palavra a ele e não vou dirigir. E tenho que trabalhar pelo Brasil como deputada federal e não será esse senhor ou quem quer que seja que vai me retirar do meu foco, que é atender a nossa gente. A gente não precisa só de disputa

A pré-candidata também disse acreditar que a extrema direita trabalha para a paralisia da política. "Trabalha naquilo que é pior: o dissenso, o ataque, a política do ódio e não podemos ficar paralisados em um discurso repetitivo."

PL antiaborto e tarifa zero

A pré-candidata classificou o projeto de lei que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao homicídio como uma violência contra as mulheres e, sobretudo, contra as crianças. "É desumano pensar que alguém que é vítima de estupro tenha que sofrer toda essa pressão", disse, acrescentando que o Parlamento não deveria estar discutindo algo tão retrógrado.

Rosário prometeu tarifa zero para o transporte de estudantes na capital gaúcha. Ela também se mostrou favorável a estender o projeto para outras categorias, mas afirmou que esse é um processo complexo que precisa ser analisado na prática.

Maria do Rosário lidera a disputa na capital gaúcha, com 30,2% das intenções de voto, segundo pesquisa da AtlasIntel divulgada na semana passada. Ela é seguida pelo atual prefeito Sebastião Melo (MDB) —com 24,8%. O pré-candidato à reeleição também foi convidado para a série de sabatinas, mas não aceitou participar.

Esperança do PT para reconquistar a prefeitura depois de 20 anos, Maria do Rosário disputa o cargo pela segunda vez. Em 2008, perdeu para o então prefeito José Fogaça (MDB).

No sexto mandato como deputada federal, a petista foi eleita pela primeira vez para a Câmara dos Deputados em 2002. Nesse período, licenciou-se apenas uma vez, em 2011, para assumir a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no governo Dilma Rousseff (PT).

A pré-candidata foi coordenadora da Frente Parlamentar de Promoção e Defesa dos Diretos da Criança e do Adolescente. Ela também relatou a CPI Mista que investigou redes de exploração sexual de menores.

Ciclo de sabatinas UOL e Folha

A sabatina com Maria do Rosário foi conduzida pela jornalista Fabíola Cidral, com participações dos repórteres Graciliano Rocha, do UOL, e Carlos Vilella, da Folha. Na quinta-feira (27), o entrevistado foi o pré-candidato do União Brasil, Thiago Duarte.

O ciclo de entrevistas está ouvindo os principais pré-candidatos a prefeituras de 17 cidades do país. As sabatinas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo.

A série foi aberta com pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte: o atual prefeito Fuad Noman (PSD) e o deputado federal Rogério Correia (PT). Na semana passada, foi a vez de Salvador, com dois pré-candidatos à prefeitura da capital baiana: o atual prefeito, Bruno Reis (União Brasil), e Kleber Rosa (PSOL).

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