Boulos: 'Nunes tem medo de aparecer com Lula pois é refém do bolsonarismo'
Do UOL*, em São Pauo
12/07/2024 10h22Atualizada em 12/07/2024 12h44
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, afirmou que seu principal adversário, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), é "refém do bolsonarismo" e por isso não participa de eventos com o presidente Lula (PT) na capital paulista. A fala ocorreu nesta manhã, durante a sabatina realizada pelo UOL e o jornal Folha de S.Paulo.
O que Boulos disse
O pré-candidato do PSOL declarou que Nunes tem medo de aparecer ao lado de Lula. Boulos afirmou que tanto o prefeito da capital quanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) são convidados para participar de agendas públicas do presidente em São Paulo, mas nenhum deles vai.
Acho que o Nunes não vai [aos eventos com Lula] porque ele tem medo de aparecer ao lado do presidente e ser alvo dos bolsonaristas, porque ele está refém do bolsonarismo.
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Boulos afirmou que a maioria dos eleitores ainda não sabe quem Lula e Jair Bolsonaro (PL) apoiam. "Eu quero discutir os temas da cidade, mas é inevitável, ainda mais no país polarizado, com tudo que a gente viveu nos últimos anos, a gente saber quem apoia quem. A gente [precisa] saber que o atual prefeito colocou um vice indicado pelo Jair Bolsonaro que acha que tem que tratar diferente quem mora nos Jardins e na periferia."
A maior parte do público de zero a dois salários mínimos, que está nas periferias sofrendo as consequências, não sabe que o Ricardo é apoiado pelo Bolsonaro, não sabe que eu sou apoiado pelo Lula, não conhece ainda o xadrez eleitoral de São Paulo e não conhece as propostas de cada um dos candidatos. Esse público ainda vai saber. Esse é o público em que não tenho a menor dúvida que vou crescer.
Datafolha de julho apontou que 65% dos eleitores paulistanos rejeitam votar em candidato apoiado por Bolsonaro. A pesquisa também mostrou que mais da metade (56%) do eleitorado mudaria o voto pela rejeição ao padrinho político. Rejeição a apoiado por Lula (PT) é de 45%.
O psolista focou as críticas no atual prefeito, apoiado pelo ex-presidente Bolsonaro. "Acho impressionante quererem inverter onde está o uso da máquina pública. O atual prefeito usa cada inauguração, às vezes uma placa, um metro de asfalto, chama imprensa, fala mal de mim, se promove com dinheiro publico, e isso é tratado como natural. O Ricardo Nunes teve várias condenações por campanha antecipada", afirmou, ao ser questionado sobre o ato de 1º de maio em que Lula pediu votos a ele. A Justiça condenou o presidente e o pré-candidato e impôs multa por propaganda antecipada.
Boulos disse que Lula não errou ao ter pedido votos para ele. "Acho que expressou a posição dele em ato das centrais [sindicais], que não era ato oficial de governo, num feriado em que ele estava fora da agenda oficial. Nós recorremos à Justiça Eleitoral. A campanha recorreu."
O prefeito e o governador não participaram de evento com Lula no final de junho. Na agenda, o presidente assinaria o contrato de expansão da linha 5 do metrô — Lula disse que não assinou o documento por conta da ausência dos dois. Em nota no dia seguinte ao evento, o governo do estado de São Paulo disse que Tarcísio não foi ao evento porque o contrato já estava assinado.
Quem é Guilherme Boulos
Guilherme Castro Boulos, 42, vai concorrer à Prefeitura de São Paulo pela segunda vez. Na primeira tentativa, em 2020, ele chegou ao segundo turno e teve mais de um milhão de votos, mas acabou derrotado por Bruno Covas (PSDB), morto no ano seguinte. Em 2022, foi eleito deputado federal por São Paulo com a maior votação para o cargo no estado.
Filho de médicos, Boulos é formado em filosofia e mestre em psiquiatria, mas ficou conhecido pela atuação política. Ele começou sua militância no movimento estudantil e se tornou líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Em 2018, candidatou-se à Presidência da República e ficou em 10º lugar no primeiro turno, com pouco mais de 600 mil votos.
Boulos tem disputado a liderança nas pesquisas eleitorais com o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na sondagem mais recente do Datafolha, divulgada na última segunda-feira (8), Nunes marcou 24% contra 23% de Boulos, um empate técnico — a margem de erro foi de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Próximas sabatinas
O UOL e o jornal Folha de S.Paulo promovem sabatinas com pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo. Pablo Marçal (PRTB) foi entrevistado no dia 10. No dia 15, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, participa da sabatina às 10h. José Luiz Datena (PSDB) é o entrevistado do dia 16, também às 10h.
Ao todo, o UOL e a Folha vão promover sabatinas com candidatos à prefeitura de 17 cidades do país. Já aconteceram as sabatinas com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT), em Belo Horizonte; Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL), em Salvador; com João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD), no Recife.
Ainda acontecerão as sabatinas com candidatos a 13 prefeituras: Rio de Janeiro, Maceió, Manaus, Fortaleza, Curitiba, Guarulhos, São Bernardo, Santo André, Osasco, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto e São José dos Campos.
*Participaram desta cobertura: Ana Paula Bimbati, Anna Satie, Caíque Alencar, Rafael Neves e Nathalia Florido (estagiária).