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O que as eleições de 2024 indicam para 2026; colunistas opinam

Aliado de Nunes em São Paulo, o PSD de Kassab foi o partido que mais elegeu perfeitos no 1º turno Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

07/10/2024 15h29

Vencedor do 1º turno das eleições municipais, é o centrão quem deve definir o futuro político do país, com a possível projeção dos resultados deste domingo (6) para o pleito de 2026. A campanha para as prefeituras mostrou também que é importante que o Congresso faça uma regulamentação das redes sociais, mirando candidatos que pretendam reproduzir o "fenômeno Marçal", daqui a dois anos.

Veja a análise dos colunistas do UOL sobre o 1º turno:

Josias de Souza

A gente ficou a eleição inteira perguntando: 'Qual o melhor cabo eleitoral desta eleição? É o Lula ou o Bolsonaro?'. Mas sabe quem foi o melhor cabo eleitoral desta eleição? O orçamento secreto. Foi a emenda Pix. Então, o centrão está fazendo a festa neste domingo (6). Isso é muito relevante para o próximo governo. Porque esta eleição agora é fundamental menos para a eleição presidencial de 2026 e mais importante para a eleição da Câmara e do Senado. É nesse jogo que o centrão está apostando. Isso vai mostrar que o próximo Congresso vai ser tão ou mais conservador do que o atual.

Se o Ricardo Nunes (MDB) prevalecer sobre o Guilherme Boulos (PSOL), como indicam as pesquisas, o Lula (PT) vai ficar menor do que o Tarcísio de Freitas (Republicanos) na cidade de São Paulo. Enxergar nas eleições de 2024 uma maldição para 2026 seria um exagero, mas ignorar os prenúncios seria uma tolice. Você juntar essa tormenta de São Paulo, a trovoada dos votos do centrão, os relâmpagos da direita radical e mais o envio da esquerda para o divã, a gente pode chegar a pelo menos duas conclusões: primeiro, a pavimentação da candidatura presidencial do Tarcísio; e a segunda é que uma derrota de Boulos em São Paulo torna a reeleição de Lula menos provável.

Tales Faria

O [Ricardo] Nunes sai desta eleição como o grande vitorioso. Do meu ponto de vista, Bolsonaro sai como derrotado na medida em que ele negou apoio ao Nunes. O Tarcísio de Freitas insistiu em manter o apoio, se tornou um líder mais forte do que ele. E o [Pablo] Marçal (PRTB) lhe roubou uma boa parte da liderança sobre o bolsonarismo. Hoje, Marçal tem uma liderança sobre uma fatia do bolsonarismo maior até do que o próprio Bolsonaro. É isso que ele mostrou ao levar o eleitorado bolsonarista para ele. Bolsonaro sofreu um revés grande nesta eleição.

Apesar disso, no país inteiro, o PL avançou. Não avançou o que prometeu porque disse que teria mil municípios, mas não chegou perto dos 500. Quem avançou, como era o esperado, foi o centrão. O centrão é que vai decidir qual o tamanho do apoio que vai dar ao governo Lula ou se vai apoiá-lo na reeleição. O centrão é o grupo que vai definir o futuro do país. No centrão a gente tem que incluir o PSD e o MDB, que são os partidos que saíram maiores dessas eleições.

Kennedy Alencar

O [Pablo] Marçal pode ser um fator que ajude o Congresso a cair em si, [reconhecendo] que é possível regulamentar as redes sociais e acoplar com a legislação eleitoral um maior rigor em relação às redes sociais. Não dá para você tirar do perfil dele uma mentira, uma fake news, quando ele imediatamente já abre outro perfil no qual ele comete outro crime.

Eu acho que, para o centrão sair sorridente, há um pouco a necessidade dele se preocupar em regulamentar as redes sociais. Porque essas plataformas digitais têm de ser responsabilizadas pelos conteúdos. Acho que o fenômeno Marçal pode ajudar o Brasil a se conscientizar de que é preciso regulamentar as redes sociais porque, se ficar como está, vai ser pior em 2026. Podem surgir novos "Marçais". Ele pode ficar inelegível, mas mostrou que dá para disputar contra Bolsonaro uma fatia da extrema direita. Ele [Marçal] é um Bolsonaro com maior poder de comunicação.

Reinaldo Azevedo

Resultado de pleitos municipais não antecipa o das eleições presidenciais. Aí a história é outra. De todo modo, parece-me evidente que o PT esperava um desempenho melhor nas urnas, considerando que o governo Lula pode dizer com clareza aos brasileiros que o país experimenta uma taxa de desemprego historicamente baixa, elevação considerável da renda do trabalho e inflação sob controle. Circunstâncias locais decidiram o voto da maioria das pessoas, mas é claro que o PT ainda tem de lutar com fantasmas do preconceito ideológico.

Carla Araújo

A meta do PL para este ano, para a prefeitura, é uma meta grande. Eles imaginam que possam ganhar até mil prefeituras. Há uma onda de direita que eu sempre chamo a atenção para as consequências disso no Senado. Por quê? Porque o Senado é a casa que pode, por exemplo, votar impeachment de ministro do Supremo, que é uma pauta da direita, uma pauta que deve entrar em 2026 durante a corrida eleitoral. Muitos candidatos vão colocar isso no palanque.

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