PMs que jogaram homem da ponte são do mesmo batalhão do caso Favela Naval
O 24° BPM/M (Batalhão de Polícia Militar/Metropolitano), em Diadema, no ABC, responsável pelos agentes da Rocam (Rondas Ostensivas com Apoio de Moto) acusados de jogar um homem de uma ponte após abordagem, tem histórico antigo de violência policial.
Em 7 de março de 1997, policiais militares da unidade de Diadema se envolveram em um episódio que ficou internacionalmente conhecido como o caso da Favela Naval.
Caso Favela Naval teve repercussão internacional
Durante a madrugada, os PMs das 2ª Companhia do 24º BPM/M abordaram um veículo Gol com três homens a bordo. Os ocupantes foram torturados. O motorista Jefferson Sanches Caputi foi um dos mais espancados com golpes de cassetetes pelos homens de farda
O soldado Nélson Soares da Silva Júnior bateu nos pés dele e o soldado Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, deu golpes na cabeça, braços, costas e abdômen da vítima. Depois das torturas, os três ocupantes do automóvel foram liberados. Nenhum deles tinha dinheiro.
Assim que os rapazes entraram no carro, Rambo sacou a arma e efetuou um disparo em direção ao automóvel. O mecânico Mário José Josino, 29, estava sentado no banco de trás. Ele foi ferido na nuca e levado para um hospital público de Diadema, onde morreu horas depois.
Os PMs só não sabiam que o cinegrafista amador, Francisco Romeu Vanni, vinha acompanhando, escondido em um imóvel na Favela Naval, as constantes blitze na região realizadas pelos PMs, extorquindo e agredindo as pessoas abordadas no bairro.
O cinegrafista foi informado sobre os abusos de poder cometidos pelos PMs resolveu apurar a denúncia recebida. Ele ficou de campana em um sobrado na Favela naval e registrou todas as ações.
As imagens foram veiculadas com exclusividade no Jornal Nacional, na TV Globo, e correram o mundo. Elas mostravam as vítimas sofrendo agressões e também o disparo contra Josino. O caso teve repercussão mundial. Os vídeos mostravam os PMs tomando dinheiro e batendo no rosto dos abordados.
Punição aos policiais
Dez policiais militares envolvidos no episódio foram presos, processados, condenados e expulsos da corporação. Rambo foi considerado o líder do grupo e o mais violento de todos. Recebeu uma pena, em primeira instância, de 65 anos. Eu fui o primeiro repórter a entrevistá-lo com exclusividade no Presídio Militar Romão Gomes.
O ex-PM tornou-se evangélico na prisão e, segurando uma Bíblia, disse que estava arrependido dos atos violentos cometidos. Rambo deixou o presídio em agosto de 2006 por decisão do juiz-corregedor da Justiça Militar, Luiz Alberto Moro Cavalcante.
O magistrado concedeu ao prisioneiro o direito de cumprir em prisão domiciliar o resto de sua pena de 15 anos e 2 meses sob alegação de bom comportamento. Rambo passou 9 anos no presídio.
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