Após Datafolha, Boulos diz não aceitar 'agressor de mulher' na prefeitura
O candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) voltou a subir o tom contra Ricardo Nunes (MDB) ao associá-lo indiretamente a agressão de mulheres e dizer que vai ter "orgulho" de despejá-lo da Prefeitura.
O que aconteceu
As falas foram feitas em uma caminhada com mulheres na tarde desta quinta-feira (17). "A gente não vai aceitar agressor de mulher nem na rua, nem no gabinete de prefeito", afirmou. Com presença tímida em eventos de rua na campanha, a ex-prefeita e candidata a vice Marta Suplicy (PT) estava prevista no ato, mas não compareceu. A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, participou da agenda.
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Boulos não citou Nunes diretamente, mas tem trazido na campanha o B.O. feito pela primeira-dama Regina Nunes contra o prefeito por violência doméstica. Por causa das acusações, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) chegou a determinar que o psolista retirasse das redes um vídeo em que diz que Nunes precisa "responder por boletim de ocorrência de violência contra a mulher".
Declarações de Boulos vêm após pesquisa Datafolha mostrar Nunes 18 pontos percentuais à frente de Boulos. De acordo com o levantamento, divulgado nesta quinta, o atual prefeito aparece na liderança, com 51%, contra 33% do candidato do PSOL, a dez dias do segundo turno.
Diferença entre Nunes e Boulos no eleitorado feminino caiu 10 pontos percentuais. Segundo o Datafolha, o prefeito tem 47% das intenções de voto das mulheres, enquanto Boulos registra 39%, uma diferença de oito pontos. Na semana passada, os índices eram de 53% e 35%, respectivamente, uma distância de 18 pontos. O psolista tenta atrair o eleitorado feminino, apostando em propostas de empreendedorismo para mulheres e na inclusão, no seu programa de governo, de uma medida sugerida pela candidata Tabata Amaral (PSB) de suporte a mães de crianças autistas.
O candidato do PSOL disse também que terá "orgulho" de fazer o "despejo" de Nunes da prefeitura. "Tem um despejo que eu quero fazer. Eu lutei a minha vida toda contra despejo de família sem teto. Mas um despejo eu vou fazer questão de fazer. Vai ser do quinto andar daquele prédio (da Prefeitura) no dia 1º de janeiro. Ali eu vou despejar com gosto, junto com vocês", declarou, fazendo referência ao passado como líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto). A trajetória de Boulos no movimento é usada por Nunes para pregar nele a pecha de radical.
Violência doméstica, corrupção e crime organizado. Boulos tem abandonado o tom "paz e amor" do primeiro turno, como mostrou o UOL, e adotou postura mais agressiva contra Nunes na reta final da disputa. Atrás nas pesquisas, o deputado federal tem associado o prefeito a denúncias de corrupção e citado supostas ligações do emedebista com o crime organizado, além de relembrar a acusação de violência doméstica.
O discurso inflamado visa atrair parte do eleitor de Pablo Marçal (PRTB). O entorno de Boulos avalia que o influenciador se apropriou de uma postura indignada que conquistou parte do eleitorado que anseia por mudanças. Como o psolista prega a mudança, tem ajustado o discurso no segundo turno em direção a uma atitude mais enérgica. Boulos também tem enfatizado propostas para o empreendedorismo em busca desse eleitorado.
A campanha de Nunes afirmou que Boulos será processado e sairá da disputa com "vitória de rejeição e de condenações judiciais". Em nota, a campanha atribuiu as acusações a "extremismo" do adversário.
Boulos não consegue mais esconder o seu extremismo, que é amplamente rejeitado pela população de São Paulo. Por mentiras e agressividade desse tipo, ele já foi condenado 17 vezes pela Justiça, somente no segundo turno. Será processado mais uma vez. O candidato de extrema esquerda sairá dessa eleição com somente duas vitórias: de rejeição e de condenações judiciais.
Nota da campanha de Ricardo Nunes sobre acusações de Boulos