Topo

Brasil pretende doar US$ 10 milhões para reconstrução da faixa de Gaza

Da Agência Brasil*

02/03/2009 13h06

O Brasil destinará US$ 10 milhões à reconstrução da faixa de Gaza. O anúncio foi feito hoje (2) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante a Conferência dos Doadores em Apoio à Economia Palestina para a Reconstrução de Gaza, que se realiza em Sharm El-Sheik, no Egito.
  • Pela primeira vez, a comunidade internacional se reuniu a fim de reconstruir uma região castigada por um conflito no Oriente Médio. Representantes de mais de 70 países e 17 organizações internacionais participaram do encontro. Israel e o Hamas ficaram de fora.



A contribuição ainda depende de aprovação do Congresso Nacional, como exige a legislação brasileira.

Em entrevista concedida hoje à "Rádio França Internacional", o ministro disse que há notícias positivas sobre um começo de entendimento entre as facções palestinas, o que é essencial para a paz na região e para a construção de uma solução com Israel.

"Continuamos apoiando uma solução entre os dois Estados. Esperamos que o governo de Israel mantenha e fortaleça a sua ação no processo de paz", destacou o chanceler.

A cúpula
Doadores internacionais começaram nesta segunda-feira a fazer promessas de ajuda para a reconstrução da faixa de Gaza e a recuperação da economia palestina, num valor que deve superar os US$ 3 bilhões (cerca de R$ 7,28 bilhões). Os participantes, no entanto, mantiveram o distanciamento em relação ao grupo islâmico Hamas, que governa a região.

Durante conferência realizada no balneário egípcio de Sharm El Sheikh, a ONU e várias agências humanitárias disseram que a reconstrução de Gaza continuará sendo muito difícil enquanto as fronteiras do território continuarem fechadas. A infraestrutura local foi devastada nos 22 dias da ofensiva israelenses de dezembro e janeiro.

"A situação nos acessos fronteiriços é intolerável. Trabalhadores humanitários não têm acesso. Produtos essenciais não conseguem entrar", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, na reunião de segunda-feira. "Nossa meta primeira e indispensável, portanto, é abrir os acessos. Pela mesma moeda, entretanto, é essencial garantir que armas ilegais não entrem em Gaza", afirmou.

É a primeira vez que a comunidade internacional se reúne a fim de reconstruir uma região castigada por um conflito no Oriente Médio. Vários chefes de Estado e de Governo, ministros e representantes de mais de 70 países, assim como delegados de 17 organizações internacionais, participam do encontro. Israel e o Hamas ficaram de fora.

Apoio "insuficiente"
Na cúpula, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, advertiu que o apoio à economia palestina será "insuficiente" sem uma solução política para o conflito com Israel. "Todos somos conscientes de que os esforços de reconstrução e de desenvolvimento serão insuficientes e impotentes e estarão ameaçados pela falta de uma solução política", afirmou.

"Embora apreciemos sua presença e o apoio financeiro, econômico e técnico que vocês concedem ao povo palestino, insistimos na necessidade diligente de obter avanços substanciais para uma solução justa ao conflito com Israel", completou Abbas.

O presidente palestino, que é rival do Hamas, esperava arrecadar US$ 2,78 bilhões em doações, sendo US$ 1,33 bilhão para a faixa de Gaza. Mas as promessas a serem possivelmente feitas por Estados Unidos, Comissão Europeia e países árabes do golfo Pérsico já superam esse valor.

Hillary Clinton
A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, prometeu US$ 300 milhões para a reconstrução de Gaza e US$ 600 milhões para cobrir déficits orçamentários da Autoridade Palestina, promover reformas econômicas, melhorar a segurança e apoiar projetos da iniciativa privada que sejam administrados pela Autoridade Palestina. Ela foi enfática no sentido de que a verba, a ser aprovada pelo Congresso dos EUA, não pode ir para o Hamas.

"Temos trabalhado com a Autoridade Palestina para instalar salvaguardas que irão garantir que nossa verba só seja usada onde e para quem se destina, e não termine em mãos erradas", disse ela. "Ao conceder uma ajuda humanitária a Gaza, também queremos promover as condições nas quais seja possível ver um Estado palestino", acrescentou.

Hillary afirmou ainda que obteve de Abbas garantias de que o dinheiro norte-americano não seguirá para o movimento radical Hamas, que desde junho de 2007 controla a faixa de Gaza e que Washington considera uma organização terrorista.

Egito e França
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, inaugurou a conferência com um apelo para conseguir o mais rápido possível um cessar-fogo durável entre Israel e os palestinos. "A guerra de Gaza descobriu a fragilidade do processo de paz no Oriente Médio", disse.

Mubarak insistiu em que a reconstrução de Gaza está ligada necessariamente a um cessar-fogo na faixa que substitua a frágil trégua provisória que foi decidida, separadamente, por Israel e pelo Hamas.

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, por sua vez, pressionou Israel a abrir as fronteiras e permitir o acesso de produtos essenciais. "Gaza não deveria ser uma verdadeira prisão a céu aberto", disse ele em entrevista coletiva.

Israel impõe um bloqueio econômico a Gaza desde que o Hamas assumiu o controle do território, em junho de 2007. O Egito, que também faz fronteira com Gaza, se recusa a abrir a fronteira de Rafah ao tráfego normal -aceita apenas um acesso limitado.

A ofensiva militar em Gaza matou 1.300 palestinos, a maioria civis. No lado israelense, o conflito deixou 13 mortos, sendo a maioria soldados.

* com agências internacionais.