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Governo tailandês recusa negociação de paz com camisas vermelhas

Manifestante antigoverno "camisa vermelha" tenta apagar fogo em sua luva, em Bancoc - Nicolas Asfouri/AFP
Manifestante antigoverno "camisa vermelha" tenta apagar fogo em sua luva, em Bancoc Imagem: Nicolas Asfouri/AFP

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

18/05/2010 10h06

O governo da Tailândia recusou nesta terça-feira (18) a proposta de negociação de paz com os líderes dos manifestantes antigoverno, conhecidos como "camisas vermelhas", para colocar um fim à onda de protestos violentos em Bancoc, alegando que as conversações só podem ter início após os manifestantes deixarem a zona ocupada na capital tailandesa.

Raio-x da Tailândia:

  • Nome oficial: Reino da Tailândia
    Capital: Bancoc
    Tipo de Governo: Monarquia Constitucional
    População: 65.998,436
    Idiomas: Tailandês, inglês, dialetos étnicos e regionais
    Grupos étnicos: Tailandeses 75%, chineses 14% e outros 11%
    Religiões: Budistas 94.6%, muçulmanos 4.6%, cristãos 0.7%, outros 0.1%
    Fonte: CIA Factbook

A decisão abala a esperança de encerrar uma crise política que já deixou 38 mortos nos últimos dias e desestabilizou um país considerado uma das mais sólidas democracias do Sudeste Asiático. O ministro do Gabinete Satit Wonghnongtaey citou a posição do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva afirmando que as negociações seriam bem-vindas, mas só acontecerão após o fim dos protestos.

Mais cedo, os "camisas vermelhas" anunciaram que aceitariam a intermediação do Senado nas negociações com o governo para encontrar uma saída à crise política. Os líderes dos manifestantes tomaram a decisão após conversas mantidas na segunda-feira com representantes governamentais e do Senado.

"Aceitamos realizar uma nova rodada de conversas propostas pelo Senado porque se a situação continuar como está, não sabemos quantas vidas serão perdidas", disse Natawut Saikua, um dos líderes do movimento, em entrevista coletiva.

A decisão chega enquanto os "camisas vermelhas" continuam sem abandonar seu acampamento no centro comercial de Bancoc, apesar do cerco imposto pelos soldados e do fim do prazo dado pelo governo da Tailândia para que se dispersassem. Cerca de três mil membros do grupo continuam no interior da zona ocupada há cinco semanas, mesmo após conflitos com as forças de segurança.

Violência continua nas ruas da Tailândia

O primeiro-ministro convocou o presidente do Senado para transmitir a posição do governo, disse Satit. Abhisit pediu para o Senado manter contato com os líderes dos camisas vermelhas e convencê-los a encerrar os protestos, segundo Satit.

Confrontos em pontos localizados continuavam entre soldados e os camisas vermelhas, nesta terça-feira, apesar de serem menos intensos do que nos últimos dias. O governo anunciou que um feriado, que duraria dois dias, será extendido até a sexta-feira por questões de segurança.

O governo tailandês retirou na semana passada sua proposta de realizar eleições em novembro, quando as negociações com os "camisas vermelhas" se estagnaram e seus líderes desistiram da iniciativa de abandonar o protesto. Abhisit propõe dissolver o Parlamento na segunda quinzena de setembro, para realizar eleições em novembro. Os manifestantes pleiteavam a dissolução imediata do Parlamento.

O impasse paralisa o centro comercial da capital há quase dois meses, além de afugentar turistas e investidores. Os manifestantes ditos "camisas vermelhas" são em geral pobres de origem camponesa, seguidores do ex-premiê Thaksin Shinawatra, que dizem se opor à aristocracia monárquica e militar da capital.

*Com as agências internacionais