Defesa de aluna da USP que desviou R$ 1 milhão questiona pena de 5 anos
A defesa de Alicia Dudy Müller Veiga negou que a aluna da USP tenha praticado estelionato e disse que vai recorrer da condenação imposta nesta semana pela Justiça. Ela foi condenada pelo desvio de R$ 927 mil da formatura de estudantes do curso de medicina.
O que diz o advogado
Para defesa, 'provas da inocência' de Alicia foram desconsideradas. Em nota divulgada na quarta-feira (3), o advogado Sérgio Ricardo Stocco Caodaglio Giolo citou como exemplo o exame dos depoimentos prestados no decorrer da ação e as "inúmeras mensagens eletrônicas" trocadas entre os membros da comissão de formatura.
Advogado também questionou a pena de cinco anos de prisão. Segundo a defesa, a sentença "não atentou aos parâmetros das 'regras gerais' legalmente estabelecidas". A decisão também determinou que Alicia pague às vítimas uma indenização correspondente ao mesmo valor do prejuízo causado por ela.
A defesa da estudante residente do curso de medicina da USP, Alicia Dudy Müller Veiga, recorrerá da respeitável decisão (...) que a condenou ao tipo penal tipificado no artigo 171 do Código Penal brasileiro, sem que ela tenha praticado o crime de estelionato que lhe foi imputado.
Defesa de Alicia, em nota à imprensa
Condenação
Juiz entendeu que a ré 'traiu a confiança de seus pares'. Para Eduardo Balbone Costa, da 7ª Vara Criminal da Capital, a estudante se aproveitou da sua condição de presidente da comissão de formatura "para engendrar um plano" e desviar o dinheiro arrecadado ao longo de meses, "a fim de obter lucro para si com a aplicação especulativa daquele capital".
[Alicia] Traiu a confiança de seus pares, desviando recursos que pertenciam aos colegas de turma (o que revela maior opróbio do que a prática de estelionato contra vítima a quem não se conhece), quando as vítimas não atuavam movidas pela própria cupidez.
Trecho de decisão que condenou a aluna da USP à prisão
Relembre o caso
Suposto desvio de dinheiro veio à tona no começo de 2023. As investigações apontaram que Alicia usava o dinheiro em proveito próprio para comprar celular e relógio, alugar carros e pagar o aluguel de um apartamento. A polícia percebeu a melhora do padrão de vida da jovem em pouco tempo.
Denúncia por estelionato foi feita em março do ano passado. Para o MPSP (Ministério Público de São Paulo), a jovem teria praticado estelionato oito vezes e tentado em uma nona oportunidade. A quantidade se refere ao número de ocasiões em que Alicia pediu à empresa contratada para organizar a festa de formatura que transferisse o dinheiro da conta bancária da comissão para a sua particular.
Repasses começaram em novembro de 2021 e se estenderam por 2023. Os oito pedidos totalizaram a transferência de R$ 927.765,33 para as contas de Alicia. Ela teria tentado uma nova transferência em janeiro do ano passado, mas a empresa, já ciente da situação por colegas da turma, não efetuou o que seria o nono repasse.
Alicia admitiu aos colegas ter perdido o dinheiro arrecadado pela comissão. Primeiro, disse que tinha investido o dinheiro e sido vítima de um golpe. Dias depois, após o episódio tornar-se público e os colegas registrarem boletim de ocorrência, ela confessou à polícia que usou os valores para gastos pessoais e apostas em casas lotéricas, numa tentativa de reaver o dinheiro perdido.
(Com Estadão Conteúdo)
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