Topo

Tailândia começa a retomar a normalidade após confrontos que mataram 84 pessoas

Centenas de trabalhadores da limpeza municipal de Bancoc usam vassouras para limpar as ruas de Bancoc onde manifestantes se enfrentaram durante toda a semana - Manish Swarup/ AP
Centenas de trabalhadores da limpeza municipal de Bancoc usam vassouras para limpar as ruas de Bancoc onde manifestantes se enfrentaram durante toda a semana Imagem: Manish Swarup/ AP

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

21/05/2010 08h59

A região central de Bancoc, palco de incêndios, saques e dos confrontos entre os "camisas vermelhas" e as forças de segurança tailandesas nos últimos dias, começou a voltar à normalidade nesta sexta-feira (21).

Dezenas de residentes e trabalhadores da limpeza municipal saíram às ruas com pás, vassouras e outros utensílios para tentar retirar os escombros e o lixo acumulados nas ruas, principalmente nas áreas próximas ao local onde ficava o acampamento do grupo de manifestantes (e onde vários deles morreram vítimas de tiros).

Os bombeiros também se preparam para a missão de isolar e examinar os edifícios que foram incendiados, entre eles um shopping que já foi o segundo maior centro comercial do Sudeste Asiático. Segundo autoridades locais, pelo menos 35 edifícios foram incendiados nesta semana em virtude dos confrontos.

De acordo com o gabinete ministerial tailandês, apesar de a situação estar perto de se normalizar, Bancoc e outras três províncias permanecerão até o próximo domingo sob o toque de recolher, e a maior parte do transporte público na capital continua paralisado.

Segundo o Ministério da Saúde, 15 pessoas morreram e outras 133 ficaram feridas apenas na quarta-feira (19), durante a operação do Exército para desmontar o acampamento dos oposicionistas que desde março ocupavam as ruas de Bancoc.

No total, 84 pessoas morreram ao longo dos dias de confronto e outras 1.800 pessoas ficaram feridas desde o início dos protestos, em meados de março.

Diálogo
O primeiro-ministro tailandês, Abhisit Vejjajiva, foi a TV local nesta sexta-feira afirmar que a ordem foi restaurada no país após a crise dos "camisas vermelhas", mas que o país enfrenta grandes desafios para superar as divisões. "Restauramos a ordem em Bancoc e nas províncias da Tailândia", declarou Abhisit.

"Continuaremos garantindo o rápido retorno à normalidade, mas reconhecemos que devemos enfrentar grandes desafios, sobretudo o de superar as divisões de nosso país", completou o primeiro-ministro.

Abhisit também anunciou uma "investigação independente" sobre os acontecimentos dos últimos dois meses.

O ex-primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra, líder da oposição e principal personagem da oposição, pediu um novo diálogo político "justo e equitativo" para solucionar a crise política que assola o país. "A Tailândia está hoje de luto. Uno-me a todos os patriotas em sua chamada a favor da calma e da não violência, e condeno as ações daqueles que atuaram com oportunismo e impunidade para causar destroços em Bancoc, pois isso não faz parte da causa do movimento dos manifestantes", disse Shinawatra em comunicado.

O magnata, que está exilado em Dubai, nos Emirados Árabes, é considerado o incentivador das mobilizações dos "camisas vermelhas". Ele disse que os abusos das forças de segurança controladas pelo governo causaram as mortes, e criticou as autoridades, que tacharam os "camisas vermelhas" de "terroristas".

Shinawatra também aproveitou para negar que tenha instigado seus companheiros a iniciarem os distúrbios que aconteceram após a operação do exército para desmontar o acampamento dos manifestantes que ocupavam no centro da cidade.

Derrubado por um golpe de estado em 2006 e condenado à revelia a dois anos de prisão por abuso de poder, Shinawatra figura em uma lista elaborada pelo executivo que tem 13 empresas e 93 indivíduos que supostamente financiaram os protestos dos "camisas vermelhas".

*Com informações das agências internacionais