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Faisal Shahzad se declara culpado de todas as acusações

Faisal Shahzad, 30, foi preso tentando embarcar para Dubai, nos Emirados Árabes, dois dias depois da tentativa de atentado - Reprodução/CNN
Faisal Shahzad, 30, foi preso tentando embarcar para Dubai, nos Emirados Árabes, dois dias depois da tentativa de atentado Imagem: Reprodução/CNN

Do UOL Notícias* <br> Em São Paulo

21/06/2010 19h49

Chamando a si mesmo um "soldado muçulmano," o paquistanês Faisal Shahzad afirmou nesta segunda-feira (21) durante seu julgamento, que o ataque frustrado em Times Square foi uma resposta ao terror dos Estados Unidos contra o povo muçulmano. Shahzad se declarou culpado perante a corte de todas as dez acusações que recebeu.

“É preciso entender de onde eu venho”, disse Shahzad, depois que a juíza Miriam Goldman Cedarbaum o questionou se estava preocupado com a morte de crianças em Times Square. “Eu me considero um soldado muçulmano”, afirmou. Depois, Shahzad disse que os Estados Unidos não se importava com as crianças mortas em países muçulmanos.

O paquistanês, que também é cidadão americano, descreveu seu esforço para detonar a bomba naquela noite de sábado, afirmando que escolheu esse dia da semana justamente porque o local estaria cheio de pessoas que ele poderia ferir ou matar.

Shahzad revelou que depois de acender o pavio da bomba, esperou entre dois minutos e meio a cinco minutos que ela explodisse. “Eu fiquei esperando o som, mas não ouvi. Então caminhei até a Grand Central (importante terminal ferroviário e metroviário de Nova York) e fui para casa”, disse.

A juíza perguntou ao paquistanês se ele tinha certeza que queria se declarar culpado e reafirmou que ele poderia pegar prisão perpétua. Shahzad respondeu que queria “se declarar culpado e 100 vezes mais” para mostrar aos Estados Unidos que se não deixasse o Iraque e o Afeganistão e parasse de se intrometer em terras muçulmanas, “nós atacaremos os Estados Unidos”.

A sentença foi marcada para sair no dia 05 de outubro.

Ataque

O artefato explosivo encontrado dentro de um carro na Times Squase em 1º de maio era feito com fertilizantes, fogos de artifícios, gasolina e gás propano, e foi descrito como "amador", mas segundo as autoridades, tinha o potencial de causar uma grande bola de fogo e um incidente "mortal". Alertada por um vendedor de rua, a polícia evacuou a região da Times Square na noite de sábado e desativou o carro-bomba.

Shahzad foi detido no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York e aparentemente estava tentando fugir do país, com destino a Dubai, nos Emirados Árabes. Faisal tinha retornado aos EUA recentemente, após uma viagem de cinco meses ao Paquistão.

Perfil

Shahzad nasceu em junho de 1979 numa família de militares oriunda de Pabbi, a noroeste de Islamabad, capital do Paquistão. Recentemente, ele passou cinco meses em seu país natal, e voltou aos EUA em fevereiro. Naturalizou-se norte-americano no ano passado. Ele chegou inicialmente aos EUA em 1998, com visto de estudante.

O suspeito se formou em ciência da computação e engenharia, e em 2005 obteve mestrado em administração pela Universidade de Bridgeport (Connecticut).

Em seu currículo ele se descreve como alguém que gosta de computadores, de esportes e de conversar com pessoas "de diferentes origens". Shahzad trabalhou cerca de três anos como analista financeiro júnior na filial de Norwalk (Connecticut) do Affinion Group, consultoria de marketing e negócios, até junho de 2009, segundo a empresa. A polícia de Nova York diz que ele trabalhou também na fábrica de cosméticos Elizabeth Arden.

O departamento de hipotecas do JPMorgan Chase processou Shahzad em setembro por não ter pagado as prestações de uma casa de três dormitórios em Shelton, Connecticut. Ele devia mais de 200 mil dólares, numa casa que havia comprado por 273 mil dólares em 2004. Shahzad usou sua parte no imóvel para obter outro empréstimo, de 65 mil dólares, do banco Wachovia, em fevereiro de 2009.

Shahzad é casado com Huma Mian, com que tem dois filhos. O casal teria se casado em 2008. A família dele supostamente estaria vivendo perto de Peshawar, no Paquistão.

Vizinhos dele em Connecticut disseram que a família era tranquila e usava trajes tradicionais islâmicos.

O pai dele, Bahar-ul-Haq, é um vice-brigadeiro, e seu tio, general da reserva Tajul Haq, foi inspetor geral do Corpo de Fronteira.

*Com informações da AP