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Deputados e senadores chegam a acordo sobre reforma da aposentadoria; França libera depósitos petrolíferos

Caminhões de combustíveis fazem fila enquanto trabalhadores mantêm greve em Fos-sur-Mer - Philippe Laurenson/Reuters
Caminhões de combustíveis fazem fila enquanto trabalhadores mantêm greve em Fos-sur-Mer Imagem: Philippe Laurenson/Reuters

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

25/10/2010 09h39

Os deputados e senadores franceses reunidos nesta segunda-feira (25) em uma comissão mista para elaborar um texto de compromisso sobre a reforma da aposentadoria chegaram a um acordo para que aconteça a votação definitiva do projeto de lei na próxima quarta-feira. A informação foi dada pela presidente da comissão de assuntos sociais do Senado, a centrista Muguette Dini.

Na manhã desta segunda, todos os depósitos de produtos petrolíferos foram liberados na França, informou à agência AFP o presidente da União Francesa das Indústrias Petroleiras (UFIP), Jean-Louis Schilansky.

O projeto de lei será considerado definitivamente aprovado pelo Parlamento quando as conclusões da comissão mista forem aprovadas pelo Senado, na terça-feira, e pela Assembleia Nacional, na quarta-feira. Depois disso, o projeto é encaminhado para aprovação do presidente Nicolas Sarkozy, o que deve acontecer em 15 de novembro.

Na sexta-feira (22), o Senado da França aprovou o conjunto da reforma da previdência proposta pelo governo, contrariando as manifestações. Após 140 horas de debate, o projeto recebeu apoio de 177 senadores da força governista União para um Movimento Popular (UMP) e de setores do centro, e foi rejeitado por 153 votos de senadores da oposição de esquerda.

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A reforma aumenta a idade mínima de aposentadoria de 60 para 62 anos de idade; a idade que garante benefícios previdenciários plenos passaria de 65 para 67 anos. Também se prevê aumento na contribuição individual dos funcionários públicos, para equiparação com a taxa praticada no setor privado.

Esse projeto tem motivado manifestações em toda a França nas últimas semanas, algumas delas com incidentes violentos. As greves e protestos chegaram a paralisar parcialmente a distribuição de combustíveis no país, afetaram os correios, o transporte público e o sistema escolar.

Para os críticos, a reforma é um golpe contra a tradição de benefícios sociais da França, penaliza de modo exagerado o trabalhador, além de supostamente reduzir a oferta de emprego para os jovens, ao manter os trabalhadores mais velhos por mais tempo em atividade.

O governo alega que as mudanças são necessárias para equilibrar as contas da previdência no país, um sistema que atualmente é deficitário, e que é pressionado pelo aumento na expectativa de vida dos franceses.

Perdas com greves

O governo do presidente Nicolas Sarkozy pediu nesta segunda-feira o fim das greves e manifestações que afetam a economia francesa. O governo da França anunciou hoje que as greves contra a reforma do sistema de aposentadoria provocam perdas diárias de 200 a 400 milhões de euros à economia.

O valor foi divulgado pela ministra da Economia, Christine Lagarde, em entrevista à rádio "Europe 1". Lagarde disse que "é muito difícil avaliar" o tamanho das perdas, mas além de falar em até 400 milhões de euros perdidos, ela destacou o "prejuízo moral" pelos danos sofridos pela imagem da França no exterior.

Pelos cálculos do jornal francês "Le Figaro", a partir das quantificações do Ministério da Economia, as perdas ficam entre 1,6 bilhões e 3,2 bilhões de euros, o que incluiria "as horas de trabalho perdidas e as perdas sofridas nos diferentes setores".

Um dos setores mais afetados é o petroquímico. Trabalhadores de sete das doze refinarias francesas aprovaram hoje a continuidade da greve. Em outras cinco, os funcionários vão decidir se mantêm a paralisação durante a tarde.

A greve, que já dura quase duas semanas, e o bloqueio aos depósitos provocaram o desabastecimento de um quarto dos postos de gasolina do país.

Na manhã desta segunda-feira, estivadores e agentes portuários haviam bloqueado o depósito de Fos-sur-Mer, em Marselha, o mais importante da região, com capacidade de armazenamento de 860 mil metros cúbicos de produtos químicos e refinados.

* Com agências internacionais.