Um ano após terremoto, Haiti ainda está no início da reconstrução
Arraste a barra e veja a área da periferia de Porto Príncipe, antes e depois do terremoto
Rua em frente a um hospital em Porto Príncipe no dia do terremoto e, depois, no último dia 6
Um ano após o terremoto que abalou o país, matou mais de 200 mil pessoas e deixou mais de 300 mil feridos, o Haiti não tem motivos para comemorar. Os estragos do "Goudou Goudou", o monstro divino, como os haitianos chamaram o terremoto de magnitude 7, ainda estão à vista de todos.
Nesta quarta-feira, para marcar o aniversário de um ano do terremoto e homenagear as vítimas fatais, os haitianos vão realizar uma missa ao ar livre no local onde ficava a catedral de Porto Príncipe, destruída pelo tremor e cujos escombros ainda não foram retirados. Às 16h53 (horário local), no exato momento em que se registrou o terremoto, os haitianos farão um minuto de silêncio.
Somas de dinheiro sem precedentes foram prometidas para a reconstrução do país, mas pouco chegou às mãos do governo. Enquanto isso, 1,5 milhão de haitianos ainda vivem em acampamentos improvisados espalhados pelo país.
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Um exemplo é Porto Príncipe, que ainda dá a impressão de ser um grande acampamento de refugiados. A OIM (Organização Internacional para Migrações) informou que 810 mil sobreviventes do terremoto estão morando em acampamentos na capital do país, um pouco mais da metade do total de desabrigados pela tragédia.
Além da falta de saneamento básico e de moradia, para as mulheres a vida nesses acampamentos ainda oferece um risco cada vez maior para a segurança. Segundo relatório divulgado pela Anistia Internacional na semana passada, o risco de abuso sexual é cada vez maior nesses espaços. A entidade informou que foram registrados mais de 250 casos de estupro nos primeiros meses após o terremoto.
Na véspera do aniversário de um ano do terremoto, a ONU declarou que a "prioridade absoluta" das agências humanitárias em 2011 será acelerar a recuperação do país. "É preciso dar um golpe de aceleração nos esforços de recuperação. Esta será a prioridade absoluta em 2011", explicou a porta-voz do escritório de coordenação dos assuntos humanitários da ONU, Elisabeth Byrs.
O processo deve durar "meses e inclusive anos", dada a magnitude do trabalho no campo, admitiu Byrs, em particular a reparação ainda pendente de 180 mil casas destruídas, a limpeza de toneladas de escombros e o restabelecimento dos serviços básicos para as centenas de milhares de pessoas que ainda aguardam para ser realojadas.
Um agravante da situação do país é a epidemia de cólera que desde outubro de 2010 atinge a população, que ficou ainda mais frágil para ajudar na reconstrução do país. A epidemia já deixou 3.481 mortos e registrou 157 mil casos em decorrência da doença, segundo o Ministério da Saúde do país.
"Os haitianos deveriam estar mais próximos de reconstruir seu próprio país", completou ele. "Mas atriste realidade de hoje é que, mesmo que os haitianos tentem reconstruir suas vidas, muitas pessoas continuam extremamente vulneráveis, especialmente porque eles enfrentam uma segunda catástrofe, uma epidemia de cólera queaté agora já matou pelo menos 3.600 pessoas", disse Stefano Zanini, chefe da missão do MSF no Haiti.
Com o terremoto, o país que já era “ocupado” por 4 mil ONGs de diversos países, viu seu contingente de voluntários aumentar. Hoje são 10 mil organizações voluntárias atuando no Haiti, o que rendeu ao país o apelido de “República das ONGs”.
Educação
A educação no país também sofreu abalos com o terremoto, que destruiu ou danificou as 4.000 escolas do país. Hoje, 80% das escolas do país pertencem ao setor privado.
Na falta de melhores alternativas, os pais se satisfazem com essas escolas, mesmo que sejam caras. "Alguns pais pagam, por exemplo, cem dólares por semestre, o que obriga a família a sacrificar uma refeição por dia. É um sacrifício enorme", observa Deborah Barry, da ONG Save the Children.
ONU compromete-se a "acelerar" a reconstrução do Haiti
"Esta geração está pouco ou nada escolarizada e todo mundo luta freneticamente para encontrar uma solução. O mero fato de saber ler pode salvar vidas. Como, por exemplo, ler o rótulo de um vidro de medicamento", explica.
As universidades também são pagas e têm dificuldades para matricular estudantes. Uma delas contratou uma espécie de publicista, Diriel Jean, para fazer propaganda da instituição. Ele percorre as ruas da cidade com um megafone promovendo as virtudes da universidade.
Uma vez pagos os gastos de inscrição - entre 100 a 150 dólares -, cada estudante deve economizar 50 dólares por mês para acompanhar os cursos.
Homenagens a Zilda Arns
A fundadora da Pastoral da Criança, médica sanitarista Zilda Arns, falecida no terremoto que atingiu o Haiti, será homenageada nesta quarta-feira (12) com celebrações eucarísticas em várias paróquias no Brasil, entre elas, na Catedral da Sé, em São Paulo.
A coordenação nacional da pastoral e familiares da médica devem participar das homenagens que serão feitas em Forquilhinha, no sul de Santa Catarina, onde ela nasceu.
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*Com informações de Agências Internacionais
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