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Líbia tem mais de 170 mortes; protestos chegam ao Marrocos e até à China

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

20/02/2011 12h18Atualizada em 20/02/2011 12h48

O dia de protestos no mundo árabe foi violento na Líbia, onde, segundo a ONG de direitos humanos Human Rights Watch, o número de mortes pelos confrontos chegou a 173.

A onda de protestos chegou também ao Marrocos e até a China, onde manifestantes disseram ter se inspirado na "revolução do jasmim".

Veja abaixo como foi o dia de protestos contra governos em diferentes países:

Líbia

Pelo menos 173 pessoas já morreram em consequência da violência na Líbia desde o início dos protestos contra o governo, na quarta-feira, segundo a contabilização feita neste domingo pela ONG internacional Human Rights Watch.

Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, o número inclui dezenas de pessoas mortas no sábado após as forças de segurança terem disparado com armas pesadas contra os manifestantes concentrados em Benghazi, a segunda maior cidade do país.

As forças de segurança também abriram fogo durante um funeral no sábado (19) em Benghazi, informou a rede Al Jazeera, deixando ao menos 15 pessoas mortas.

Milhares de pessoas vêm protestando nos últimos dias no leste do país contra o governo do coronel Muammar Gaddafi, no poder há 42 anos.

Marrocos

As manifestações que ocorrem neste domingo em Rabat e Casablanca, onde milhares de pessoas saíram às ruas para reivindicar reformas democráticas, que incluem uma mudança da Constituição, se estenderam para outras cidades importantes do Marrocos, como Fez, Marrakech e Tânger.

Só em Tânger cerca de seis mil manifestantes, segundo estimativas dos organizadores, se reuniram na praça Beni Makada.

Os protestos exigem um país mais "justo" e menos poderes para o rei, no primeiro movimento desde tipo no país desde o início da onda de rebeliões contra vários regimes do mundo árabe. Mais de mil pessoas se reuniram no centro de Casablanca, principal cidade marroquina, cantando slogans como "Liberdade, dignidade, justiça".

Além disso, cartazes carregados pelos manifestantes traziam frases como "o rei deve reinar, e não governar" e "o povo quer uma nova Constituição". Militantes da esquerda destacavam pedidos de "menos poderes para a monarquia".

Tunísia

Milhares de tunisianos se manifestaram neste domingo em Túnis para pedir a renúncia do governo de transição, coordenado por Mohamed Ghanuchi, e a formação de uma assembleia constituinte e de um sistema parlamentar.

"Governo de Ghanuchi: fora!", gritavam os manifestantes em passeata, que se dirigiam até a Kasbah, sede do gabinete do primeiro-ministro e epicentro da revolta popular que derrubou o presidente Zine El Abidine Ben Ali em janeiro.

"A população quer a queda do regime, a população deve se rebelar contra os vestígios do antigo regime", cantavam os manifestantes, convocados para o protesto através do Facebook. Mohamed Ghanuchi, cuja cabeça é pedida pelos manifestantes, foi primeiro-ministro de Ben Ali durante mais de uma década.

Bahrein

A União Geral dos sindicatos do Bahrein anunciou neste domingo que retirava sua convocação para uma greve geral, já que suas exigências --a retirada do exército de Manama e o respeito ao direito de manifestação-- foram cumpridas.

"Após os últimos acontecimentos, e em consequência da retirada do exército e do respeito às manifestações pacíficas, a União decidiu suspender sua ordem de greve geral e convocar o retorno dos trabalhadores a partir de segunda-feira", indicou a central sindical em um comunicado.

Outra notícia desde domingo no Bahrein é que um líder da oposição xiita do Bahrein anunciou que o diálogo político com o poder só terá início depois que o atual governo, acusado de ordenar a violenta repressão aos protestos populares, renunciar.

"Um governo que não pôde proteger o próprio povo deve renunciar, e os responsáveis pela matança devem ser julgados", declarou à AFP Abdel Jalil Ibrahim, chefe do bloco parlamentar Wefaq, principal movimento da oposição xiita.

Iêmen

Centenas de estudantes iemenitas se manifestaram neste domingo em frente ao campus da Universidade de Sanaa, sem serem incomodados por partidários do regime, mantidos à distância pela polícia.

Os estudantes gritavam slogans contra o governo do presidente Ali Abdallah Saleh, no poder há 32 anos. Pelo menos uma centena de defensores do regime estavam agrupados a 100 metros dos manifestantes, mas um cordão de policiais os impediram de invadir a passeata, como tem ocorrido nos últimos dias.

Egito

Os bancos egípcios abriram neste domingo após uma semana fechados, período em que a economia do Egito, prejudicada pela crise política provocada pela revolta que derrubou Hosni Mubarak e protestos trabalhistas posteriores, mostrou dificuldades para retomar o ritmo. A capital do país, Cairo, ainda registra alguns protestos.

O Museu Egípcio do Cairo e as pirâmides de Gizé estão entre os pontos turísticos que foram reabertos ao público pela primeira vez em cerca de três semanas. O lucrativo setor turístico do Egito sofreu um golpe depois que estrangeiros se afastaram do país devido às agitações.

China

Um grande número de pessoas se reuniu no centro de Pequim neste domingo, após conclames via internet espalhados por todo o país pedindo encontros pró-democracia inspirados por manifestações de protesto em todo o Oriente Médio.

Em Wangfujing, rua comercial de Pequim, cerca de 100 pessoas estavam em frente a um restaurante da cadeia de fast food McDonald's, local escolhido para os protestos, de acordo com uma mensagem de Internet que se espalhou no sábado pedindo encontros em 13 cidades.

*Com agências internacionais

Crise no Oriente Médio e países vizinhos