Topo

Após distúrbios, Cameron diz que não haverá "cultura do medo" nas ruas da Inglaterra

Do UOL Notícias*

Em São Paulo

11/08/2011 08h35Atualizada em 11/08/2011 10h35

O primeiro-ministro britânico David Cameron disse nesta quinta-feira (11) em sessão no Parlamento que não haverá uma "cultura do medo" nas ruas da Inglaterra, com a polícia fazendo incursões em casas para procurar suspeitos pelas ondas de saques e violência dos últimos quatro dias em Londres e outras cidades inglesas.

"Nós não permitiremos que uma cultura do medo exista em nossas ruas. Não deixaremos que a violência nos vença", disse.

Cameron também disse que os distúrbios que atingiram Londres e outras grandes cidades inglesas não tem relação com a política nem com os protestos, e sim eram destinados a roubar.

"Os distúrbios não eram por política nem por protesto, eram para roubar", declarou Cameron no Parlamento, depois que os legisladores interromperam as férias de verão para participar em um debate sobre os piores saques e atos de violência em várias décadas


Cameron disse diante do Parlamento que a polícia fará "todo o necessário" para restaurar a ordem e os tribunais seguirão abertos para processar os culpados pelos distúrbios.

O premiê fez uma declaração diante do Parlamento britânico, reunido em sessão extraordinária pela onda de violência iniciada em Londres no sábado e que nos últimos dias se estendeu para outras cidades inglesas, com ao redor de 1,5 mil detidos.

Cameron classificou de "injustificável" a onda de violência vivida no país e afirmou que as autoridades estão atuando "de forma decisiva" para restabelecer a ordem nas ruas, o resultado fui uma noite de quarta-feira mais calma.

Uso do Exército em distúrbios

O governo britânico  vai considerar convocar o Exército em distúrbios futuros para liberar policiais para lidar com baderneiros, afirmou Cameron.

O governo também dará à polícia poderes para exigir que as pessoas retirem proteções do rosto e vai compensar as pessoas cujas casas ou empresas foram depredadas na onda de violência em Londres e outras cidades britânicas esta semana, disse ele.

"É responsabilidade do governo assegurar que qualquer contingência futura seja avaliada, incluindo se há tarefas que o Exército pode assumir que possam liberar mais policiais para a linha de frente", disse Cameron ao Parlamento.

Chuva e presença policial

A maior presença policial e a chuva intensa que caiu na noite desta quarta-feira em algumas partes do país parecem ter evitado um quinto dia de vandalismo em algumas áreas afetadas pelos distúrbios nas últimas noites.

Entenda a onda de violência que atingiu a Inglaterra

Os distúrbios começaram na sexta-feira (8), após um protesto pela morte de Mark Duggan, 29. Ele foi morto por policiais um dia antes, em Tottenham, bairro de Londres. Dois dias depois, os protestos se espalharam por outras cidades inglesas como Manchester, Birmingham, Wolverhampton e West Bromwich. Dezenas de lojas foram saqueadas e carros, ônibus e prédios foram incendiados. Mais de 500 pessoas já foram detidas por envolvimento nos distúrbios, sendo que dessas, 105 foram indiciadas

Em Londres, a Polícia Metropolitana (Scotland Yard) já deteve 888 pessoas por suposto envolvimento em atos violentos, desordem e saques, e 371 tiveram acusações apresentadas contra si.

Juizados municipais em várias cidades inglesas como Londres, Manchester e Solihull, em West Midlands, permaneceram em funcionamento durante a última noite para agilizar os vários casos diante da avalanche de detenções.

Na região de West Midlands, onde está Birmingham, os agentes praticaram até o momento mais de 300 detenções, e em Manchester e no subúrbio de Salford foram detidas outras 100 pessoas.

A cidade de Birmingham manteve durante a madrugada uma vigília pelos três homens asiáticos mortos após serem atropelados por um veículo quando tentavam proteger o lugar onde moravam. A polícia está tratando o caso como assassinato, pelo que está investigando um homem de 32 anos.

A noite passada transcorreu "de forma pacífica, sem mais focos de desordem", em West Midlands, e os agentes dessa região se centraram em manter "uma presença de alta visibilidade", o que ajudou a evitar mais distúrbios.

Mais de 1 mil agentes foram destacados para vigiar as ruas, e realizaram na noite de ontem 48 detenções, segundo seus últimos dados.

Na cidade de Nottingham não foram registrados incidentes relevantes, depois que a polícia aplicou uma "política de tolerância zero" sobre qualquer pessoa que tentasse causar desordem.

A polícia de Nottinghamshire indicou hoje que não houve denúncias sobre agrupamentos significativos de jovens e informou que realizou apenas quatro detenções, frente às 86 registradas um dia antes.

Em Leicestershire, os agentes elogiaram o comportamento cidadão e indicaram que não houve casos de desordem nesse condado, graças a uma "forte operação policial" que produziu 19 detenções, entre elas as de dois adolescentes de 15 anos.

Também se manteve a calma em Gloucester, onde a polícia de Gloucestershire deteve seis pessoas por diferentes incidentes de ordem pública.

* Com as agências internacionais

 

  • Arraste a barra vermelha no centro da foto para ver como era o prédio da loja de carpetes em Londres e como ficou durante incêndio, no último sábado (6), primeiro dia de confrontos

  • Imagem desta terça-feira (9) mostra que loja de carpetes ficou completamente destruída após incêndio causado por manifestantes no último sábado (6), em Tottenham, norte de Londres