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Chávez diz que Irã e Venezuela trabalham juntos para "frear loucura imperialista"

Do UOL*, em São Paulo

09/01/2012 19h31

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou hoje que seu governo e o do Irã continuarão trabalhando juntos para “frear a loucura imperialista”. As declarações foram feitas após a reunião com o líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que visita o país sul-americano.

"Há vontade de que nossos governos continuem a trabalhar juntos para frear a loucura imperialista, que agora se desatou como nunca antes em muito tempo e com um poder terrível, ameaçador", advertiu Chávez no pátio do Palácio Miraflores, sede da presidência, onde o chefe de Estado iraniano foi recebido com honras militares.


“Hoje o povo venezuelano e o iraniano estão em um caminho de luta contra toda a avareza e a arrogância do imperialismo", rebateu Ahmadinejad durante o ato, transmitido por rede de rádio e televisão.

A reunião entre os dois governantes aconteceu no mesmo dia em que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que o Irã começou a enriquecer urânio a 20% na nova usina iraniana de Fordo, localizada sob uma montanha no centro do país. Segundo o comunicado oficial, "todo o material nuclear na instalação permanece sob a supervisão da agência".

Agenda

Ahmadinejad chegou à Venezuela na noite deste domingo (8) acompanhado de uma comitiva de cem pessoas, entre elas o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi; o ministro de Comércio, Indústria e Minas, Mehdi Gazanfari; o de Energia, Majid Namju; e o de Economia, Seyed Shamsedin Hosseini.

O iraniano fará um giro de cinco dias pela América Latina, que inclui a ida à Nicarágua na terça-feira, para participar da posse de Daniel Ortega, reeleito presidente em novembro do ano passado; a Cuba, onde se reunirá com os irmãos Raúl e Fidel Castro; e ao Equador, onde o presidente Rafael Correa o aguarda.

Forças geopolíticas

O presidente iraniano realiza esta viagem em busca do apoio internacional dos líderes de esquerda latino-americanos, já que o Conselho de Ministros de Relações Exteriores da União Europeia (UE) pode decidir, no próximo dia 30, possíveis sanções ao país persa pela recusa em divulgar informações sobre seu programa nuclear.

Parte da comunidade internacional, com os EUA à frente, acredita que o programa nuclear iraniano tem uma vertente militar destinada a fabricar bombas atômicas, tese que Teerã nega, assegurando que é um projeto exclusivamente civil e com fins pacíficos.

A tensão cresceu no Golfo Pérsico nas últimas semanas devido às manobras navais e aos lançamentos de mísseis perto do Estreito de Ormuz realizados pelo Irã. Pelo estreito circula 40% da produção mundial de petróleo.

Como represália, o governo dos Estados Unidos aumentou sua presença naval na região e aprovou leis, na véspera do Ano Novo, para dificultar a compra do petróleo iraniano. A UE também deve anunciar cortes à importação de petróleo iraniano até o final deste mês.

Laços antigos

Esta é a quinta visita a Caracas de Ahmadinejad desde que chegou ao poder, em 2005, e a primeira desde novembro de 2009. Nesse ano, Venezuela e Irã firmaram 68 projetos de cooperação bilateral em matéria de agricultura, indústria, comércio e energia. Um fundo binacional também foi criado, para estimular a produção e o investimento entre as duas nações.

Além disso, Ahmadinejad devolve a visita oficial que Chávez fez em outubro de 2010 ao Irã e que serviu para fortalecer a cooperação econômica, particularmente no setor energético.

*Com informações das agências EFE e AFP e do jornal "El Universal"