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Regime na Coreia do Norte não vai durar muito, diz meio-irmão de Kim Jong-un

Kim Jong-nam, filho do primeiro casamento de Kim Jong-il e meio irmão de Kim Jong-un - Joongang Sunday/AFP
Kim Jong-nam, filho do primeiro casamento de Kim Jong-il e meio irmão de Kim Jong-un Imagem: Joongang Sunday/AFP

Do UOL, em São Paulo

17/01/2012 17h20

Passe ou não por reformas, o regime da Coreia do Norte vai acabar. A previsão teria sido feita por Kim Jong-nam, meio irmão do atual líder norte-coreano Kim Jong-un e filho do primeiro casamento de Kim Jong-il, morto em dezembro passado. O comentário aparece nos e-mails trocados entre Kim Jong-nam e o jornalista japonês Yoji Gomi, editor do jornal diário Tokyo Shimbun, que lançará um livro sobre o tema.

“O regime de Kim Jong-un não vai durar muito”, teria dito Jon-nam, segundo o livro. "Sem reformas, a Coreia do Norte vai entrar em colapso. E, quando as reformas forem realizadas, o regime sofrerá um colapso". Sobre o programa nuclear, ele teria afirmado que “Pyongyang nunca vai desistir de suas armas nucleares".

Jong-nam chegou a ser considerado o possível sucessor de Kim Jong-il, mas foi preterido em favor do seu irmão mais novo. Atualmente ele vive entre Macau e Pequim com a mulher e os seus dois filhos. Segundo o livro, Jong-nam considera o processo de sucessão dinástica na Coreia do Norte é "uma piada para o mundo" e diz que até mesmo seu pai era contrário à transferência hereditária de poder.

A troca de e-mails teria ocorrido entre 2004 e dezembro de 2011, depois que os dois se conheceram no aeroporto internacional de Pequim. Eles ainda teriam se encontrado pessoalmente duas vezes em janeiro e maio do ano passado.

Nas mensagens, Jong-nam também expressaria dúvidas sobre a capacidade de seu irmão de liderar o país. “Estou preocupado como Jong-un, que se assemelha ao meu avô [Kim Il-sung], conseguirá satisfazer as necessidades dos norte-coreanos”.

Ainda segundo o relato das trocas de mensagens, Jong-Nam teria afirmado que sua relação com o pai se deteriorou devido a sua insistência em realizar reformas. “Após estudar na Suíça e retornar para a Coreia do Norte, eu me desentendi com meu pai porque insistia na necessidade de reformas e abertura do mercado, o que acabou sendo visto com desconfiança”.

“Meu pai se sentiu muito sozinho quando fui estudar fora. Então meus irmãos Jong-chol e Jong-un e minha irmã Yeo-jong nasceram e sua adoração passou a ser para eles. Quando ele percebeu que eu voltei com ideias capitalistas, ele decidiu diminuir a educação no exterior dos meus irmãos”.

Revelou também nunca ter se encontrado com o novo líder norte-coreano. “Eu sou seu meio-irmão, mas eu nunca o encontrei. Encontrei algumas vezes o Jong-chol no exterior”.

O jornalista disse que o primeiro encontro com o filho do ditador no aeroporto ocorreu em 2004. “Ele me passou uma ótima impressão. É muito gentil e amigável”.

“Quando eu sugeri fazer uma compilação da nossa troca de e-mails em um livro, ele concordou (...) Não acho que ele tenha nenhuma ambição em se tornar líder da Coreia do Norte, mas ele quer contribuir para melhorar a situação no país”.

(Com informações do The Guardian e do The Chosun Ilbo)