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Battisti diz que quer agradecer Lula por sua liberdade

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

26/01/2012 15h59

Um dos participantes mais enaltecidos do Fórum Social Temático (FST), que acontece em Porto Alegre, o ex-ativista italiano Cesare Battisti diz ter um desejo especial: apertar a mão de Lula.

Condenado por assassinatos em seu país, Battisti foi agraciado por uma decisão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lhe concedeu o status de refugiado político em dezembro de 2010.

“Infelizmente ele [Lula] está passando por um momento difícil pela sua doença. Mas espero que ele saia dessa para eu apertar a mão dele um dia”, afirmou o italiano antes de apresentar oficialmente seu novo livro na tarde desta quinta-feira(26).

Battisti, trazido ao FST pelo sindicato dos petroleiros, foi recebido com festa quando entrou na Faculdade de Arquitetura da Ufrgs (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Tirou fotos com admiradores, foi assediado pela imprensa e ciceroneado por militantes ao som de uma escola de samba. Animado, dançou uma marchinha de carnaval com uma fã.

Na terça-feira (24), Battisti se encontrou o governador gaúcho Tarso Genro (PT), que era ministro da Justiça na época do anúncio do seu refúgio.

“Fui vítima de um massacre midiático. A desinformação prevaleceu. Mas Tarso não entrou no mérito da condenação na Itália. Ele nunca falou se sou inocente ou não. Ele, como ministro, se informou e viu que os crimes eram políticos e em que condições foi feito o processo na Itália”, comentou o italiano. “Para mim foi um grande prazer apertar a mão dele.”

Livro

O romance "Ao pé do muro", que será publicado simultaneamente na França e no Brasil em março, é uma ficção, segundo o seu autor. “Não é um livro autobiográfico, é ficção. Ainda estou vivo [para ser tema de uma biografia]”, afirma Battisti, que esteve preso em Brasília entre março de 2007 e junho de 2011.

Durante esse tempo, as autoridades discutiam sua extradição à Itália, onde ele havia sido condenado à prisão perpétua em 1993 por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970, quando militava em um grupo armado comunista.