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Com participação discreta, Dilma fala sobre crise financeira e Palestina no Fórum Social 2012

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

26/01/2012 21h25

A presidente Dilma Rousseff participou, no início da noite desta quinta-feira (26), em Porto Alegre, do Fórum Social Temático 2012 (FST). Ela discursou por 24 minutos para um ginásio Gigantinho muito aquém de sua capacidade máxima. Cerca de 6.000 pessoas, a maioria pertencentes a movimentos sindicais e partidos políticos como PT e aliados, participaram da atividade chamada “Diálogos entre sociedade civil e governos”.

Porém, o que menos se ouviu foram diálogos. Após curtas falas do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, do ambientalista boliviano Pablo Solon e da sindicalista Carmen Foro, Dilma iniciou sua explanação. Ela exaltou os desafios de defender temas como a crise financeira mundial e o combate à pobreza na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, marcada para junho no Rio de Janeiro.
 
“Na maioria dos países da região [América Latina] estão em curso importantes transformações econômicas, sociais e políticas. Enquanto outras partes do mundo vivem a estagnação, recessão e muito desemprego, nossos países reduzem a pobreza e a desigualdade social”, ressaltou a presidente.
 
Dilma disse que saiu descontente com os resultados do último encontro do G20, em Cannes (França), pois “não é fácil produzir novas ideias quando estamos dominados por preconceitos ideológicos”. “Nos anos 1980 e 1990 foram preconceitos políticos, ideológicos que infligiram modelo de estagnação, aprofundando a pobreza e o desemprego”, afirmou. Modelos estes, segundo ela, que estão sendo repensados pelo mundo, especialmente com a vigente crise financeira europeia.
 
Em alguns momentos, a presidente encantou os presentes arrancando palmas dos fãs ao citar discretamente o papel de sua “geração” na oposição durante os anos de chumbo. “Hoje, quando olho para o caminho percorrido, só posso dizer: ‘valeu a pena, companheiros e companheiras’. O lugar que o Brasil ocupa hoje não é resultado de nenhum milagre econômico, mas do esforço do povo e do seu governo que souberam optar por um novo caminho.”
 
Dilma também ressaltou o papel da diplomacia brasileira, sua defesa à manutenção do multipartidarismo e do desarmamento em todas as nações, e explanou seu apoio à causa palestina. “Que a Palestina possa se constituir brevemente em um estado livre e democrático, e que tenha sua soberania garantida.”
 
Ao terminar seu discurso, que não chegou a ser interrompido por uma pequena manifestação pedindo veto ao novo Código Florestal, o evento foi encerrado, para a surpresa de todos.

À tarde, Dilma esteve reunida em um hotel no centro de Porto Alegre com o Comitê Internacional do Fórum Social Mundial. Antes, anunciou no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, o pagamento de R$ 2,3 bilhões de uma dívida que se arrasta há anos da União com a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) do Rio Grande do Sul.

Devido ao desabamento do prédio no centro do Rio de Janeiro na noite desta quarta-feira (25), a presidente cancelou sua agenda na capital fluminense e deve retornar para Brasília ainda esta noite.