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Londres simula ataque terrorista no metrô para testar serviços de emergência durante as Olimpíadas

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Londres

22/02/2012 13h14

Uma estação desativada de metrô na região central de Londres foi usada nesta quarta-feira (22) como cenário para simular um ataque terrorista e testar os serviços de emergência da cidade, como parte do esquema de segurança dos Jogos Olímpicos. Entre 2.500 e 3.000 pessoas, incluindo funcionários de diferentes agências do governo e voluntários que se passaram por vítimas, participam dos dois dias de exercício, que termina na quinta (23).

O objetivo é testar a capacidade de resposta e agilidade no atendimento da polícia, bombeiros e serviço de ambulância em uma situação hipotética de emergência. Apesar de o governo afirmar não ter qualquer informação dos serviços de inteligência que aponte um perigo real durante os jogos, o exercício considera lições aprendidas após os ataques suicidas em julho de 2005 na capital inglesa, segundo Simon Lubin, porta-voz da British Transport Police, responsável pela segurança na rede de metrô.

Nos ataques do dia 7 de julho de 2005, mais de 50 pessoas foram mortas e cerca de 700 ficaram feridas. No dia 21 do mesmo mês, houve uma tentativa frustrada de um novo ataque. Os serviços de emergência da cidade foram duramente criticados em relatórios oficiais e um inquérito que se seguiram.

"Um dos principais desafios de um ataque no metrô é que tudo ocorre no subterrâneo, o que certamente dificulta o socorro às vítimas", explica Jason Killens, vice-diretor de operações do serviço de ambulâncias de Londres. Segundo ele, numa situação como essa, bombeiros e paramédicos são os primeiros a acessar o local. "Ganha-se tempo com as equipes trabalhando integradas. Exercícios como esse são importantes pois permitem testar a comunicação entre os diferentes atores envolvidos num resgate e saber como as equipes funcionam em conjunto." Durante os jogos, além das 250 ambulâncias que normalmente operam na cidade, haverá 70 ambulâncias extras e 400 paramédicos para fazer o atendimento.

David Whiting, gerente do grupo de operações especiais do Corpo de Bombeiros, concorda. "É um ambiente complicado de se trabalhar. No entanto, estamos muito mais bem preparados do que antes, na época dos ataques em 2005. Hoje, por exemplo, nossas equipes dispõem de rádios digitais com tecnologia de ponta, que funcionam muito bem em locais subterrâneos, algo que não tínhamos na época dos ataques."

Hipotético ataque em Oxford Circus

O exercício serve para simular um ataque na estação Oxford Circus, uma das principais no centro da capital britânica, durante um dos dias mais movimentados da Olimpíada, que acontece de 27 de julho a 12 de agosto.

A maior parte da simulação ocorreu dentro da estação de Aldwych, que está fechada para passageiros há quase duas décadas e costuma ser usada para testes do metrô e até alugada para gravações de filmes. Por volta das 11h locais (9h em Brasília), o alarme da estação começou a soar. Um policial de motocicleta foi o primeiro a chegar ao local e logo acionou as demais agências. Em minutos, a pequena Surrey Street, bloqueada para o treinamento, foi tomada por dezenas de carros de polícia, bombeiros e ambulâncias.

A estação de metrô foi evacuada e as falsas vítimas receberam atendimento na rua. Tossindo e fingindo se contorcer de dor, algumas pessoas tinham o rosto pintado, imitando machucados e sangramentos. Parte foi levada em macas para ambulâncias. A movimentação chamava a atenção dos pedestres, que tentavam ver o que se passava atrás da barreira de isolamento.

Após essa parte do treinamento, outros departamentos envolvidos no teste entraram em ação, como a polícia responsável por fazer a perícia do local e a análise de câmeras de segurança para identificar possíveis suspeitos.

Além da parte prática, o simulado também tem um objetivo bastante simbólico, que é o de inspirar confiança nos visitantes e na população em geral para usarem o transporte público sem medo durante os jogos. "Essa será a Olimpíada do transporte público. Recomendamos ao público que use metrô e ônibus sem preocupação. Estamos confiantes no nosso sistema de atendimento à emergência", afirmou Howard Collins, chefe de operações do metrô.