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Novo premiê da China tem desafio de reorientar economia e lutar contra desigualdade

Do UOL, em São Paulo

15/03/2013 09h08

O vice-primeiro-ministro Li Keqiang, número dois do Partido Comunista Chinês (PCC), foi designado nesta sexta-feira (15), como era previsto, chefe de Governo da segunda potência econômica mundial, que passa a ser comandada por um novo gabinete para os próximos 10 anos.

Depois da designação na quinta-feira de Xi Jinping para presidir a República Popular da China, o Parlamento, convocado para a sessão anual, concluiu desta forma uma transição de poder prevista há alguns anos.

No domingo, Li deve conceder a primeira grande entrevista coletiva, um exercício anual dos primeiros-ministros chineses, com perguntas geralmente do agrado do governo por parte dos jornalistas chineses.

Li, 57 anos, um homem com fama de ser profundo conhecedor dos meandros da economia, recebeu 99,69% dos votos dos 3.000 delegados da Assembleia Nacional Popular (ANP). Apenas três pessoas votaram contra seu nome e seis optaram pela abstenção.

"Anuncio que o camarada Li Keqiang foi escolhido como primeiro-ministro da República Popular da China", declarou a vice-presidente da ANP, Yan Junqi, diante dos três mil delegados reunidos no Palácio do Povo, em Pequim.

Uma vez anunciado o resultado, Li Keqiang levantou de sua cadeira, se inclinou ante os delegados, apertou a mão de Xi Jinping e depois de seu antecessor Wen Jiabao, sob os aplausos no imenso auditório com o teto decorado com a estrela vermelha.

Na quinta-feira, Xi Jinping recebeu 99,86% dos votos dos delegados - apenas um deles votou contra seu nome.

Novo primeiro-ministro

O novo premier nasceu em julho de 1955 na província de Anhui (centro). Assim como Xi Jinping, Li integra a geração de "jovens educados" enviados ao campo por Mao Tsé-Tung na época da revolução cultural.

Posteriormente governou a província industrial de Liaonong (nordeste) e a carente província de Anhui (centro). Também dirigiu a Liga da Juventude Comunista.

Ele substitui Wen Jiabao, que conduziu durante 10 anos, sobe a presidência de Hu Jintao, a espetacular expansão da economia chinesa, com um crescimento anual médio de 10%, mas que no ano passado registrou desaceleração e ficou abaixo de 8%.

Li Keqiang, um tecnocrata de sorriso fácil, que fala inglês de maneira fluente, terá a missão de reorientar a economia chinesa para um modelo mais voltado ao consumo residencial do que para a exportação e os grandes projetos de infraestrutura dos últimos anos.

Luta contra desigualdade

Depois de sua nomeação como número dois do PCC, no 18º Congresso do partido em outubro passado, Li prometeu atuar para reduzir a crescente diferença entre ricos e pobres em um país em processo de urbanização acelerada, além de combinar desenvolvimento e proteção ambiental.

A medida de mais impacto, anunciada no fim de semana passado, aponta para uma ampla reestruturação das grandes administrações, para melhorar seu funcionamento, prejudicado pela burocracia e a corrupção.

As novas diretrizes já provocaram o fim do ministério das Ferrovias, pasta marcada por muitos escândalos.

Poder na China

O regime comunista chinês instaurou nos anos 90 um sistema de mandatos de cinco anos para comandar as estruturas do partido e do Estado. Os mandatos geralmente são renovados uma vez, o que cria um período de transição a cada 10 anos.

Em tese, o Parlamento chinês dispõe de grandes prerrogativas. Mas na prática todas as grandes decisões são tomadas por um círculo restrito de altos dirigentes do PCC e, em primeiro lugar, pelos sete membros do Comitê Permanente do bureau político.