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Coreia do Sul ameaça atacar caso seus cidadãos corram risco na Coreia do Norte

Do UOL, em São Paulo

03/04/2013 10h09

O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Kwan-jin, mencionou nesta quarta-feira (3) a possibilidade de uma "ação militar" para garantir a segurança dos cidadãos do país que trabalham no complexo industrial de Kaesong, na Coreia do Norte, onde foram impedidos de entrar pelo regime comunista.

"Temos preparado um plano de emergência, incluindo uma possível ação militar, no caso de uma situação séria", disse Kim a parlamentares. "Devemos tentar prevenir que esta situação piore", completou.

As autoridades da Coreia do Norte impediram nesta quarta-feira (3) o acesso dos trabalhadores sul-coreanos ao complexo de Kaesong, uma iniciativa binacional instalada em território norte-coreano, a 10 quilômetros da fronteira.

"O Norte nos notificou esta manhã que apenas estavam autorizadas as viagens de retorno a partir de Kaesong e ficava proibida a entrada no complexo", declarou Kim Hyung-suk, porta-voz do ministério sul-coreano da Unificação, responsável pelas relações entre os dois países.

A Coreia do Norte não especificou a duração da medida. O ministério informou que os 484 sul-coreanos que deveriam entrar nesta quarta-feira no complexo não foram autorizados por Pyongyang.

Uma fonte do ministério afirmou que vários trabalhadores do país decidiram permanecer voluntariamente em Kaesong para garantir as operações das empresas instaladas no local.

Depois de considerar "lamentável" a decisão do Norte, Kim disse que a prioridade do governo é a segurança dos 861 sul-coreanos que estão em Kaesong.

"Esperamos que nossos cidadãos que estão no Norte retornem sãos e salvos", disse o porta-voz.

O parque industrial intercoreano até o momento se mantinha em atividade, apesar da crise na península coreana. A passagem de fronteira para Kaesong funcionou normalmente nas últimas semanas, mesmo diante da crescente tensão entre Norte e Sul.

Em Kaesong, trabalham mais de 50 mil norte-coreanos, a maioria para pequenas empresas sul-coreanas que atuam na área manufatureira produzindo roupas, calçados, relógios e utensílios de cozinha, entre outros.

Preciosa fonte de divisas estrangeiras, o complexo industrial sempre permaneceu aberto, apesar das repetidas crises na península, e sua estabilidade é considerada um barômetro das relações entre as duas Coreias.

China expressa preocupação

O vice-ministro de Relações Exteriores da China, Zhang Yesui, reuniu-se na terça-feira (2) com os embaixadores das duas Coreias e dos Estados Unidos para expressar suas "sérias preocupações" sobre a situação na península coreana.

A informação foi dada pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hong Lei. O funcionário disse ainda que seu país espera que ambas as partes possam resolver a atual situação através do diálogo.

"A paz e a estabilidade da península coreana e sua desnuclearização servem aos interesses comuns de todos e é uma responsabilidade compartilhada", enfatizou Hong.

O porta-voz pediu que os envolvidos "não tomem ações provocativas" e afirmou que sob as atuais circunstâncias a China acredita que todas as partes devem praticar "a calma e a contenção".

"Esperamos que todos os envolvidos possam pensar a longo prazo", recomendou. Hong pediu as duas Coreias que protejam os direitos, interesses e a segurança dos cidadãos de terceiros países e que se comprometam com a desnuclearização da península para assegurar a paz e estabilidade duradoura na região.

EUA ajudam aliados

Os Estados Unidos indicaram que vão reforçar o esquema de segurança para a Coreia do Sul e o Japão em caso de ataques da Coreia do Norte. O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que o governo norte-americano defenderá e protegerá os aliados sul-coreano e japonês de uma ameaça nuclear.

Kerry concedeu entrevista acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Yun Byung-se. “É uma retórica inaceitável desenvolvida pelo governo norte-coreano durante os últimos dias”, ressaltou o norte-americano.

“Os Estados Unidos não aceitarão que a Coreia do Norte seja uma potência nuclear”, disse Kerry. “Os Estados Unidos vão fazer o que for necessário para se defender e defender os seus aliados, a Coreia [do Sul] e o Japão”. (Com AFP, Efe e Agência Brasil)