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Mubarak nega acusações por corrupção e pela morte de manifestantes no Egito

Em 13 de abril, em uma maca, o ex-ditador egípcio Hosni Mubarak observava seu julgamento de dentro de uma cela. O julgamento, referente à morte de manifestantes em 2011, e realizado na Academia de Polícia, no Cairo, foi adiado - Khaled Elfiqi/Epa/Efe
Em 13 de abril, em uma maca, o ex-ditador egípcio Hosni Mubarak observava seu julgamento de dentro de uma cela. O julgamento, referente à morte de manifestantes em 2011, e realizado na Academia de Polícia, no Cairo, foi adiado Imagem: Khaled Elfiqi/Epa/Efe

Do UOL, em São Paulo

11/05/2013 07h40Atualizada em 11/05/2013 08h30

O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak negou neste sábado (11) as acusações por corrupção e pela morte de manifestantes durante a revolta que o tirou do poder em 2011, durante a primeira sessão de seu novo julgamento no Cairo.

Líder do país africano entre 1981 a 2011, Mubarak acompanhou o início da audiência com semblante sério, acompanhado dos filhos. Sua rejeição as acusações foi feita com um gesto com uma das mãos.

Também rejeitaram as acusações pela morte de manifestantes o ex-ministro de Interior, Habib al Adli, e seis de seus auxiliares, assim como os filhos do ex-presidente Alaa e Gamal, que são julgados pelo suposto enriquecimento ilícito relacionados com a venda de gás para Israel, por valores menores que os de mercado.

O advogado da promotoria, Mustafa Jater fez as acusações de participação com "premeditação e fraude" no uso da força e assassinato de manifestantes durante protestos que começaram em 25 de janeiro de 2011, contra o regime liderado por Mubarak, em diversas províncias egípcias.

Segundo Jater, o ex-presidente permitiu que seu ministro usasse armas de fogo e veículos para que a polícia cometesse os crimes, não intervindo para evitar as mortes.

Al Adli também foi acusado pelo corte das telecomunicações no país e do esvaziamento da segurança durante os distúrbios, enquanto um de seus auxiliares Hussein Abdel-Rahman, supostamente não detectou os planos de "alguns elementos estrangeiros" de libertar presos.

Filhos do ex-ditador

Os filhos de Mubarak, Alaa e Gamal estão sendo acusados por corrupção e fraude em processo no qual está incluído o empresário Hussein Salem, considerado foragido da justiça. Segundo a promotoria, eles causaram perdas de US$ 714 milhões para o país.

O ex-presidente também foi acusado de receber cinco mansões no valor de 39 milhões de libras egípcias (US$ 5,6 milhões). Os imóveis pertenciam a Salem, que em troca, supostamente obteve mais de dois milhões de metros quadrados para sua empresa, em zonas privilegiadas de Sharm el-Sheikh.

Após a leitura das acusações, o juiz Mahmoud el Rashidi --que recebeu uma caixa selada com novas provas-- permitiu a fala dos advogados de acusação, que mostraram suas queixas sobre uma suposta discriminação no tratamento em comparação com a defesa.

El Rachidi pediu que a acusação aceitasse acordo para não ter que atender separadamente os processos de mais de 2.000 advogados particulares envolvidos no processo. Em relação ao processo de Mubarak, o magistrado solicitou ao ex-presidente a autorização da participação de dois novos advogados kuwaitianos, o que foi descartado pelo defensor Farid el Dib.

O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak chegou de helicóptero à Academia da Polícia do Cairo. Mubarak compareceu sentado em uma maca e com óculos de sol em uma sessão iniciada pelo juiz Mahmoud el Rashidi, citando o nome dos diferentes acusados.

Novo julgamento

O julgamento se repete depois que em janeiro passado foi ordenado por um tribunal de apelação, que por sua vez anulou a condenação a prisão perpétua ditada contra Mubarak e contra o ex-ministro egípcio de Interior Habib al Adli alegando irregularidades no processo.

Segundo a defesa dos acusados, aquela histórica decisão do dia 2 de junho de 2012 não contava com provas suficientes, enquanto o Ministério Público exigia que fosse aplicada a pena de morte aos culpados.

Também são processados pela morte de mais de 800 manifestantes seis ajudantes do ex-ministro, que anteriormente tinham sido absolvidos. (Com Efe)