Selo em homenagem à Revolução Francesa é inspirado em fundadora do Femen

A nova edição do selo postal em homenagem à Revolução Francesa, que traz a imagem de Marianne, símbolo da República e dos valores da revolução, agora conta com mais uma musa inspiradora. O autor do desenho diz ter usado o movimento feminista Femen como uma de suas referências.

O novo selo, desenhado por David Kawena e Olivier Ciappa, foi apresentado neste domingo (14), dia da festa nacional francesa, pelo presidente François Hollande.

Horas depois da apresentação, Ciappa afirmou em sua conta no Twitter que o desenho foi inspirado em grande parte na ucraniana Inna Shevchenko, 23, fundadora do movimento Femen.

A França concedeu recentemente asilo político a Shevchenko, que lidera o ramo francês do Femen.

O grupo autodeclarado de “feminismo radical” é conhecido por seus protestos com o uso de topless contra a exploração sexual de mulheres, o sexismo e as instituições religiosas.

Contatado pela agência de notícias AFP, o desenhista matizou suas declarações. "Inna Shevchenko não é a única inspiração desse selo, que é uma mistura de personagens reais", afirmou, citando a atriz Marion Cotillard e a ministra da Justiça, Christiane Taubira.

Ele disse considerar, no entanto, que o fato de Marianne ser tradicionalmente representada com os seios nus cria uma ligação com o grupo Femen e seus protestos com topless. Além disso, para o desenhista, o grupo feminista está associado aos valores de liberdade, igualdade e fraternidade, como a imagem de Marianne.

O anúncio de que o Femen teria inspirado o novo selo desencadeou uma avalanche de críticas por parte de organizações conservadoras e de direita na França.

"É uma afronta à dignidade das mulheres e da soberania da França", disse o Partido Democrata Cristão, que pediu boicote ao selo.

Para a AFP, Inna Shevchenko,  disse que, através de Mariannne, "a França reconheceu o papel das mulheres que lutam e [sua imagem] é um símbolo para o mundo inteiro".

Mais cedo, em seu perfil no Twitter, Shevchenko escreveu: “Femen está no selo francês. Agora, todos os homofóbicos, extremistas, fascistas terão que lamber minha bunda quando quiserem enviar uma carta”.