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MP egípcio prorroga por mais 15 dias prisão de presidente deposto Mursi

Do UOL, em São Paulo

19/08/2013 12h17

A promotoria do Egito ordenou a prorrogação por mais 15 dias da prisão do presidente deposto do país, Mohamed Mursi. Segundo a agência estatal de notícias "Mena", nesta segunda-feira (19) Mursi foi acusado de incitação à violência, em um novo caso, que se soma às acusações anteriores.

Deposto da presidência do Egito por um golpe de estado, Mursi está detido há mais de um mês em local não revelado. Desde sua saída forçada do poder, em 3 de julho, o Egito vive uma onda de protestos contra e a favor da junta militar que governa o país.

Há uma semana, aconteceram controntos entre as forças de segurança e manifestantes ligados à Irmandade Muçulmana, grupo político de Mursi. O resultado foi um saldo de pelo menos 888 mortos e o decreto de um toque de recolher por um mês, o que valeu ao Egito críticas da comunidade internacional e o cancelamento de um exercício militar programado para outubro em parceria com os EUA.

Mubarak solto?

No mesmo dia em que a promotoria egípcia ordena a prorrogação da prisão de Mursi, o advogado do ex-presidente Hosni Mubarak afirmou que ele sairá da prisão nos próximos dias. 

"Ele (Mubarak) deve ser solto até o fim da semana. O que ainda falta é um procedimento administrativo que não deve levar mais de 48 horas", disse Fareed el-Deeb ao jornal britânico "The Guardian". Segundo o responsável pela defesa de Mubarak, as autoridades mandaram soltá-lo após absolvê-lo de uma acusação de corrupção. A agência "Reuters" ouviu autoridades judiciais que disseram que o caso de Mubarak será julgado nos próximos dias, mas não confirmaram sua soltura.

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Mubarak, 85, renunciou ao cargo de presidente em fevereiro de 2011, após 18 dias de protestos pedindo sua saída do poder. O ditador foi preso em março de 2011 e, em junho de 2012, condenado à prisão perpétua. A defesa recorreu e o recurso ainda não foi julgado.

Segundo as autoridades, porém, pela lei do país Mubarak não pode continuar detido por mais de dois anos no aguardo da sentença. Se for mesmo solto nesta semana, Mubarak encontrará o Egito imerso em uma onda de violência comparável ao clima no país quando dos protestos que pediam sua renúncia, em 2011.  

No mais recente, pelo menos 25 policiais egípcios morreram e dois ficaram feridos em um ataque com foguetes contra dois micro-ônibus no Sinai, nesta segunda-feira (19).

Após o ataque, o governo egípcio fechou a passagem de Rafah com a Faixa de Gaza. O ministério do Interior atribuiu a ação a "terroristas". Na quinta-feira passada (15), o Egito fechou a fronteira indefinidamente para evitar o trânsito de palestinos, mas reabriu parcialmente no sábado para permitir a passagem de veículos com medicamentos para Gaza.

O ataque contra as forças de segurança é o mais violento na região em décadas.

A matança do Exército foi alvo de críticas da comunidade internacional e levou a uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que pediu o fim da violência no país. Os EUA cancelaram um exercício militar conjunto entre os dois países, que aconteceria em setembro. A Alemanha cancelou parte de um pacote milionário que enviaria ao Egito, e a União Europeia diz que pretende rever relações com o Cairo.