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Roger Pinto corria risco de vida em La Paz, diz senador brasileiro

Senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) (dir.) cumprimenta o senador boliviano Roger Pinto em seu asilo político na embaixada brasileira na Bolívia - Adriano Kakazu
Senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) (dir.) cumprimenta o senador boliviano Roger Pinto em seu asilo político na embaixada brasileira na Bolívia Imagem: Adriano Kakazu

Do UOL, em Brasília

26/08/2013 13h13

O presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), disse na manhã desta segunda-feira (26) à Rádio Senado que o senador oposicionista boliviano Róger Pinto Molina tem direito a asilo político no Brasil porque estava sendo perseguido pelo governo do seu país e submetido a condições desumanas. O próprio Molina virá ao Senado nesta terça-feira (27) para relatar o drama que viveu durante 465 dias em um quartinho da embaixada brasileira em La Paz, depois de acusações mútuas entre ele e o governo de Evo Morales.

"O senador Molina estará à disposição da imprensa brasileira para responder a quaisquer questionamentos", anunciou Ferraço, ao ser ouvido pelo programa Conexão Senado. A entrevista coletiva do parlamentar boliviano está marcada para esta terça, às 15h, na sala 7 da Ala Alexandre Costa.

O líder da oposição desembarcou à 1h10 deste domingo (25) no aeroporto internacional de Brasília acompanhado por Ferraço. Ele deixou La Paz em um carro da embaixada brasileira e viajou 1.600 quilômetros até Corumbá (MS), por autorização do chefe de chancelaria, ministro Eduardo Saboia, que substitui temporariamente o embaixador Marcel Biato.

Entenda o caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto

  • Arte/UOL

    28.mai.2012 - Durante encontro com embaixador, o senador boliviano Roger Pinto, da oposição ao presidente Evo Morales, pede asilo político ao Brasil
    8.jun.2012 - O governo brasileiro concede asilo e é criticado por Evo Morales dias depois
    19.jul.2012 - Governo boliviano sobe o tom e acusa o embaixador brasileiro de fazer "pressão"
    2.mar.2013 - Um acordo bilateral decide criar uma comissão para analisar o caso de Roger Pinto
    17.mai.2013 - O advogado do senador pede que o Supremo Tribunal Federal pressione o Itamaraty
    23.ago.2013 - Por volta das 15h, saem da embaixada brasileira em La Paz Roger Pinto, o diplomata brasileiro Eduardo Sabóia e dois fuzileiros navais, em dois carros diplomáticos oficiais. Eles percorrem mais de 1.500 km por terra em uma viagem de mais de 22 horas
    24.ago.2013 - Na tarde deste sábado, os carros chegam a Corumbá, no Mato Grosso do Sul e, à noite, pegam um jatinho de um empresário amigo do senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES) rumo a Brasília
    25.ago.2013 - Roger Pinto, Ferraço e Sabóia chegam a Brasília

Molina denunciou o envolvimento de autoridades bolivianas com o narcotráfico e é por elas acusado de corrupção e crime ambiental. Ele estava asilado na embaixada brasileira na Bolívia desde 28 de maio de 2012, em condições psicológicas muito ruins.

"Quando recebi o comunicado do ministro Eduardo Saboia de que Molina corria o risco de vida, não tive efetivamente outra iniciativa, porque não sei ser omisso quando um semelhante passa por uma dificuldade como essa.  Foi um ato de solidariedade humana", contou o parlamentar brasileiro.

Em nota divulgada no domingo, o Ministério das Relações Exteriores informou que abrirá inquérito para apurar a saída de Molina, e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis. O governo boliviano também informou que irá apurar o caso.

Na opinião do senador pelo Espírito Santo, as autoridades diplomáticas bolivianas e brasileiras estão fazendo "tempestade em copo d'água". Ele lembrou que durante reunião da Cúpula Mercosul realizada em julho, os presidentes dos países membros do bloco regional aprovaram um documento determinando que os estados membros não podem “impedir a implementação” do direito de asilo.

"Asilo político é ato de soberania nacional. O  governo federal concedeu asilo político [a Molina] há mais de um ano. O que é inexplicável é que o governo da Bolívia não tenha concedido salvo-conduto para que ele pudesse deixar o país. Por isso eu não vejo razão para crise. A crise se daria se esse senador, em profunda depressão, pudesse definhar e morrer na embaixada", argumentou o presidente da CRE. 

A comissão deverá em breve ouvir o ministro Eduardo Saboia sobre o assunto. (Com Agência Senado)