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Diplomata envolvido na fuga de senador boliviano volta aos trabalhos no Itamaraty

Carolina Sarres

Da Agência Brasil, em Brasília

02/10/2013 12h57

O diplomata Eduardo Saboia, que participou da retirada do senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz, capital da Bolívia, voltou ao trabalho no Itamaraty na terça-feira (1º).

De acordo com a assessoria de imprensa do Itamaraty, Saboia passou a atuar como assessor do diretor do Departamento de Assuntos Financeiros e Serviços do ministério.

O parlamentar boliviano foi trazido para o Brasil no final de agosto, em operação organizada por Saboia, então encarregado de Negócios Estrangeiros do Brasil na Bolívia, o que desencadeou uma crise diplomática. Como resultado, o então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado.

Entenda o caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto

  • Arte/UOL

    28.mai.2012 - Durante encontro com embaixador, o senador boliviano Roger Pinto, da oposição ao presidente Evo Morales, pede asilo político ao Brasil
    8.jun.2012 - O governo brasileiro concede asilo e é criticado por Evo Morales dias depois
    19.jul.2012 - Governo boliviano sobe o tom e acusa o embaixador brasileiro de fazer "pressão"
    2.mar.2013 - Um acordo bilateral decide criar uma comissão para analisar o caso de Roger Pinto
    17.mai.2013 - O advogado do senador pede que o Supremo Tribunal Federal pressione o Itamaraty
    23.ago.2013 - Por volta das 15h, saem da embaixada brasileira em La Paz Roger Pinto, o diplomata brasileiro Eduardo Saboia e dois fuzileiros navais, em dois carros diplomáticos oficiais. Eles percorrem mais de 1.500 km por terra em uma viagem de mais de 22 horas
    24.ago.2013 - Na tarde deste sábado, os carros chegam a Corumbá, no Mato Grosso do Sul e, à noite, pegam um jatinho de um empresário amigo do senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES) rumo a Brasília
    25.ago.2013 - Roger Pinto, Ferraço e Saboia chegam a Brasília
    26.ago.2013 - O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, deixa o cargo

Desde o episódio, Eduardo Saboia estava "em trânsito" --período em que um diplomata fica afastado de suas funções quando troca de posto.

Nesse período, um processo de sindicância no ministério foi instaurado para apurar o caso. Saboia é acusado de quebra de hierarquia, o que a defesa nega. O resultado será conhecido até o final de outubro. O processo tramita em sigilo.

Pinto Molina, que faz oposição ao governo do presidente Evo Morales, ficou quase 15 meses abrigado na embaixada em La Paz, desde que pediu asilo político ao Brasil.

O parlamentar precisava de um salvo-conduto para deixar o que país, o que era negado pelas autoridades bolivianas, sob o argumento de que o parlamentar responde a processos judiciais no país.

O parlamentar é classificado como um “delinquente comum” pelo governo boliviano. O senador alega que é perseguido político e nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, ele é alvo de mais de 20 processos.

O retorno de Saboia ao trabalho foi autorizado no mês passado, após pedido encaminhado pelos advogados do diplomata.

A defesa pediu ainda acesso aos e-mails, telegramas e notas trocadas entre a Embaixada do Brasil na Bolívia, o Itamaraty e a Presidência da República. A relação de documentos é extensa e mantida pela comissão em caráter sigiloso.