Julgamento de ex-presidente Mursi começa com protestos no Egito
O presidente deposto do Egito Mohamed Mursi começou a ser julgado nesta segunda-feira (4) por "incitação ao assassinato" de sete manifestantes em frente ao palácio presidencial. Manifestantes pró-Mursi protestam enfrente ao local do julgamento.
Mursi é processado junto com outros 14 dirigentes da Irmandade Muçulmana --organização islâmica da qual faz parte o ex-presidente-- pelos incidentes ocorridos nos arredores do palácio presidencial de Itihadiya em 5 de dezembro de 2012.
Caso seja considerado culpado, Mursi pode ser condenado à pena de morte ou prisão perpétua.
O primeiro chefe de Estado eleito democraticamente no Egito, que ficou apenas um ano no poder, foi mantido em detenção pelo exército em um local secreto desde sua destituição, em 3 de julho.
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Mursi foi levado de helicóptero até o local do julgamento, a Academia de Polícia, ao lado da penitenciária de Tora, nos arredores do Cairo, onde estão detidos os principais líderes da Irmandade Muçulmana.
o movimento islamita de Mursi que foi duramente reprimido pelas novas autoridades militares após o golpe de Estado de 3 de julho.
Protestos
A polícia egípcia jogou gás lacrimogêneo contra centenas de partidários de Mursi reunidos em frente à sede do tribunal que o julga.
Fontes de segurança no local informaram à agência de notícias Efe que as forças de segurança usaram o gás para dispersar os manifestantes que impediam a passagem na entrada da Academia da Polícia.
Um total de 20 mil soldados da polícia e das Forças Armadas foram deslocados para os arredores do tribunal, diante do temor de que os protestos convocados pelos partidários de Mursi derivem em distúrbios.
Kerry visita o Egito
No domingo (3), em visita ao Egito, o secretário de Estado americano, John Kerry, pediu eleições livres e justas no país.
Kerry se reuniu com o presidente interino, Adly Mansur, e com novo líder do país, o chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sissi, para analisar os planos de transição dos militares, que preveem um referendo sobre uma nova Constituição - que está sendo redigida - e eleições legislativas e presidenciais antes de meados de 2014.
O secretário de Estado pediu às autoridades egípcias eleições livres, justas e que incluam todas as partes", enquanto prossegue uma repressão sangrenta à Irmandade Muçulmana, confraria à qual Mursi pertence.
"Ele insistiu ainda sobre o fato de que o estado de emergência, que expira em 14 de novembro, não deve ser prorrogado", declarou à imprensa um funcionário do departamento de Estado que viaja com Kerry.
O secretário de Estado destacou que "a repressão em curso é inapropriada" e que as autoridades egípcias devem "estender a mão à Irmandade Muçulmana e a outros" grupos que apoiam Mursi.
Kerry apelou ainda às autoridades para que protejam os direitos humanos e as liberdades.
O secretário de Estado chegou ao Cairo na véspera do julgamento de Mursi, com o objetivo de fortalecer os laços entre Washington e Egito, aliados de longa data, mas em crise desde o golpe contra o primeiro presidente democraticamente eleito e a repressão a seus partidários.
"Nos comprometemos a trabalhar em conjunto e continuar nossa cooperação com o governo interino", declarou Kerry aos jornalistas. "Os Estados Unidos são amigos dos egípcios e do Egito, e somos parceiros".
Desde o golpe militar, Washington congelou parcialmente a sua ajuda, exacerbando a "fase crítica" em suas relações bilaterais, segundo a diplomacia egípcia.
Os Estados Unidos apoiaram durante três décadas a presidência do predecessor de Mursi - Hosni Mubarak, derrubado por uma revolta popular no início de 2011 - fazendo do país árabe mais populoso seu grande aliado para tentar manter a estabilidade na região. (Com AFP e Efe)
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