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Obama chora ao anunciar plano que restringe armas de fogo nos EUA

Do UOL, em São Paulo

05/01/2016 16h24Atualizada em 05/01/2016 18h55

O presidente norte-americano, Barack Obama, se emocionou em um discurso nesta terça-feira (5), em Washington, ao anunciar um programa para tentar reduzir o número de tragédias com armas de fogo no país.

As medidas se concentram em aumentar as verificações de antecedentes de pessoas que querem comprar armas de fogo pela internet e em feiras de armas. A iniciativa de Obama tem como objetivo dificultar a venda para pessoas com histórico criminal ou doenças mentais e não se trata de uma nova lei, mas sim do esclarecimento de uma legislação já existente sobre os controles de antecedentes dos interessados em adquirir armas de fogo.

Já na parte final do discurso, ao citar alguns massacres ocorridos em lugares públicos nos Estados Unidos, Obama foi às lágrimas.

“De colegiais em Columbine a alunos da primeira série em Newtown. E de todas as famílias que nunca imaginaram que uma pessoa querida seria tirada de suas vidas pela bala de uma arma de fogo”, declarou o presidente, que em seguida colocou pressão no Congresso. A Casa é dominada atualmente pelos republicanos, historicamente contrários ao controle do acesso a armamentos nos EUA.

“Precisamos de um Congresso corajoso o suficiente para peitar as mentiras de quem faz lobby pelas armas. Todos precisam se levantar e proteger os cidadãos. Tudo que precisamos é exigir que governadores, legisladores e empresários façam suas partes para tornar nossas comunidades mais seguras.”

Obama acusou a indústria armamentista de fazer o Congresso de refém. "O lobby das armas pode ter o Congresso como refém, mas não pode ter a América", afirmou.

Checagem mais apurada

Atualmente, a investigação sobre antecedes de compradores de armas deve ser feita apenas por lojas físicas, já que a legislação vigente permite que comerciantes que vendem armas em feiras e páginas na internet escapem dessa obrigação. A partir de agora, todos terão de cumprir a norma e obter uma licença para operar nesse mercado.

"Um estudo recente descobriu que uma em cada 30 pessoas que querem comprar armas em um site possui histórico criminal", declarou Obama.

Segundo o mandatário, mais de 30 mil norte-americanos morrem todos os anos em incidentes envolvendo armas de fogo. "Nós somos o único país desenvolvido na Terra que vê esse tipo de violência em massa acontecer com tanta frequência", ressaltou.

Seu plano também prevê a melhora dos tratamentos de doenças mentais e sua interligação com o sistema de checagem de antecedentes, além do incremento nas equipes de verificação técnica do FBI, a polícia federal norte-americana.

Associação pró-armas rebate e diz que medidas são “distração”

A NRA (Associação Nacional do Rifle, na sigla em inglês), principal organização pró-armas de fogo nos Estados Unidos, divulgou uma nota acusando Obama de praticar “retórica política” e “distrair a atenção” do que a entidade chamou de “falta de estratégia coerente” para garantir a segurança dos americanos em relação ao terrorismo.

“Os americanos não precisam de mais discursos emocionantes e condescendentes que ignoram completamente os fatos. Os homens e mulheres da NRA não ficam atrás de ninguém no que diz respeito a manter a segurança de nossas comunidades. O fato é que as propostas de Obama não teriam prevenido nenhum desses atos horríveis que ele mencionou”, diz a entidade. (Com agências internacionais)

Estados Unidos têm, em média, uma arma de fogo por habitante

AFP