Na rota do furacão, brasileiras fogem da Flórida sem destino certo
O alerta pela passagem do furacão Irma fez a psicóloga brasileira Erika Petersen e suas filhas deixarem a região de Tampa, na Flórida (EUA), no sábado (9), quando as notícias de que a área seria atingida pelo olho do furacão se intensificaram. Neste domingo (10), os meteorologistas mudaram o prognóstico, dizendo que os efeitos devem ser mais fortes em uma cidade próxima, São Petersburgo.
Erika e suas filhas pegaram a estrada rumo ao norte e hoje estão em Tallahassee, a cerca de 400 quilômetros de Tampa, mas devem continuar a seguir em direção ao norte. “Até demos sorte, as estradas estavam bem tranquilas [no dia anterior, houve congestionamento nas rodovias]. A gente vai indo para o norte, chegamos a pensar em ir para Nova Orleans”, disse a psicóloga, falando sobre uma viagem de mais 800 quilômetros. O novo destino ainda será definido.
Elas estão preparadas para enfrentar um eventual desabastecimento na região com água e comida enlatada, mas têm encontrado mercados funcionando normalmente nessa região.
A maior dificuldade das três é encontrar hotéis que também recebam um cachorro, uma tartaruga e uma salamandra [esta, da escola da filha mais velha]. “Nós vamos procurando. Isso foi o que mais deu trabalho”, conta.
Cidade ficou vazia
“Agora, a gente está só acompanhando, mas preocupados com o pessoal que ficou”. Segunda ela, ainda é possível conversar por telefone e via internet com quem ficou, porém, existe o temor do que o furacão pode causar.
Em Tampa, o cenário é de uma cidade vazia. A população se abriga em estádios e escolas. A Universidade de Tampa, onde Erika faz curso de mestrado, é uma das instituições que têm recebido cidadãos. Ela suspendeu suas atividades desde a última quinta-feira (7) para se preparar para o furacão.
A psicóloga vive nos Estados Unidos desde julho do ano passado. Ela chegou a pegar um alerta semelhante ao de agora sobre o furacão em seus primeiros meses no país, “mas só teve uma chuva muito fraca”, lembra. “A gente estava muito tranquilo. Todo mundo achando que ia ser um [clima de] feriado, como no ano passado”.
Maior intensidade
Ao atingir o arquipélago de Florida Keys com ventos de 215 km/h, na manhã deste domingo (10), o furacão Irma, o mais potente registrado no Atlântico até hoje, recuperou intensidade, sendo classificado na categoria 4, de 5 possíveis na escala Saffir-Simpson, pelo NHC (sigla em inglês para Centro Nacional de Furacões). Mais de um milhão de pessoas estão sem luz.
O furacão Irma, que deixou um rastro de destruição no Caribe e já teria feito três vítimas fatais na Flórida, se encontra 30 quilômetros ao leste-nordeste de Key West e se desloca a uma velocidade de 13 quilômetros por hora.
O NHC alertou que não se deve sair à rua mesmo que diminuam os ventos quando passar o olho do furacão, pois os "ventos perigosos voltarão muito rapidamente", quando o centro do ciclone se afastar.
Inundação e queda de árvores
A força dos ventos e as copiosas chuvas geradas pelo furacão já fizeram estragos em Miami, onde há ruas inundadas e árvores caídas. As ruas, totalmente vazias, eram iluminadas pela intensidade dos numerosos raios e o forte vento era percebido nos edifícios da cidade, que recebiam o impacto de objetos que saíam voando devido às fortes sequências.
Conforme a ponta norte da tempestade atingia o arquipélago de Florida Keys, as chuvas e o vento interromperam o fornecimento de energia para cerca de 600 mil casas e empresas, de acordo com as fornecedoras de serviços públicos. O Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) prevê ondas provocadas pela tempestade de até 4,6 metros em algumas parte da costa.
Rota
As previsões mais recentes apontam que o Irma pode passar pela costa da Flórida mais a oeste que se pensava, o que poderia manter o devastador olho do ciclone sobre as águas quentes do Golfo do México. Essa mudança de trajetória pouparia assim uma devastação maior no sudoeste do estado.
A mudança de curso do Irma levou a uma evacuação de última hora na área da cidade de Tampa. Praticamente toda a costa do estado permaneceu sobre o alerta do furacão, e as últimas projeções também podem vir a mudar, poupando ou devastando outras partes da Flórida.
Segundo os meteorologistas, o furacão poderia chegar à Baía de Tampa, no sudoeste da Flórida, na segunda-feira pela manhã.
Desde 1921, a área não foi atingida por um ciclone de maiores proporções. Na época, a população da área era de 10 mil habitantes. Hoje, moram ali 3 milhões de pessoas, informou um porta-voz do Centro Nacional de Furacões.
O governador pôs em prontidão todos os 7 mil membros da Guarda Nacional da Flórida, como também 30 mil guardas de outras partes do país. A tempestade é considerada muito perigosa. Os especialistas preveem chuvas torrenciais, enchentes e tornados.
Em seu caminho pelo Caribe, o Irma provocou devastação e a morte de ao menos 25 pessoas. Devido à sua imensa superfície e sua trajetória sobre a península da Flórida, o Irma pode se tornar um dos furacões mais devastadores a atingir o estado desde 1992, quando o Andrew destruiu ou causou danos em mais de 125 mil casas, provocando a morte de ao menos 40 pessoas.
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