Qual é "toda a capacidade militar" que Trump ameaça usar contra a Coreia do Norte?
Marcelo Freire
Do UOL, em São Paulo
07/11/2017 17h49
Em visita à Coreia do Sul, o presidente norte-americano, Donald Trump, fez novas ameaças ao regime norte-coreano e disse que os Estados Unidos estão preparados para usar toda sua capacidade militar em um eventual conflito. Mas qual o tamanho desse poderio norte-americano?
Os Estados Unidos são a maior potência militar do mundo, lugar estabelecido no topo do ranking da entidade Global Firepower, que mede a força militar dos países de acordo com a quantidade, qualidade e diversidade dos instrumentos que cada um dispõe.
As Forças Armadas norte-americanas (Força Aérea, Marinha e Exército) possuem maior quantidade de algumas das armas militares mais potentes do mundo: porta-aviões (11, além de 8 porta-helicópteros), aeronaves militares (cerca de 13.800) e helicópteros de ataque (947), muito à frente das outras potências militares do mundo.
Rússia e China, por exemplo, segunda e terceira colocadas no ranking, têm apenas um porta-aviões e cerca de 3.000 aeronaves militares, longe também no número de helicópteros de ataque (490 russos e 206 chineses).
Os EUA também são o segundo país com mais militares na ativa (com 1,3 milhão, está atrás da China, que tem 2,2 milhões) e o terceiro com maior número de tanques de combate (5.800; a Rússia é a líder absoluta, com 20.200, e a China está em segundo, com 6.400 unidades), de acordo com a Global Firepower.
Essa estrutura toda fica escancarada no orçamento militar dos EUA para 2017: US$ 587 bilhões, mais que o triplo do valor que a China, a segunda no ranking, separou para o ano (US$ 161 bilhões).
Além disso, os EUA ainda possuem o segundo maior arsenal nuclear do mundo, atrás apenas da Rússia, com cerca de 4.000 armas nucleares operacionais hoje.
De prontidão na península coreana
A presença dos Estados Unidos nos arredores da península coreana é histórica, remetendo aos tempos de Segunda Guerra Mundial, quando o país ocupou o Japão e a Coreia do Sul. Hoje, as Forças Armadas norte-americanas contam com um contingente de 63 mil militares nestes dois países, além de pelo menos três porta-aviões e dezenas de embarcações como submarinos, destroieres e cruzadores.
Na Coreia do Sul, os EUA possuem mais de 300 tanques posicionados para um possível enfrentamento contra o regime de Kim Jong-Un. Além do respaldo de um escudo antimísseis THAAD, que intercepta os mísseis durante o voo.
Próximo à região, no Pacífico, os norte-americanos ainda contam com forte presença na ilha de Guam, constantemente ameaçada de bombardeio pela Coreia do Norte, e no Havaí, Estado norte-americano mais perto da península.
Hoje a unidade militar que atua na região é o Comando Pacífico das Forças Armadas, baseado no Havaí, responsável por uma área que inclui Índia, China, Sudeste Asiático, Oceania, Japão, Coreias e as outras ilhas do Pacífico. A divisão conta com 375 mil militares e civis, 200 navios e mais de 1.000 aeronaves.
E a Coreia do Norte?
A grande ameaça norte-coreana gira em torno de seu potencial nuclear. A possibilidade de bombardear a Coreia do Sul, o Japão ou um território americano como Guam ou Havaí --e a perspectiva de desenvolver um míssil balístico que alcance grandes cidades na costa oeste do país, como Los Angeles-- é a principal aposta de Kim Jong-Un para permanecer como preocupação central dos norte-americanos.
Em termos de estrutura de defesa, no entanto, a Coreia do Norte não é uma grande potência. Segundo o ranking da Global Firepower, ela aparece como a 23ª nação de maior força militar.
Além da liderança mundial em quantidade de submarinos, o regime tem como destaque o número de soldados na ativa - 945 mil, sendo que apenas 25 milhões de pessoas moram no país - e tanques (cerca de 5.000). O regime não tem porta-aviões e possui apenas 944 aeronaves militares.