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Em Pyongyang, secretário dos EUA diz que norte-coreanos merecem "todas as oportunidades"

Mike Pompeo é recebido pelo oficial norte-coreano Kim Yong-chul ao desembarcar em Pyongyang - AFP PHOTO / POOL / Matthew LEE
Mike Pompeo é recebido pelo oficial norte-coreano Kim Yong-chul ao desembarcar em Pyongyang Imagem: AFP PHOTO / POOL / Matthew LEE

Do UOL, em São Paulo

09/05/2018 09h12

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, se reuniu nesta quarta-feira (9) com autoridades norte-coreanas em Pyongyang, inclusive Kim Jong-un, para tratar do encontro do presidente Donald Trump com o ditador e negociar a libertação dos três americanos que estavam presos no país - eles foram soltos e já estão no avião rumo a Washington

Pompeo foi recebido pelo chefe de relações internacionais da Coreia do Norte, Kim Yong-chol, a quem chamou de "parceiro", apesar de o norte-coreano estar na lista de sancionados pelo governo dos EUA por sua participação no programa nuclear do regime.

"Fomos adversários por décadas, e agora podemos trabalhar juntos para resolver esse conflito, acabar com as ameaças e ajudar o seu país ter todas as oportunidades que a população merece", disse Pompeo a Kim Yong-chol no hotel Koryo, onde a delegação norte-americana está hospedada em Pyongyang. "Há muitos desafios pelo caminho. Mas você tem sido um grande parceiro no trabalho que estamos fazendo para que nossos líderes tenham uma cúpula bem-sucedida."

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Segundo o jornal The Washington Post, que acompanhou o encontro, Kim Yong-chol se mostrou "efusivo", dizendo a Pompeo e à delegação norte-americana que Pyongyang estava em uma época propícia para visitas, tanto pelo clima da primavera quanto pela 'boa atmosfera' estabelecida pelo país com a Coreia do Sul.

"Tudo está bem em Pyongyang agora", disse o norte-coreano, afirmando que o "progresso econômico" era o foco do seu país. Ele também deu um recado indireto a Trump, que afirmou que o diálogo com o regime é consequência do discurso 'linha dura' do presidente americano contra o regime Kim.

"Isso [progresso norte-coreano] não é resultado das sanções impostas pelos outros países", afirmou Kim Yong-chol. "Espero que os EUA também fiquem felizes com nosso sucesso. Tenho grandes expectativas de que os EUA terão um papel grande no estabelecimento da paz na península coreana", disse ele antes de brindar com Pompeo. "A delegação americana está igualmente comprometida em trabalhar com você para atingir isso", respondeu o secretário de Estado dos EUA.

Pompeo também se encontrou com Kim Jong-un por uma hora e meia e ambos acertaram o local e a data para o encontro entre o líder do regime e Trump - ela será anunciada nos próximos dias, segundo o secretário de Estado. Pompeo ficou por cerca de 13 horas em território norte-coreano. 

"Tive reuniões produtivas em Pyongyang com o líder Kim Jong-un e obtivemos progresso. Estou feliz por trazer para casa três americanos", escreveu o secretário de Estado no Twitter horas depois de deixar o país.

Viagem

A segunda visita de Pompeo, recentemente indicado para a chefia da diplomacia norte-americana, à Coreia do Norte ocorreu de forma repentina. Segundo a agência Associated Press, os dois jornalistas que acompanham a visita foram avisados da decolagem apenas quatro horas antes. Ela foi anunciada por Trump no mesmo discurso em que ele declarou que os EUA estavam saindo do acordo nuclear com o Irã.

Na agenda estava também a libertação de Kim Dong-chul, Kim Sang-duk e Kim Hak-song, que estavam presos no país. A notícia de que eles estavam no avião rumo a Washington, com Pompeo, foi anunciada por Trump no Twitter. "Tenho prazer em informar que o secretário de Estado Mike Pompeo está voltando da Coreia do Norte com três cavalheiros maravilhosos que todos estão querendo conhecer. Eles parecem estar em boas condições de saúde", escreveu Trump. 

O otimismo em torno do encontro histórico dos líderes das duas nações antagônicas esfriou após a decisão da Casa Branca de retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã. A medida poderá aumentar a desconfiança norte-coreana em relação a possíveis promessas americanas de remover sanções em troca da desnuclearização do país.

Os demais signatários do acordo com o Irã – Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha – e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmam que Teerã vinha cumprindo com suas obrigações previstas no pacto. Os detalhes sobre um tratado semelhante com a Coreia do Norte ainda estão sendo discutidos.

"Achamos que as relações estão sendo construídas com a Coreia do Norte", disse Trump. "Veremos como isso funcionará. Talvez não funcione. Mas poderá ser algo excelente para a Coreia do Norte, Coreia do Sul e para todo o mundo."

Antes do encontro com Trump, Kim Jong-un iniciou uma reaproximação histórica com a Coreia do Sul ao se reunir com o presidente Moon Jae-in na fronteira, abrindo o caminho para uma série de acordos bilaterais. Nas últimas semanas, Kim esteve duas vezes na China para se encontrar com o presidente Xi Jinping e reforçar os laços com um de seus principais aliados. (Com agências internacionais)