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Estudante sueca impede deportação de afegão ao se recusar a se sentar durante voo

Elin Ersson chora ao impedir afegão de ser deportado da Suécia - Reprodução/Facebook
Elin Ersson chora ao impedir afegão de ser deportado da Suécia Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

25/07/2018 11h02Atualizada em 27/07/2018 12h58

Uma estudante a bordo de um avião no aeroporto de Gotemburgo impediu a deportação de um afegão requerente de asilo, de 52 anos, na Suécia. A jovem Elin Ersson se recusou a se sentar até que o homem fosse retirado da aeronave. As informações são dos jornais "Guardian" e "Washington Post". 

A jovem, que diz ser estudante de serviço social na Universidade de Gotemburgo em sua página no Facebook, comprou uma passagem do voo da cidade sueca para a Turquia após descobrir, com outros ativistas, que o afegão seria deportado naquele avião.

Assim que entrou na aeronave, Ersson começou a transmitir ao vivo seu ato de desobediência civil, por uma rede social. O vídeo já foi visto por mais de 3 milhões de pessoas.

Ersson chegou a enfrentar a hostilidade de passageiros, preocupados com o atraso do voo. Mesmo assim, a jovem foi simpática e manteve a compostura.

"Não quero que a vida de um homem seja tirada só porque vocês não querem perder seu voo. Eu não vou me sentar até que esta pessoa seja retirada do avião", disse.

Apesar do pedido de um comissário de bordo para que parasse de filmar, Ersson afirmou que estava fazendo de tudo para salvar a vida de uma pessoa.

"Enquanto uma pessoa estiver em pé, o piloto não pode decolar. Tudo o que eu quero fazer é parar uma deportação e, então, vou cumprir as regras daqui. Isso tudo é perfeitamente legal e eu não cometi um crime", afirmou no voo.

O comissário chega a dizer que o voo tinha Istambul, na Turquia, como destino e que, somente lá, as autoridades iriam decidir o futuro do requerente de asilo.

Um passageiro chega a tentar tirar o celular das mãos de Ersson que tentou argumentar com o homem.

"O que é mais importante? Uma vida ou seu tempo? Quero que ele saia do avião porque não está seguro no Afeganistão. Estou tentando mudar as regras do meu país. Não gosto delas. Não é certo mandar as pessoas para o inferno", disse.

Ersson chega a começar a chorar quando nota que um time de futebol, que estava sentado no fundo do avião, se levantou.

"Não sei se estão tentando ouvir o que digo, mas, enquanto estiverem em pé, esse voo não tem autorização para partir", afirmou.

Durante toda a filmagem, Ersson se preocupa em apenas mostrar seu rosto nas imagens, preocupada com as leis de privacidade da Suécia.

Após minutos de impasse, finalmente o afegão foi retirado do avião, sob aplausos dos passageiros. A Swedavia, empresa que administra o aeroporto de Landvetter, em Gotemburgo, confirmou que o requerente de asilo foi escoltado por três seguranças, seguido por Ersson.

Segundo a Deutsche Welle, autoridades suecas disseram que o afegão permanece preso e deve ser deportado em breve. Policiais também afirmaram que Ersson pode ter de responder processo por desobedecer as ordens de um piloto dentro de um avião. Segundo a agência de notícias alemã, ela pode ser multada e enfrentar até seis meses de prisão.

Neste mês, um outro afegão havia sido retirado de um voo ao protestar a bordo. O governo sueco chegou a interromper a deportação de afegãos depois que talibãs atacaram um hotel em Cabul, em janeiro. No entanto, o Conselho de Imigração sueco avalia que o Afeganistão é um lugar seguro e que pode ser destino de requerentes de asilo cujos pedidos foram negados.

Em 2015, mais de 160 mil pessoas --incluindo 35 mil adolescentes-- chegaram à Suécia e solicitaram refúgio. A maior parte deles veio do Afeganistão. Apenas 28% conseguiram obter o status de refugiado.

A Suécia endureceu as leis de pedido de asilo e tem deportado cada vez mais requerentes. O assunto é um dos temas que tem pautado o debate eleitoral para a eleição de setembro no país.