Topo

Comitê aprova indicado por Trump para a Suprema Corte; presidente pede ao FBI que reabra investigação

27.set.2018 - Kavanaugh se defendeu das acusações de assédio em Comissão do Senado americano - Andrew Harnik/AFP
27.set.2018 - Kavanaugh se defendeu das acusações de assédio em Comissão do Senado americano Imagem: Andrew Harnik/AFP

Do UOL, em São Paulo

28/09/2018 15h03Atualizada em 28/09/2018 19h05

A nomeação do juiz Brett Kavanaugh, indicado pelo presidente Donald Trump à Suprema Corte dos Estados Unidos, foi aprovada pelo Comitê Judiciário do Senado americano, responsável pela deliberação do caso, nesta sexta-feira (28).

Veja também:

Agora, o processo segue para votação no Senado, onde ainda deve ser votado pelos 100 senadores para, então, ser confirmado à Suprema Corte. Os republicanos, em maioria, possuem 51 membros na casa.

A votação no comitê do Senado, definida por 11 votos a favor e 10 votos contrários, aconteceu um dia depois da audiência na qual a professora Christine Blasey Ford declarou ter 100% de certeza que Kavanaugh tentou estuprá-la 36 anos atrás, quando tinham respectivamente 15 e 17 anos.

O resultado de hoje representa uma vitória para o presidente republicano Donald Trump, que tenta, com a nomeação, tornar a corte máxima do país mais conservadora.

Durante o processo de análise no comitê, mais duas mulheres acusaram Kavanaugh de "conduta sexual inadequada". Os depoimentos causaram divergência entre os próprios republicanos e três governadores do partido pediram que a votação fosse adiada até que todos os casos fossem devidamente investigados.

Caso seja aprovado pelo senado, a Suprema Corte norte-americana passaria a ter uma maioria conservadora. Kavanaugh substituiria, então, Anthony Kennedy, juiz responsável por decisões progressistas no campo social, como a legalização do casamento homossexual em 2015.

Estima-se que as posições de Kavanaugh sejam mais duras em relação a temas como a descriminalização do aborto.

Adiamento

Várias vozes pediram o adiamento da votação para que uma investigação conduzida pelo FBI pudesse esclarecer as acusações de Ford e outras duas mulheres sobre supostos comportamentos condenáveis do juiz. Tanto democratas quanto republicanos defendem a medida.

O senador republicano Flake Calls é um deles. Antes de pronunciar seu voto no comitê, ele disse que votaria para dar prosseguimento à indicação, mas pediu que a investigação fosse feita antes da palavra final do Senado, que já pode ocorrer na próxima semana.

Ele deu a entender que poderia votar contra o nome de Kavanaugh para a Suprema Corte se a recomendação não fosse aceita. "Este país está sendo partido aqui", disse acrescentando que os senadores deveriam ter certeza do que estavam votando.

Outra senadora republicana que se declarou favorável às investigações foi Lisa Murkowski. "Eu apoio que o FBI tenha uma oportunidade de trazer um fim a isso tudo", disse.

A depender dos resultados das investigações, Murkowski e Flake poderiam votar contra a nomeação, colocando em risco a aprovação de Kavanaugh no senado.

Do lado dos democratas, o senador Joe Manchin, em um pronunciamento, defendeu a ideia do adiamento.

"Eu aplaudo a decisão do senador Jeff Flake de se erguer acima do circo partidário em exibição durante todo esse processo. O povo americano foi dividido por esse espetáculo e precisamos de tempo para encarar essas demandas independentemente, para que nosso país possa ter confiança no resultado dessa votação", declarou o senador.

Apoio de Trump e investigação

Indicado por Trump, Kavanaugh teve o apoio do presidente até o fim. Falando à jornalistas após a votação do comitê, o presidente americano disse que devem fazer "o que for necessário" no que diz respeito a abrir uma investigação sobre as alegações de assédio que pesam sobre o juiz: "Eu vou deixar o Senado lidar com isso. Eles tomarão suas decisões".

Em um tom conciliador, ele ainda disse que Ford parece ser uma mulher "muito boa" e que seu testemunho foi muito convincente. No entanto, isso não parece ter afetado seu julgamento sobre Kavanaugh.

Trumo ainda disse que ordenou ao FBI para que reabra a investigação sobre Kavanaugh para "atualizar " sua situação. "Eu ordenei ao FBI que conduza uma investigação suplementar para atualizar a ficha do juiz Kavanaugh. Como o Senado requisitou, essa atualização deve ser limitada em escopo e concluída em menos de uma semana", afirmou Trump. 

O que vai acontecer agora?

Ainda não se tem certeza sobre se o pedido de adiamento será respeitado, visto que esse é um caso sem precedentes na história dos Estados Unidos.

O senador republicano Lindsey Graham declarou que a votação no senado vai seguir em "não menos que uma semana", insistindo que tanto ele quanto Flake estão certos da inocência de Kavanaugh. "Jeff (Flake) estava tentando acomodar as pessoas do outro lado, trazer o comitê junto, se possível...ele é um cara muito legal. Uma semana vai ser o suficiente para ele, até menos. Não vamos ficar nesse jogo de abrir isso e continuar para sempre...", declarou o senador.

O comitê judiciário do Senado declarou que a verificação de antecedentes do FBI deverá ser limitada a "alegações atuais confiáveis" e que deve ser concluída em menos de uma semana.

Com Reuters